Brasil: o país onde a empresa paga muito e o trabalhador ganha pouco!

Obra: "Detroit Industry North", por Diego Rivera.

Se precisássemos criar um Estado com superpoderes, inventaríamos brigas em cada canto da cidade. Plantaríamos a ideia de que o cartola do futebol é inimigo do torcedor; aí criamos o estatuto do torcedor. Criaríamos a ideia de que o jovem é inimigo do velho; então criaríamos o estatuto do idoso. Criaríamos a ideia de que o branco é inimigo do negro; então criaríamos leis para proteções raciais. Criaríamos a ideia de que os patrões são inimigos dos empregados; aí criaríamos legislações trabalhistas. Criaríamos a ideia de que os fabricantes são inimigos de consumidores; aí criáramos o PROCON! Ou seja, faríamos parecer que todos os indivíduos em uma sociedade estão permanentemente em embates, distúrbios e inimizades. E, como todos não param de brigar, poderíamos fazer o sacrossanto Estado financiado pelos brigões gerar mecanismos repressores.

José Monir Nasser (1957 – 2013)

* Para mais detalhes, clique aqui.



No Brasil, vivemos uma contradição gritante: enquanto o trabalhador ganha pouco, as empresas pagam muito. Mas como isso é possível? A resposta está em um sistema que, embora batizado de “direitos trabalhistas”, esconde uma série de custos que acabam não indo para o bolso do trabalhador. Quem, então, se beneficia de todo esse dinheiro? O governo.

Esse sistema, que teoricamente deveria proteger o trabalhador, acaba desviando uma parte considerável do seu merecido pagamento. Na prática, a empresa paga um valor elevado, mas o trabalhador vê apenas uma fração disso em sua conta. O restante vai para impostos, taxas e encargos que acabam nas mãos do governo. É um ciclo vicioso, no qual os recursos gerados pelo esforço de quem realmente trabalha são absorvidos pela máquina pública.

Hoje, os encargos trabalhistas representam mais da metade do custo total que uma empresa tem com um funcionário. Em outras palavras, para cada R$ 2,00 que a empresa paga por funcionário, o trabalhador fica com menos de R$ 1,00. Isso levanta uma questão fundamental: faz sentido chamar isso de “direitos trabalhistas”? Ou seria mais apropriado chamá-los de direitos dos políticos?

A verdade é que esse dinheiro, que deveria recompensar o esforço e o talento do trabalhador, acaba sendo administrado pelos políticos, e não raramente, mal utilizado. É uma situação em que quem merece não recebe diretamente e quem acaba decidindo o destino desses recursos não é o próprio trabalhador. E, em muitos casos, esses recursos são mal alocados ou até apropriados indevidamente.

Está mais do que na hora de modificarmos esse sistema. Precisamos de um modelo no qual o valor gerado por quem trabalha vá, de fato, para o bolso de quem merece: o trabalhador.

O principal direito trabalhista, o de receber uma remuneração compatível pelo seu trabalho é usurpado, no Brasil, exatamente pelos políticos que dizem proteger o trabalhador. Isso tem de mudar imediatamente.


Ricardo Amorim
Por Ricardo Amorim.
Publicado no LinkedIn do autor, em 12 de Setembro de 2024.

Amorim é autor do bestseller Depois da Tempestade, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, o único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.


Nota da editoria:

Imagem da capa: “Detroit Industry North”, por Diego Rivera.


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