“Eu gostaria muito de ter o direito de votar em alguém que corresponda à imagem que faço de um presidente.”
(Opinião muito “fofa”, lida e ouvida por aí)
Sinto muito, senhor, mas seu catálogo de príncipes perfeitos não está disponível. O que a casa tem a oferecer está na mesa dos fatos. Aliás, saiba que o senhor não está só, infelizmente. O presidencialismo e semipresidencialismo têm produzido esse quadro ao longo das décadas mundo afora. Nos Estados Unidos, a eleição presidencial (onde os eleitores que decidem são os do colégio eleitoral) terminou com uma diferença de seis milhões de votos entre Biden e Trump. A abstenção chegou a 64 milhões!
Na Argentina, os ausentes, os nulos, os brancos, os aborrecidos e amuados somaram oito milhões de eleitores. Como resultado, o destruidor geral da nação Alberto Fernández venceu Macri por dois milhões de votos. No Chile, o comunista Gabriel Boric venceu a eleição por uma diferença de 6% sobre José Antônio Kast, com uma abstenção de 45%! No Peru, ausentaram-se oito milhões de eleitores e a esquerda venceu a eleição por 40 mil votos. Na Colômbia, 43% do eleitorado ficou no sofá e o guerrilheiro comunista Gustavo Petros, que vai dirigir o país, venceu o pleito por uma diferença de 3%.
A omissão não ensina, não protesta e nada muda. Não tira o omisso da lista de pagadores da conta. Subscreve, referenda e aceita, silenciosamente, o que outros decidiram. Na verdade, preserva ao omisso seu direito ao sofá de onde talvez nunca tenha saído.
Enquanto esse eleitor acalenta seu aborrecimento, todo o ativismo midiático, judicial, funcional, educacional, cultural, corrupto e do crime organizado se articula em torno do candidato que quer retornar à cena do crime.
Por Percival Puggina.
Publicado no website do autor em 25 de junho de 2022.
Notas da editoria:
Imagem da capa: “Assistindo TV”. Autoria desconhecida.
Em Complemento, pasme com discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, proferido no encerramento do Encontro de Governadores da Frente Norte do Mercosul em 6 de dezembro de 2007 (enquanto exercia mandato presidencial):
Mas se falam que o presidente não tem poder! Pode ser colocado até um cachorro é nada vai acontecer. Bolsonaro acelerou toda a agenda 2030. Isso é indiscutível.