São os incentivos, estúpido!

Obra: "Sell in May and Go Away", por Darren Thompson

No Brasil, empresa privada é aquela que é controlada pelo governo,
e empresa pública é aquela que ninguém controla.
Roberto Campos (1917 – 2001)



Recebi interrogações de alguns de meus leitores.

Basicamente, questionam-me o porquê de eu não estar escrevendo tanto sobre política e economia. Por que cargas d’água estou focando meus escritos em temas de negócios e gestão?

Primeiro, devo dizer que aqueles que me indagaram têm razão.

A resposta é singela. Talvez eu esteja crendo que minhas ideias sobre gestão e negócios possam ter maior receptividade e aplicação pragmática no mundo real. Uma genuína tentativa de contribuir.

Evidente que eu me preocupo — e muito — com política.

Platão já nos ensinou que “não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”, porém, políticos gostam mesmo de si próprios.

Aliás, minhas ideias sobre política e economia, além de serem triviais, possuem amplas e benéficas comprovações.

Um país se desenvolve econômica e socialmente, com a liderança do setor privado. É esse que cria emprego, renda e riqueza.

Por aqui, a fatal ideia do Estado do Bem-Estar Social, promovida por progressistas de araque, que compartilham um zelo quase messiânico por essa troça, sempre exerce um papel de protagonismo. A guerra de braço entre o famigerado intervencionismo estatal versus a liberdade econômica, majoritariamente, é vencida pelo primeiro.

A verdade objetiva é que políticas estatais comprovadamente bem-sucedidas são aquelas que incentivam o empreendedorismo e a assunção de riscos responsáveis pelo setor privado.

Qualquer sujeito racional — e bem intencionado —, sabe que os incentivos importam!

Segundo Platão, sigo pregando no deserto, mas é patente que os conceitos e as ideias que deram e dão certo em nível de políticas econômicas, não serão implementadas nessa Republiqueta das Bananas vermelhas.

Políticos tupiniquins, na sua imensa maioria, não fazem o que precisa ser feito para resolver os reais problemas brasileiros. Procrastinação e ilusionismo são as regras impostas por aqui, inquestionavelmente.

Tal lógica ilógica é clara. As ideias e as iniciativas que funcionam, de fato, são, muitas vezes, impopulares. O povo quer música — de filme de terror — para os seus ouvidos. Pragmaticamente, mentiras e o impossível.

O maná dos políticos é o voto. Deste modo, o bom-mocismo devastador prevalece, já que eles não querem perder sequer um voto e o emprego, isto é, a reeleição.

O pano de fundo vermelho para essa destruidora realidade, é constituído pelo sistema político presente e pela escassez de conhecimentos que o povaréu nacional dispõe. Muito triste.

Os incentivos importam muito, e esses estão completamente de cabeça para baixo nesse país do futuro, que nunca chega.

O grande Thomas Sowell afirma que “ninguém entende de verdade a política até compreender que os políticos não estão tentando resolver os nossos problemas. Eles estão tentando resolver seus próprios problemas — dentre os quais ser eleito e reeleito são número 1 e número 2. O que quer que seja o número 3 está bem longe atrás”. Nada mais esclarecedor e exato.

Confesso que estou exausto de “gritar sobre política”.

Racionalmente, penso que os incentivos para escrever sobre gestão e negócios são muito maiores.

Distintamente de políticos, que não dão bulhufas para a vida da população, empresários que competem em mercados cada vez mais turbulentos, necessitam aperfeiçoar seus processos, seus produtos e serviços, ou seja, os benefícios e as soluções que ofertam e entregam, a fim de satisfazer melhor os desejos e as necessidades dos clientes-consumidores. A soberania do consumidor, nesse jogo, manda.

Os incentivos para a implementação de melhorias organizacionais, sem dúvidas, são abissais, bastando com que o empresariado nacional tenha conhecimento e atitude para promover tais transformações organizacionais. Essas são grandemente necessárias para, pelo menos, se manter no páreo competitivo.

Nesta direção, acredito que meus escritos, e eventuais contribuições, possam auxiliar pequenas e médias empresas “a pensar gerencialmente”.

Se ao menos eu despertar a atenção e o interesse de indivíduos pelas questões de gestão e negócios que opino, já terei realizado algo, de alguma forma, positivo.

Pois os incentivos me empurram para o campo empresarial, simples assim.

Gosto muito de escrever sobre gestão. E de mais a mais, acho que estou desacorçoado com a política tupiniquim. É isso.


Escrito por Alex Pipkin, PhD.
Publicado originalmente no website de Percival Puggina, em 6 de setembro de 2023.


Notas da editoria:

Imagem de capa: “Sell in May and Go Away”, por Darren Thompson.




Em complemento, assista ao vídeo no qual José Monir Nasser (1957 – 2013) explica alguns motivos pelos quais o Brasil é um país pobre:

José Monir Nasser (1957 – 2013) no programa Mídia Sem Máscara na TV

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