“A liberdade não é filha nem só da razão nem só da vontade, mas de ambas. Não há liberdade sem razão, como não há liberdade sem vontade. Ela precisa do concurso de ambas as faculdades. (…) A vontade é apetite racional, isto é, um apetite guiado pela razão. Se não houver orientação da razão, não há liberdade e nem vontade, mas simplesmente instinto.”
Battista Mondin (1926 – 2015)
Décadas de trabalho de um antropólogo social da Universidade de Oxford demonstraram haver uma correlação direta entre a liberdade sexual desenfreada e a ruína das culturas. Isto foi observado há quase cem anos, muito antes de que a revolução sexual explodisse no mundo ocidental.
O trabalho de J. D. Unwin em seu tratado Sexo e cultura, de 1934, é presciente. Suas descobertas foram incrivelmente preditivas, sendo confirmadas pela história das nações ao longo das décadas seguintes.
Unwin observou que sempre que uma sociedade abandonava uma estrita castidade pré-nupcial, uma espécie de “entropia humana” — um declínio gradual à desordem — se estabelecia. A monogamia, a crença em Deus e o pensamento racional desapareciam dentro de três gerações após a virada rumo a maiores liberdades sexuais. Ele concluiu que as revoluções sexuais oferecem consequências devastadoras para a cultura e a civilização.
Este pesquisador de Oxford, que morreu em 1936, observou 86 sociedades e civilizações — dos antigos sumérios, babilônios e romanos às sociedades polinésia e micronésia, passando por tribos indígenas norte-americanas como Dakota, Hopi, Chickasaw e Crow — para determinar se havia alguma relação entre a liberdade sexual e o florescimento das culturas.
Por que a moralidade sexual pode ser muito mais importante do que você jamais imaginou
Em um longo texto intitulado Por que a moralidade sexual pode ser muito mais importante do que você jamais imaginou, o autor e palestrante cristão Kirk Durston destrinchou o massivo estudo de Unwin, conduzido ao longo de uma vida.
“Maiores contenções sexuais, pré ou pós-nupciais, sempre levaram ao maior florescimento de uma cultura”, enquanto “maiores liberdades sexuais sempre levaram ao colapso de uma cultura três gerações mais tarde”, explicou Durston. “A mais importante correlação com o florescimento de uma cultura era se a castidade pré-nupcial era ou não requerida.”
“A combinação mais poderosa era a castidade pré-nupcial somada à ‘monogamia absoluta’”, observou Durston. “As culturas que mantiveram esta combinação por ao menos três gerações superaram todas as outras em todas as áreas, incluindo literatura, arte, ciência, artesanato, arquitetura, engenharia e agricultura. Apenas 3 das 86 culturas estudadas atingiram este nível.”
“Quando a castidade pré-nupcial estrita deixava de ser a norma, a monogamia absoluta, o deísmo [religião] e o pensamento racional também desapareciam dentro de três gerações”, escreveu Durston. “E se a liberdade sexual total era abraçada por uma cultura, esta colapsava, dentro de três gerações, ao mais baixo estado de florescimento”, sendo geralmente conquistada por outra cultura de maior energia social.
Contradizendo a ciência e o pensamento racional com total apoio dos governos e da educação
Durston se pergunta: “Como estamos nos saindo, conforme adentramos a segunda geração desde nossa própria revolução sexual, no final do século XX?”. Suas conclusões revelam o quanto as descobertas de Unwin têm sido preditivas sobre o desenrolar do enfraquecimento das culturas americana e europeia, desde o início da revolução sexual:
- Como previsto, a monogamia absoluta já foi substituída por uma monogamia modificada. Relacionamentos de direito comum estão se tornando a norma. Embora o divórcio tenha surgido antes da década de 70, a maior parte da nossa cultura ainda mantinha a visão de que o casamento deveria ser para a vida toda, e os relacionamentos de direito comum eram vistos com algum desgosto. Isto claramente mudou. Aqueles que de fato praticam compromissos para a vida toda no casamento tornaram-se a minoria, com casais nascidos antes da revolução sexual mais propensos a manter esse tipo de compromisso no casamento.
- O deísmo [religião] já está declinando rapidamente, exatamente como previsto. Antes dos anos 60, uma combinação de racionalismo e crença em Deus era a norma para a cultura mainstream. Não apenas a crença em Deus diminuiu enormemente desde a década de 60, como tem havido um movimento para remover o conceito de Deus do governo, do sistema educacional e da vida pública. Aqueles que ainda creem em Deus sofrem uma forte pressão social para manter suas crenças deísticas [religiosas] privadas. Em seu lugar, há um surpreendente crescimento das superstições, classificadas por Unwin como uma cultura “monística”, dois níveis abaixo da cultura racionalista que tínhamos antes da revolução sexual. Tem havido também um grande aumento na porcentagem da população que se classifica como não religiosa, um sintoma do nível mais baixo das categorias de Unwin.
- A velocidade com que o pensamento racional declinou depois dos anos 70 é assustadora. Em seu lugar surgiu o pós-modernismo, caracterizado pelo “ceticismo, subjetivismo ou relativismo” e por uma “suspeita geral quanto à razão”. Mas piora… o pós-modernismo está dando lugar à “pós-verdade”. Em contraste direto ao pensamento racional, uma cultura pós-verdade abandona “padrões objetivos compartilhados para a verdade” e, em vez disso, ergue-se sobre apelos a sentimentos e emoções, e sobre aquilo em que cada um deseja acreditar. As pessoas agora podem “identificar-se” como algo que contradiz flagrantemente a ciência e a razão, e, em muitos casos, recebem total apoio e suporte dos governos e sistemas educacionais. As pessoas não apenas sentem que têm o direito de acreditar no que quiserem, mas qualquer desafio a esse direito, ainda que apoiado na verdade e na lógica, é visto como inaceitável e ofensivo.
“As três principais predições de Unwin — o abandono do racionalismo, do deísmo [religião] e da monogamia absoluta — estão todas bem encaminhadas”, observou Durston, “o que faz a predição última parecer crível: (…) o colapso da civilização ocidental na terceira geração, em algum momento do último terço deste século.”
As evidências da trajetória destrutiva da revolução sexual estão por toda parte, levando a um grande desenrolar cultural: o aumento de crianças nascidas fora do casamento e mais de 60 milhões de bebês indesejados abortados. Cada letra no acrônimo LGBT — movimento que continua sua ascensão na cultura popular e no poder político — representa um tipo peculiar de rejeição da ciência e da natureza visíveis na complementaridade entre homem e mulher. A definição imutável do casamento foi reduzida a pó, e agora “alguns homens têm colo do útero” e “algumas mulheres têm pênis”. O número de crentes religiosos diminuiu vertiginosamente, acompanhado de um correspondente aumento dos “nones”, aqueles que não têm qualquer fé. E agora, o caos — produto final da entropia — está crescendo substancialmente graças ao Antifa e outros grupos inclinados à anarquia.
As leis morais de Deus acerca da sexualidade nos protegem
A pesquisa de Unwin “fornece uma forte justificativa racional para a inferência de que as leis morais de Deus, a respeito de nossa sexualidade, embora possam nos restringir quanto a algum prazer imediato, nos protegem contra enormes sofrimentos a longo prazo, ao mesmo tempo em que maximizam nosso florescimento também a longo prazo”, concluiu Durston.
Por Doug Mainwaring.
Tradução: Daniel Marcondes.
Artigo original disponível em
lifesitenews.com/news/flashback-1930s-anthropologist-finds-sexual-hedonism-destroys-civilizations/.
Notas da editoria:
Imagem da capa: “A destruição de Sodoma e Gomorra” (1852), por John Martin (1789 – 1854).