“Ninguém entende de verdade a política até compreender que os políticos não estão
tentando resolver os nossos problemas. Eles estão tentando resolver seus próprios
problemas — dentre os quais ser eleito e reeleito são número 1 e número 2.
O que quer que seja o número 3 está bem longe atrás.”
Thomas Sowell
O cidadão comum vê os conchavos políticos como imorais. Tanto que os condena em sua vida privada, onde mentir é errado, enganar é feio, prometer e não cumprir é vergonhoso — tudo que é natural na política. Aí, de repente, impulsionado pelas novas tecnologias, esse mesmo cidadão passa a acreditar que pode atuar diretamente nos jogos de poder — os mesmos jogos onde o que mais se pratica são aquelas atitudes que ele considera antiéticas.
O que o cidadão, algumas vezes, esquece é que povo e política não costumam se misturar. A participação popular, em algum momento, pode ter algum efeito, mas não costuma passar de uma ilusão temporária. No fim, prevalece a vontade da mesma elite de sempre. Em política, até podem acontecer convulsões pontuais, mas as coisas tendem a voltar ao seu padrão histórico, que não conta com a participação do homem comum.
Política prática não é atividade para o cidadão comum porque ele não está disposto a abrir mão de suas convicções morais para se lançar nela. O mundo político é um clube fechado, que exige, como ingresso, requisitos que o cidadão comum não quer ter. E se não está disposto a tê-los, não está apto a jogar o jogo da político e, por isso, seria um contrassenso querer vencê-lo.
O fato é que ser politico é uma vocação e para ingressar nessa carreira é preciso não ter suscetibilidades afloradas para os negócios obscuros que acontecem nos corredores dos palácios. Se a pessoa fica escandalizada com o que acontece no meio político, melhor mesmo é esquecê-lo e ir para casa estudar. Até porque contribui mais para o país um cidadão consciente e conhecedor da realidade do que um político inocente incapaz de se movimentar entre os gabinetes.
Ainda que política seja importante, nem todo mundo nasceu para ela, da mesma maneira que nem todo mundo nasceu para ser artista, jogador de futebol, engenheiro, médico ou jornalista. E insistir em uma carreira para a qual não se tem inclinação é desgastante e frustrante.
Por isso, para quem não tem vocação para a politica, melhor mesmo é manter uma distância segura dela, acompanhando tudo com bastante cuidado e parcimônia.
Por Fabio Blanco.
Publicado no canal do Telegram do autor em 16 de novembro de 2023.
Fabio Blanco também é o responsável pelo websites:
filosofiaintegral.com.br/ e fabioblanco.com.br/.
Nota da editoria:
Imagem da capa: “The Verdict of the People” (1854–55), por George Caleb Bingham (1811 – 1879).