“Os fatos não falam por si. Eles falam a favor ou contra teorias concorrentes.
Fatos divorciados de teorias ou visões são meras curiosidades isoladas.”
Thomas Sowell, economista e crítico social.
É difícil entender por que um número de professores universitários ainda acredita que o mundo é composto de somente duas classes definidas pelas suas relações de trabalho.
Surpreende a todos que estudam história que Marx desconhecia que a Índia já era composta de 3.000 classes, que também possuíam interesses próprios.
São as chamadas castas, as castas profissionais definidas exatamente pelas suas relações de trabalho, pedreiros, tecelões etc.
Hoje existem muito mais do que somente duas classes, todas com características próprias e interesses comuns.
No Capitalismo, a terceira classe que logo surgiu foi a classe de administradores, que se infiltrava como um fulcro entre capitalistas e trabalhadores.
Os professores da Harvard Business School já em 1908 identificaram essa nova classe.
E decidiram tomar o poder dos capitalistas treinando administradores socialmente responsáveis, em vez de pregar a revolução sangrenta de 1917.
E conseguiram muito progresso. Afastaram os herdeiros das famílias para a filantropia e deixaram a gestão com administradores, que criaram a palavra stakeholders, não preciso dizer mais.
Mesmo formados em outras faculdades, os administradores possuem interesses próprios, um dos quais foi transformar os capitalistas em meros acionistas, com muito menos poder do que imaginara Marx.
A quarta classe que surgiu foram os engenheiros da indústria mecânica que passaram a vender bens de produção para quem quisesse comprar, gerando enorme concorrência aos capitalistas já instalados.
Milhares de trabalhadores finalmente puderam deter seus bens de produção, se juntando e comprando os seus bens de produção financiados ou não.
Foi a indústria mecânica que permitiu a criação das 235 milhões de pequenas empresas do capitalismo de hoje.
Um Estado planificado jamais conseguiria algo perto disso.
A quinta classe que surge é justamente a classe de pequenos e médios empresários, que também tem interesses próprios e trava uma luta de classes entre si, com seus fornecedores, com os seus trabalhadores, com as grandes empresas capitalistas.
A sexta classe que logo surgiu foi a dos advogados, que chegaram a ser o poder dominante no início do século, controlaram o Judiciário, muitos congressistas são advogados, e criaram a poderosa OAB.
Se você realmente acha que os empresários exploram seus advogados, todos dirão exatamente o oposto.
Tem a classe dos funcionários públicos, que não há como extrair mais valia deles, novamente é o contrário, eles que tiram 40% de mais valia de nós.
Tem a classe dos políticos profissionais.
Tem a classe dos aposentados, cada vez maior, que faz a mesma coisa.
Estou assistindo entrevistas de novos representantes de esquerda, e fico imensamente decepcionado que a maioria não percebe o mundo que os cerca.
Achar que ainda existem somente duas classes no século XXI é um reducionismo científico fora de propósito.
Por Stephen Kanitz.
Publicado no blog do autor em 9 de agosto de 2022.
Notas da editoria:
Imagem da capa: “Castas”, gravura anônima datada de 1780.