“Não vale nada um povo que não sabe defender a honra da sua pátria.”
Friedrich Schiller (1759 – 1805)
Você lembra que nós, brasileiros, não tínhamos o hábito de expor apreço à bandeira? Pois é. Havia, inclusive, um grupo político que sapateava sobre ela, tirava fotos em que o verde e o amarelo apareciam ardendo em chamas. Lembra em que ocasião renasceu seu valor simbólico? Foi no longínquo e esquecido ano de 2013, quando foi empregada para, literalmente, separar o joio do trigo. Sua simples presença nas manifestações apartava os arruaceiros que protestavam contra os vinte centavos a mais nas passagens de ônibus urbano e se infiltravam no movimento com a habitual truculência… As bandeiras do Brasil produziram efeito análogo ao de mostrar crucifixo para vampiro.
Hoje é sábado, 7 de setembro, feriado nacional e Dia da Pátria. Nestes tempos em que nos movemos ao ritmo dos trambolhões, brasileiros nascidos e criados no chão em que pisamos, têm da “Pátria” uma ideia mal formada. Maus políticos e maus educadores fizeram desse conceito a chave do cofre dos sentimentos políticos. Para esses, o 22 de abril de 1500 foi a data de uma catástrofe histórica, o dia em que o colonialismo “comeu a maçã” e o paraíso se perdeu. Foi aí que começou o fogo no mato. Foi isso que trouxe para cá São José de Anchieta, aquele predador cultural…
Os jovens alienados e digitalizados devem pensar na Pátria como um lugar no Google Earth, um espaço grandão no entorno da cidade onde vivem. Os mal humorados a percebem como madrasta, uma terceira pessoa do singular, animada por más intenções. Os pessimistas a têm como endereço de sua desesperança, uma dívida eterna, uma encrenca em que foram metidos pelo destino. Os otimistas falam de um encontro com o futuro logo ali adiante, mais ou menos como quem tropeça em uma dádiva caída do céu.
Ao reverso destes e de tantos outros cujos sentimentos se poderiam acrescentar, eu sempre a vi suficientemente minúscula para ser um lugar no coração. Não tenho dúvida alguma: ela entra ali quando aprendemos ser ela a guardiã de nosso passado, no aconchego de ancestrais e tradições, de cultura e de fé. Porque lhe reservei esse lugar em mim mesmo, ela se apresenta como meu berço e meu túmulo.
Por Percival Puggina.
Publicado no website do autor em 7 de setembro de 2024.
Notas da editoria:
Imagem de capa: “Independência ou morte” (1888), por Pedro Américo (1843 – 1905).
Outros artigos relacionadas ao Dia da Independência do Brasil:
República do Brasil: maculada por mentiras!,
por Bruno Garschagen
(Artigo sobre a Proclamação da República)