“Quem diz verdades perde amizades.”,
São Tomás de Aquino (1225 – 1274).
É muito frequente, frequente demais, que estudantes me façam perguntas ou comentários que revelam grande reprovação ao papel desempenhado pela Igreja na história da humanidade. Apegada aos bens, sequiosa de poder, guerreira, sanguinária, corrupta e devassa, ela teria cruzado os séculos fazendo exatamente o oposto daquilo para o que a instituiu Jesus. “Onde vocês aprenderam isso?”, indago com cada vez menor surpresa. E a resposta é sempre a mesma: “No colégio, ora”. E esse “colégio ora” é, não poucas vezes, uma instituição católica.
Trato de prolongar tais diálogos para repor a verdade: “O que vocês aprenderam sobre Constantino? Houve alguma aula a respeito do fim do Império Romano do Ocidente e o surgimento da Igreja como instituição central da civilização? O que foi ensinado sobre o Islã, Maomé, Omar? Sobre a tomada de Jerusalém, os persas, os oito séculos de investidas contra Bizâncio, a invasão da Península Ibérica? Alguém lhes mencionou os mil anos durante os quais o Ocidente sonhou com a restauração da unidade perdida em 476 d. C.?
Nada. As aulas a respeito das Cruzadas silenciaram sobre os avanços dos cavaleiros de Alá; as aulas sobre a Inquisição nunca referiram a heresia dos cátaros; os alunos jamais ouviram falar sobre os gigantes da Igreja medieval: Agostinho de Hipona, Leão Magno, Gregório Magno, Bonifácio, Tomás de Aquino, Francisco de Assis, Domingos, o colossal Bernardo, a admirável Catarina de Siena – para referir alguns entre centenas de santos e mártires. Nenhuma palavra dita a respeito dos grandes bispos e pontífices medievais, sobre reis e rainhas que chegaram à dignidade dos altares, sobre os hospitais, as escolas, as universidades, as bibliotecas, a vida monástica e a preservação da cultura e da fé.
Alguém pode explicar a mim, que aprendi a amar ainda mais a Igreja exatamente estudando História, como se pode produzir o avesso em escolas católicas? Por que alguns fatos negativos são pinçados e exibidos aos jovens, fora do contexto, sem causa e sem efeito, enquanto se lança no monturo do silêncio todo o imenso bem que ela, mãe e mestra, prestou e presta à civilização e à humanidade? Espero que, no Dia do Juízo esses mestres de pouco juízo não sejam avaliados na mesma balança com que, em aula, julgaram e sentenciaram a Igreja.
Escrito por Percival Puggina.
Publicado originalmente no website do autor, em 18 de janeiro de 2017.
Assista ao documentário no qual o historiador Thomas Woods expõe as bases do livro de sua autoria, intitulado: “Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental“.