“No Brasil é preciso explicar, desenhar, depois explicar o desenho e desenhar a explicação.”
Olavo de Carvalho (1947 – 2022)
Minha esperança no Brasil perdeu alguns palmos de amplitude quando li no site do Senado que o placar da pesquisa online sobre o projeto de anistia do senador Mourão contava 540 mil votos a favor e 532 mil contra. Meu Deus! O que tantos filhos teus têm na mente ou no coração que são capazes de achar de boa justiça sentenças de 14 a 17 anos de prisão para os capturados nos arrastões dos dias 8 e 9 de janeiro de 2023? Passou-lhes pela cabeça que aquelas pessoas — cuja imensa maioria estava pacificamente na praça manifestando opinião num ato de presença — têm família e têm direitos? Que efeitos daninhos produzem nas mentes essa política desajuizada e essa justiça politizada, que tomam para si tanto dinheiro e proteção? E note-se: são os mesmos cidadãos que, de repente, surgem cheios de amor para defender o desencarceramento de bandidos condenados por juízes com a cabeça no lugar!
Esses mesmos que aplaudem com as mãos as condenações em massa, prisões preventivas sem fim, sigilos e espalhafatos do STF afirmam, com a lógica dos cotovelos, que “no Brasil se prende demais”, exceto se os presos forem adversários, bolsonaristas “da direita” … Como consequência, o Brasil, hoje, tem mais presos políticos do que Cuba. Do que Cuba! Devem achar que os companheiros do regime cubano amoleceram; contudo, “hay que endurecerse”, como receitou seu bem amado Che Guevara.
Não lhes ocorre clamar por penas mais graves quando um estuprador de vulnerável é condenado a somente 10 anos de prisão, dos quais apenas uns poucos serão cumpridos em regime fechado.
Ideologia maligna essa que protege criminosos e os reintroduz nas cenas dos crimes enquanto criticam a polícia, se dedicam a assassinar a reputação de gente de bem e combatem tudo cujo Valor se escreva com “V” maiúsculo.
Quantas horas no sofá assistindo à CNN são necessárias para levar um ser humano a esse estado de atrofia emocional?
Mesmo que lhe tenham tomado a esperança, caro leitor, lembre-se de que muitos se expõem para mantê-la viva. Fazem isso por eles mesmos, claro, e por você. Os acontecimentos são meus grandes motivadores. Sempre aprendi deles e neles nutro meu ânimo, aconteça o que acontecer.
Por Percival Puggina.
Publicado no website do autor em 3 de abril de 2024.
Notas da editoria:
Imagem de capa: recorte de obra criada por Peter Booth em 1981. Para mais detalhes, clique aqui.