Trump eleito. E você, triste?

Obra: "Donald Trump", por John Howard Sanden.

Este artigo foi originalmente publicado no extinto blog do autor (http://colombomendes.blogspot.com.br), Colombo Mendes, em 10 de novembro de 2016, e permanece tão, ou até mais, relevante nos dias atuais. Na verdade, se fizéssemos apenas a troca do título e a atualização de alguns nomes, não seria perceptível que foi escrito há 8 anos. Contudo, optamos por manter a originalidade, a fim de aprofundar a reflexão e, sobretudo, respeitar o autor.



Certo, você está em choque com a eleição de Donald Trump. Mas, você sabe o porquê disso? É porque ele é um grosseirão, racista, machista, xenófobo? Não, não é por isso. Admita. Você está em choque, você odeia Trump, porque — lamento informar — você se deixa MANIPULAR pela grande imprensa. Desculpa-me, mas é isso.

Pô, você acha mesmo que assistindo Jornal Nacional, lendo Folha, Zero Hora e G1 e curtindo Quebrando o Tabu você é um grande crítico, uma pessoa cujos sentimentos merecem atenção? Sim, SENTIMENTOS, porque tudo que vejo é você dizendo “Estou em choque”, “Estou apavorado”, “Estou triste”. É mesmo, é? E eu com isso!? Quando se fala em política, em decisões que afetam a vida de bilhões de pessoas, quem coloca os sentimentos em primeiro lugar em uma análise não merece mais do que uma chupeta e um babador.

Inclusive, neste exato momento você está pensando: “Ah, mas você fala isso porque gosta do Trump…” COMO EU VOU SABER SE GOSTO OU NÃO DO TRUMP!? Jamais tive contato pessoal com ele. Olha, [aposto que não, mas…] pode ser até que a Hillary Clinton seja uma pessoa mais agradável do que Donald Trump, mais “gostável”, mas isso não importa. Isso são sentimentos, não são fatos; não mais que tangenciam a realidade.

Deixe essa mentalidade de torcedor de futebol de lado, pare com essa besteira de “ser contra” ou “ser a favor”, de “gostar” ou “não gostar”. Toda informação a favor ou contra aquilo que se pensa a priori deve ser analisada profundamente, comprovada, revirada, atestada, até que não sobrem dúvidas a respeito dela. Ora, você forma suas opiniões a partir de manchetes! Ou seja, sua opinião vale menos que o choro de uma criança com fome. Então, engula seus sentimentos e cresça de uma vez por todas!

Todas as informações que você tem a respeito de Trump vieram diretamente da grande imprensa. Você não pesquisou a fundo absolutamente nada daquilo que o apavorou, que o deixou em choque. Admita. Seja sincero. Você viu uma manchete aqui, outra ali, ouviu algum especialista que jamais acerta algo fazendo cara de horror e, pronto, formou sua opinião — e não há fato que a abale.

“O advento da grande mídia democratizou a ignorância.

Olavo de Carvalho (1947 – 2022)

“Trump é racista, homofóbico, xenófobo…” Você já viu e bela e estrangeira esposa de Trump? Você já viu algum dos vários vídeos de apoiadores voluntários e de funcionários e ex-empregados de Trump, negros, homossexuais, latinos, imigrantes, defendendo fervorosamente o novo presidente americano? Se não viu, dê uma olhada no resultado das eleições e constate com cara de Guga Chacra com diarréia que Trump venceu na Flórida, estado mais “chicano” dos EUA.

“Ah, mas o muro…” O MURO JÁ EXISTE. Trump apenas disse que reforçará os mecanismos de segurança, construirá novos (incluindo a ampliação dos muros fronteiriços) e filtrará com maior rigor quem pode entrar. Nada diferente do que você faz na sua bela casinha. Assim como você, Trump e a maioria dos americanos só querem por perto pessoas dispostas a viver em paz, de forma honesta e produtiva. Que crime, não?

“Aie, mas o Trump falou palavrões, grosserias…” Isso é verdade. Mas, e daí, Nossa Senhora de Calcutá? Aliás, sabe quem mais está afetando pavor contra as besteiras ditas por Trump? Jornalistas e intelectuais que aplaudiram as feministas que quebraram imagens santas e enfiaram crucifixos no traseiro, que minimizaram o “grêlo duro” de Lula, que aplaudiram os black blocs assassinos e destruidores, que relativizam o terrorismo do MST, que chamam de “ocupação” as invasões de escolas… Você se está deixando levar por pessoas que se indignam de forma seletiva, que primeiro olham para quem fez isso ou aquilo antes de aprovar ou condenar. Para essa gente, Jair Bolsonaro é um novo Hitler porque respondeu que NÃO estupraria a mulher que cometeu o gravíssimo crime de chamá-lo de estuprador; mas nada foi dito sobre Paulo Ghiraldelli haver desejado publicamente que Rachel Sheherazade fosse estuprada. Por que isso? Não importa o que Bolsonaro ou Ghiraldelli digam; importam que este é do clube e aquele não é. E essas são as fontes de seus afetadíssimos sentimentos.

Todavia, o mais importante aqui é que a imprensa, em geral, não tem dado informações, mas tem compartilhado seus desejos, suas vontades, sua torcida. Não mais que isso. E assim procede por dois motivos. O primeiro, há muito consabido, é que jornalistas, lá e aqui, em geral, consideram-se de esquerda; para o exercício da profissão, isso (ter uma posição política) não é problema; o problema é que não conseguem agir profissionalmente e comportam-se como torcedores de futebol participando de uma mesa redonda dominical sobre a rodada do campeonato. Sonegam as informações reais, distorcem, mentem e amoldam os fatos a suas opiniões militantes.

Mas há um agravante: dezenas de milhares de e-mails de Hillary Clinton e de seus assessores, interceptados pelo FBI, comprovam que grande parte da imprensa estava declaradamente a serviço da campanha democrata, inclusive consultando a equipe de Hillary quanto às perguntas que deveriam ser feitas a ela e a Trump nos debates (apenas um exemplo). Informar-se a respeito das eleições americanas com essa gente é o mesmo que perguntar na padaria do Zé Gordo se comer bolo de chocolate faz bem à saúde.

Aliás, esses e-mails implicam os Clinton e os seus em:

  • pedofilia,
  • exploração infantil,
  • financiamento de abortos,
  • lavagem de dinheiro,
  • perjúrio,
  • obstrução da justiça,
  • negociatas envolvendo a Fundação Clinton etc.

Enfim, se analisarmos diretamente a pessoa de Donald Trump, não sobram mais do que ressalvas comportamentais contra um empreendedor pra lá de bem-sucedido e um político com um sólido projeto de nação. Ou seja, um excelente candidato (o que não significa que fará um excelente governo).

Se o compararmos com Clinton e seus asseclas, que acumulam crimes e gravíssimas acusações de crimes, Trump passa a ser uma escolha obrigatória (ainda que não fosse um excelente candidato).

Aqui temos fatos, não sentimentos. Meus sentimentos são de Schadenfreude em relação à imprensa, de esperança em relação ao mundo, de alegria por ver as PESSOAS que vivem a vida real enterrando a esquerda e os esquerdismos. Mas isso não importa. O que importa são os fatos. E o fato aqui é que você se deixou enganar bonito. Como dizem as minas empoderadas: “APENAS PARE, SEJE MENAS”.

Em tempo: é claro que o Trump pode vir a fazer besteiras. O ponto aqui é tão-somente o fato de que ele não é o demônio que pinta o diabedo jornaleiro.


Escrito por Colombo Mendes.
Publicado no extinto blog do autor (http://colombomendes.blogspot.com.br), em 10 de novembro de 2016.


Nota da editoria:

Imagem da capa: “Donald Trump”, de John Howard Sanden (1935 – 2022).


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