O fascista manso

George Orwell 1984

Um Estado é tanto mais forte quanto pode conservar em si mesmo o que vive e age contra ele.”,
Paul Valéry (1871 – 1945).



Quando você se acostuma à ideia de que o poder regulador da sua vida vem do Estado, atenção: você pode ter se tornado um fascista manso.
Se nenhum poder for maior que o poder estatal, e se nenhuma lei for mais importante que as leis feitas pelo Estado, você reconhece e alimenta o coletivismo forçado que outrora foi tentado pelo fascismo, mas que já há muito foi efetivado por “democratas”. Sem percebermos fomos aceitando que tudo fosse feito pelo Estado, para o Estado, nada fora do Estado. Bem alinhado ao gosto de Benito Mussolini.

Reflita com sinceridade, você já não se acostumou com isso?

Se você não consegue imaginar outro poder que deva ser maior que o Estado e outra regra que seja mais válida que a legislação criada por políticos, é porque você também nem sabe mais o que é liberdade, o que é comunidade, o que é família e nem mesmo o que é cristianismo.

Talvez você alimente com paixão o desejo de que o Estado se alinhe a uma determinada ideologia ao mesmo tempo que afasta outras. Mas ainda assim é o Estado a sua referência máxima.

Isso ocorre porque toda a sua atenção está voltada à alternância de governantes, e nem reflete sobre como esse jogo é insuficiente para definir a Verdade, Ordem e Juíz que deveriam regular a sua vida.

Perdendo isso de vista você só é interessante pelo fato de ser um eleitor. E por mais que festejem essa condição, não há dignidade no simples fato de ser um eleitor.

A sua dignidade pode ser medida por aquilo que você respeita, teme e no que deposita esperança. E se a resposta for o Estado e um ou outro governante, você já aceitou a máxima fascista.


Escrito por Amir Kanitz.
O autor é Sociólogo e Professor.

Publicado originalmente no website de Percival Puggina, em 18 de maio 2021.
Puggina é membro da Academia Rio-Grandense de Letras, arquiteto, empresário e escritor.


Nota do editor:

A imagem associada a esta postagem ilustra George Orwell, autor de distopias clássicas como “1984” e “A revolução dos bichos”.


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