Cinco reflexões para serem lidas no bicentenário da Independência

Obra: "Elevação da Cruz em Porto Seguro" (1879), por Pedro Peres (1841 - 1923).

As reflexões são excertos do artigo
Bicentenário da Independência: Reflexões sobre o passado e um olhar para o futuro do Brasil“,

publicado pela Revista Catolicismo (edição número 850 de agosto de 2022).



1. “O Brasil entrou na história sob o signo da cruz de Cristo”


O Brasil “entrou na história sob o signo da cruz de Cristo”, na expressão do Papa Pio XII.1 De fato, nosso País nasceu sob o signo da Cruz: a nova terra foi batizada Ilha de Vera Cruz, já que se pensava tratar-se de uma ilha. Mais tarde, quando se verificou ser um continente, o nome foi mudado para Terra de Santa Cruz.

Assim, o Brasil nasceu católico. A primeira terra avistada pela frota descobridora, na terça-feira, 21 de abril de 1500, foi uma colina, a qual foi chamada Monte Pascoal, porque era a semana da Páscoa.

O primeiro ato oficial realizado em seu solo foi a celebração de uma Missa no Domingo de Páscoa, 26 de abril, pelo franciscano Frei Henrique de Coimbra.

O Capitão-Mor da frota que descobriu o Brasil, Pedro Álvares Cabral ─ Senhor de Belmonte e Alcaide-Mor do Castelo de Azurara ─ era Cavaleiro da Ordem de Cristo, assim como vários dos principais capitães. As velas de seus navios traziam a cruz dessa ordem de cavalaria.

Aliás, estava já o futuro país-continente, antes mesmo de ser descoberto, colocado debaixo da autoridade da Ordem de Cristo, pois El-Rei D. Duarte (+1438) concedera à insigne Milícia a jurisdição espiritual de todas as descobertas portuguesas, atuais e por se fazer, concessão essa renovada por D. Afonso V e confirmada pelos Papas Eugênio IV, Nicolau V, Calisto III e Sixto V.2

A bordo da nau capitânea veio uma imagem de Nossa Senhora da Esperança, ainda hoje venerada em Belmonte, Portugal.

2. Império do Brasil


Em 7 de setembro de 1822 o jovem príncipe, que havia crescido no Rio de Janeiro e era considerado por todos como brasileiro, foi aclamado Imperador Pedro I.

Assim, ao contrário de seus vizinhos, que romperam com a Espanha por meio de revoluções sangrentas, o Brasil tornou-se uma nação totalmente soberana de maneira orgânica e não traumática, adotando como própria a dinastia que havia feito sua grandeza, a Casa de Bragança.

Pedro I foi sucedido por seu filho Pedro II, que se casou com a princesa Teresa Cristina (filha do Rei Francisco I das Duas Sicílias), cognominada a Mãe dos Brasileiros; ele reinou quase meio século, de 1840 até sua deposição por um golpe militar revolucionário em 1889.

Ao contrário da América Espanhola que, ao tornar-se independente, se fracionou em numerosas nações, não raro em antagonismo recíproco, a América Portuguesa — ou seja, o Brasil — manteve sua unidade e integridade territorial.

3. Uma sombra no quadro: a escravidão


Uma sombra nessa história luminosa foi a instituição da escravidão, herdada de outras eras. Mas aqui também o Brasil constitui uma exceção, pela dupla qualidade de nação católica e filha de Portugal.

As durezas da escravidão eram amenizadas pela caridade cristã, coadjuvada por aquela característica da alma brasileira de compadecer-se com o sofrimento alheio e procurar aliviar os males que não pode evitar. Enquanto a abolição da escravatura causou à América do Norte uma guerra fratricida que custou mais de um milhão de vidas e um prejuízo material incalculável, a abolição no Brasil se deu sem grandes traumas: leis sucessivas foram abolindo paulatinamente a escravidão, processo que culminou com a chamada Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, Regente do Império, a 13 de maio de 1888.

4. Quinto maior país do mundo e o sexto mais populoso


Como resultado, formou-se um país com dimensões continentais. O território brasileiro apresenta extensão territorial de 8.514.876 km² e é o quinto maior país do planeta, sendo menor apenas que a Rússia, o Canadá, a China e os Estados Unidos (incluído o Alasca), respectivamente.

Sua área corresponde aproximadamente a 1,6% de toda a superfície do planeta, ocupando 5,6% das terras emersas do globo, 20,8% da área de toda a América e 48% da América do Sul. A sua grande extensão territorial proporciona ao país fronteira com quase todos os países sul-americanos; apenas Chile e Equador não fazem fronteira com o Brasil.3

Além disso, o Brasil é o sexto país mais populoso do mundo (cerca de 212 milhões de pessoas, segundo estimativa para 2022).4

5. O maior país de língua portuguesa


Por fim, o Brasil é o maior país de língua portuguesa — a quinta língua mais falada no mundo e a terceira língua europeia mais falada, depois do inglês e do espanhol. É o único país do Hemisfério Ocidental que fala português — a língua usada por Nossa Senhora em Fátima.

Esta última consideração encerra nosso périplo pelo passado luso-brasileiro e abre as portas para a prospecção do futuro: quais são os desígnios da Providência para a América Portuguesa?


Escrito por Gustavo A. Solimeo.


Nota:

  1. Radiomensagem do Papa Pio XII aos brasileiros por ocasião do IV Congresso Eucarístico Nacional, São Paulo, 1942. https://www.vatican.va/content/pius-xii/pt/speeches/1942/documents/hf_p-xii_spe_19420907_radiomessage-brasile.html. Subir
  2. Cf. José Carlos de Macedo Soares, Fronteiras do Brasil no Regime Colonial, Rio de Janeiro, 1939, pp. 11-12. Apud Gustavo Antônio Solimeo, O “Muy Bom Fidalgo” que descobriu o Brasil. Catolicismo, nº 219, março de 1969. Subir
  3. Área do Brasil. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/brasil/area-brasil.htm. Subir
  4. The 10 Most Populated Countries In The World. Jason Shvili. March 1 2021 in World Facts. Subir

Nota da editoria:

Imagem da capa: “Elevação da Cruz em Porto Seguro” (1879), por Pedro Peres (1841 – 1923).


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