“Ser poderoso é como ser uma dama. Se você precisa dizer que você é, você não é.”
Margaret Thatcher (1925 – 2013)
Os indivíduos podem chamar atenção por suas realizações ou por tentativas deliberadas de chamar atenção. Hoje em dia, onde quer que você olhe, as pessoas parecem estar envidando todos os esforços para chamar atenção.
Estranhos penteados, enormes tatoos, piercings em todo o corpo, roupas exóticas, afirmações incomuns — tudo isso se tornou substituto de realizações.
Alguns pais dão aos filhos nomes bizarros, como se isso lhes dessem algum tipo de individualidade. Ao contrário, isso significa se ajuntar ao pânico em direção ao exibicionismo.
Você não precisa de um nome maluco para se tornar famoso. Seria difícil imaginar nomes mais simples do que Jim Brown, Ted Williams, Walter Johnson ou Michael Jordan.
Foi o que eles fizeram que tornou seus nomes famosos.
Nos negócios, algumas das maiores mudanças econômicas foram produzidas por pessoas com nomes comuns, tais como Henry Ford e Donald Trump. No varejo, alguns dos maiores nomes foram Richard Sears e Sam Walton.
Quando você realiza algo, você não precisa de nenhum expediente adicional. Isso é especialmente aparente nos esportes
Joe Louis usava o mesmo calção de todo mundo, não esses calções com cores berrantes e cheios de enfeites que alguns boxeadores usam atualmente.
Ele não considerava necessário insultar seus oponentes ou se comportar como um palhaço dentro ou fora do ringue. Mas ele tinha o maior número de nocautes no primeiro assalto dentre todos os pesos-pesados e será lembrado para sempre, na história do boxe.
Se Jim Brown continuasse até o end zone depois de cada touchdown que ele fizesse, da forma que muitos jogadores fazem hoje, é difícil imaginar como ele teria energia para uma média de cinco jardas por lançamento em toda a sua carreira.
O problema não é somente o indivíduo querer chamar atenção com sua forma de vestir, agir, falar ou se mostrar. O problema mais fundamental é que a sociedade em torno dele presta atenção a tais coisas superficiais e, frequentemente, infantis.
A atenção excessiva, 24 horas por dia, que a mídia presta a Anna Nicole Smith e a Paris Hilton, mostrando pouca preocupação com o movimento do Irã na direção das armas nucleares, que pode mudar o curso da História, é um dos muitos sinais dolorosos de nosso tempo.
Uma vida inteira dedicada a maiúsculas contribuições à saúde, prosperidade ou educação de toda uma sociedade não merecerá tanta atenção da mídia quanto organizar alguma manifestação estridente, temperada com retórica irresponsável.
Num mundo em que “ninguém julga ninguém”, o que determina quem merece atenção, exceto quem faz um grande espalhafato?
Nós não apenas vivemos mais tempo atualmente, como também somos mais vigorosos aos sessenta anos que as gerações anteriores eram aos quarenta. Mas você seria capaz de nomear uma pessoa ou empresa que contribuiu para tal enorme benefício para milhões de pessoas?
O americano médio de hoje tem um padrão de vida que inclui coisas que somente a classe rica tinha no passado – e algumas coisas que mesmo esta não possuía, como computadores pessoais.
Mas as pessoas responsáveis por isso são louvadas, noticiadas ou, pelo menos, mencionadas?
Não há um inventor, cientista, pesquisador médico ou industrial que seja tão bem conhecido como tagarelas do tipo Rosie O’Donnell ou Jesse Jackson.
Qualquer garota cabeça-de-vento que exponha seu corpo pode atrair mais atenção que alguém que descubra formas de reduzir o custo da moradia para milhões de pessoas.
Na Califórnia, enquanto tal garota atrai a atenção o construtor é condenado.
Em resumo, o problema não é que determinados indivíduos procuram chamar atenção. O problema é que a sociedade como um todo não tem mais padrão com que negar ou rechaçar os exibicionistas que não contribuem em nada para a sociedade.
Não espere julgamentos e escolhas razoáveis de uma sociedade em que “ninguém julgar ninguém” é um valor exaltado. Como alguém já disse, se você não defende ou luta por alguma coisa, todas as coisas lhe serão adversas.
Por Thomas Sowell.
Tradução de Antônio Emílio Angheth de Araújo.
Publicado originalmente no website Mídia Sem Máscara,
em 14 de agosto de 2007.
Nota da editoria:
Imagem da capa: “Portrait of punk tattooed girl”, por Lucian Freud.