“A verdade é como um leão; você não precisa defendê-la.
Deixe-a solta, e ela se defenderá a si mesma.”,
Santo Agostinho.
Quando, em 2010, decidi que estudaria sério para concursos, vi que aquilo era uma tarefa que demandaria um esforço e disciplina diferenciados. Segui em frente, mas, no trajeto, deparei-me com algo inesperado.
Conforme eu ia absorvendo as lições jurídicas de que precisava, algo começava a me incomodar: eu percebia que estava adquirindo razoável conhecimento em uma área específica do saber humano, mas permanecia absolutamente ignorante em todo o resto.
Apesar disso, segui firme até o final, estudando apenas o Direito, sem outras distrações – mas com o incômodo no peito.
Após o resultado da prova oral, pude, enfim, dar atenção àquela sensação de vazio que me consumia. Felizmente, uma aprovação não havia sido suficiente para me fazer sentir-me no olimpo dos grandes sábios. Eu precisava, urgentemente, conhecer outras coisas.
Na mesma semana, comecei a devorar textos de política e filosofia. Alguns dias se passaram, quando algo importante aconteceu. Era dezembro de 2012, quando conheci o prof. Olavo de Carvalho.
Admitir que não se sabe algo é um exercício de humildade. E não é só isso: é também o primeiro passo para a verdadeira elevação do intelecto.
A situação era paradoxal: eu me via ali, juíza recém-aprovada, sob aplausos, confetes, colhendo todos os louros do sucesso…e, ao mesmo tempo, lendo os textos de Olavo, eu começava a ter alguma noção da imensidão da minha ignorância.
As pessoas têm atitudes diversas quando se deparam com o desconhecido. Os fracos tendem a rejeitar e ridicularizar quem apresenta algo novo, para não terem de confessar sua inferioridade em algo.
Resolvi admitir minha ignorância e trilhar lentamente o caminho do conhecimento para além do Direito, tendo sido alertada de que isso me traria inimigos e detratores de toda ordem. Segui em frente.
Oito anos se passaram, a profecia sinistra se realizou, mas uma mágica aconteceu: junto com os detratores, surgiram milhares de almas afins, que andam ao meu lado e – na esteira de São Tomás de Aquino – amam e rejeitam as mesmas coisas.
Não importa o quanto a maldade persiga: a verdade atrai os que realmente a procuram. Contra isso, não há o que fazer.
A verdade é mesmo irresistível.
Escrito por Ludmila Lins Grilo, em 21 de fevereiro de 2021.
Este texto foi extraído de uma postagem realizada pela autora em canal do Telegram.
Nota do editor:
- O título desta postagem (“A verdade é irresistível”) foi atribuído por nossa editoria com base no último parágrafo redigido pela autora.
- A imagem associada a esta postagem ilustra recorte da obra “The Judgement of Solomon”, criada pelo artista escocês William Dyce (1806 – 1864) em 1836.