“Não se conhece completamente uma ciência enquanto não se souber da sua história.“
Auguste Comte (1798 – 1857)
Acabo de ler um livro que muito me impactou — talvez ler não seja o verbo adequado, pois “devorei” as páginas à medida que percebia o quanto o tema é importante para nós. Trata-se de Ciência, Intolerância e Fé, de Phillip E. Johnson1.
O livro faz uma abordagem séria e ao mesmo tempo acessível do conflito de fundo entre ciência e fé, mostrando que, mais do que ter respostas, é necessário aprender a fazer as perguntas corretas. Dessa forma, desmascara pressupostos tidos como “científicos”, mas que constituem crenças do materialismo ou naturalismo, e que, se não forem postos na mesa, dificultam a compreensão do que é crença e do que é ciência.
O autor faz uma hermenêutica da suspeita sobre pilares quase “sagrados” dos pressupostos, denunciando reducionismos tanto das ciências quanto das teologias. Ele convoca cientistas, teólogos e estudiosos das ciências humanas a repensarem os pressupostos que norteiam sua formação, convidando-os a encontrar os alicerces que podem embasar sua ciência e sua fé.
Para o materialismo, os pressupostos estão ancorados na crença — o autor explica o porquê de chamá-la assim — num início sobre partículas, dispostas ao acaso, e assim por diante. Phillip Johnson mostra a profunda racionalização oculta nesta assertiva e desmascara os mecanismos defensivos, como negação e ironia dos demais sistemas, usados para manter essa crença.
O autor amplia a compreensão científica de considerar o início do Universo sobre um relacionamento que Deus estabelece e a partir do qual Ele cria. Com muita propriedade e uma linguagem acessível, tece as consequências para a biologia, a psicologia e as demais ciências de se considerar esse pressuposto da teologia judaico-cristã e mostra que há motivos cientificamente aceitos para se atentar para essa hipótese.
Recomendo a leitura e a discussão de Ciência, Intolerância e Fé para:
Estudantes — desde o adolescente que estuda biologia, física, psicologia até o doutorando, pois todos são mergulhados em crenças materialistas, apresentadas de forma mesclada com as teorias científicas.
Profissionais e cristãos em geral — aqueles que entram em contato com a ciência, tanto pela mídia que a endeusa, como pela pesquisa acadêmica de ponta, e que por vezes se sentem sem condições de pensar logicamente e seguir crendo.
Pastores, teólogos e líderes de jovens — que queiram aprender a dialogar com gente que pensa e pergunta.
Phillip Johnson mostra que é possível, por meio da pesquisa e do pensamento científico sério, conhecer mais a Deus e louvá-lo pela sua criação.
Por Karin Helen Kepler Wondracek.
Publicado Ultimato Online em 23 de janeiro de 2023.
Nota:
- Philip E. Johnson formou-se na Universidade Harvard e na Escola de Direito da Universidade de Chicago. Foi assistente de Earl Warren na Corte Suprema dos Estados Unidos e professor de direito durante mais de 30 anos na Universidade da Califórnia. Escreveu vários livros sobre ciência e fé, entre eles Darvin on Trial, Reason in the Balance, Defeating Darwinism by Opening Minds e Objections Sustained.
Sumário da obra:
Prefácio
Introdução
1. O que a universidade fez com a minha religião
Como diferenciar a razão da racionalização?
2. O dilema da informação
A lei natural e o acaso podem criar a
informação genética?
3. A educação científica: uma controvérsia
A ciência pode ser defendida com métodos
impositivos?
4. Ciência e teologia modernista
A teologia oferece algum conhecimento?
5. O darwinismo da mente
O ser pensante, capaz de fazer escolhas,
é uma ilusão?
6. O império contra-ataca
Quais são os argumentos contrários ao
Projeto Inteligente
7. Construindo um novo fundamento para a
razão
E se começarmos com a Palavra?
8. Otimismo tecnológico e desespero literário
Como reparar a divisão no conhecimento?
Notas
Índice Onomástico
Nota da editoria:
Imagem de capa “DNA Scientific”, mais detalhes disponíveis em: https://br.pinterest.com/pin/477100154253444738/.
Confira, neste áudio, Olavo de Carvalho explanando brevemente sobre o alcance do conceito científico: