Sintomas do orgulho

Obra "Arrogância" (2021), por Bogdan Dide

Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos.
Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes.

G. K. Chesterton (1874 – 1936)



O orgulho se revela na obstinação em nos proteger a qualquer custo. Queremos proteger nossa imagem porque queremos ser grandes diante dos outros. Daí vem as reações agressivas quando nos sentimos atacados. O sentimento de humilhação é insuportável porque fere a imagem de superioridade que cultivamos.

Ficamos ofendidos com muita facilidade porque somos orgulhosos! Qualquer coisa que digam contra nossa opinião ou atitudes são interpretadas como graves ataques pessoais. Então, como feras acuadas, saímos em defesa de nossa imagem… A forma como fazemos isso pode variar, mas a motivação é sempre a mesma: orgulho!

Alguns explodem em ira. Outros se afastam em busca de isolamento. É possível ficar remoendo a situação de humilhação, imaginando possíveis reações de defesa. Listas dos defeitos de quem nos “atacou” são feitas e refeitas mentalmente. Queremos ouvir alguém que concorde conosco e nos ajude a reafirmar o quanto estamos certos e o outro está errado. O ódio é cultivado junto com o sentimento de vitimização. Depois pode vir a depressão, pânico, reações diversas das emoções e do corpo…

Entretanto, quando aprendemos com Cristo que não somos o centro do mundo, que a vida não é sobre nós, mas sobre Deus, nossa própria imagem perde importância. Quando percebemos que a honra de Cristo é mais importante que a nossa, deixamos de nos ofender por qualquer coisa, deixamos de desperdiçar tempo e energia para nos proteger.

Aliás, em Cristo, enxergamos nossa miséria e tomamos consciência de que nenhum ataque poderia revelar o quão profundamente feia é nossa imagem. É assim que a verdade nos liberta de nós mesmos e dessa cansativa tarefa que o orgulho nos dá – proteger a honra de um ser tão indigno quanto eu.

Enquanto olhamos pelas lentes do orgulho jamais poderemos perdoar, pois não nos vemos tão miseráveis, feios e maus como aqueles que nos ofendem. É a verdade que nos liberta para perdoar e amar outros seres iguais a nós…


Por Noeme Rodrigues de Souza Campos.
Publicado originalmente no website da Editora Ultimato, em 3 de dezembro de 2018.


Nota da editoria:

Imagem da capa: “Arrogância” (2021), por Bogdan Dide.




Confira, neste áudio, comentários do filósofo Olavo de Carvalho (1947 – 2022) sobre a timidez e descubra as relações com este artigo:


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