“O tempo é a maior distância entre dois lugares.”
Tennessee Williams (1911 -1983)
Quem nunca quis voltar no tempo e reviver algum momento que se foi?
Na memória ficou a lembrança de pessoas, lugares, cheiros, sabores, sensações…
Às vezes gostamos de voltar aos lugares, na tentativa de encontrar vestígios de um tempo que já não existe, como se nas paredes de uma casa antiga ou nas ruas em que passamos a infância pudéssemos reviver o passado…
Até as histórias de lugares e tempos que não vivemos nos fascinam de algum modo. Gostamos de olhar para coisas antigas e imaginar como era a vida num passado distante…
Quando criança, eu gostava de olhar árvores, montanhas, rochas e pensar sobre quão antigas elas eram e quantos acontecimentos tinham presenciado. Até hoje esse tipo de pensamento me fascina! Só recentemente me ocorreu que tal fascínio pelo tempo tem relação com minha finitude e meu desejo pelo Eterno…
Vivo limitada no tempo, mas trago a eternidade no coração. Em meu desejo por transcender o tempo, quero transitar nele, como se pudesse romper seus limites, viajando ao passado através de qualquer vestígio… quero segurar os momentos que se foram, como se eu pudesse revisitá-los e vivê-los indefinidamente. Mas não posso!
Além do mais, não é pelas miragens do passado que meu coração realmente pulsa, como se a intenção fosse resgatar experiências vividas. Não se trata de reviver o passado e nem de cogitar outras escolhas, outros caminhos para o já vivido. Meu coração pulsa por Aquele que vive além do tempo – fui feita para Ele! Meu aparente desejo pelo passado é, na verdade, desejo por transcender o tempo e encontrar-me nEle… É a “saudade” do que ainda não vivi, a esperança da eternidade com o Senhor do tempo.
As árvores, as montanhas, os vales, os rios e tudo que Ele criou me encanta porque tem Seus traços. Mas nada disso é Ele! É com essa consciência que posso contemplar a beleza da Criação sem buscá-la como uma finalidade em si mesma. Posso olhar para o passado e refletir sobre minha finitude sem me deixar aprisionar por nostalgia ou cogitações a respeito de épocas distantes… porque a vida não é sobre o tempo e as experiências que vivi, nem sobre minhas escolhas, erros ou acertos. É tudo sobre Ele!
Ele é o princípio, o fim, o motivo, a finalidade. É dEle que vem toda beleza e alegria. Glorificá-lo e alegrar-me nEle para sempre: eis o propósito de toda a minha existência – no tempo e na eternidade!
Escrito por Noeme Rodrigues de Souza Campos.
Publicado originalmente no website da Editora Ultimato, em 26 de junho de 2021.
Notas do editor:
Imagem de capa: relógio da Catedral de Nossa Senhora, localizada na cidade de Antuérpia, Bélgica.