Este artigo não ambiciona que você faça duas meditações, mas 999!
Os próximos parágrafos são excertos da obra Minha luta à luz do “Caminho” ,
escrita por São Josemaría Escrivá (1902 – 1975) e
enriquecida pelas meditações pessoais do Dr. Ives Gandra da Silva Martins.
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O livro conta com 1528 páginas das quais descrevem 999 meditações,
e está disponível para download aqui e no website do jurista,
advogado e escritor Dr. Martins, o qual a Cultura de Fato recomenda fortemente.
Meditação I
Há 48 anos luto para que a minha vida não seja estéril. E quanto mais penso, menos a sinto útil. É que lutar apenas não basta. É preciso lutar bem. Com reta intenção. Somente assim a minha fé, a fé que me ilumina, poderá iluminar os caminhos da terra. Só assim o amor que sinto poderá deixar rastro.
Mas, quantas vezes, ao querer apagar o rastro viscoso e sujo que deixaram os lançadores impuros do ódio, eu também não fiquei tomado pelo visco e pela sujeira da semente que procurara erradicar? Quantas vezes, não fiz o que queria e fiz o que não devia? Quantas vezes, o fogo de Cristo que levo no coração não foi capaz de incendiar o mínimo de palha na terra, por falta de calor? Quantas vezes vivi mais dúvidas que certezas, mais decepções que alegrias, mais misérias que virtudes?
Ensinaste-me, entretanto, que a vida do cristão é um recomeço permanente. E sempre recomecei, na esperança de deixar rastro. Não mais por mim, porque a cada queda mais conheci a minha fragilidade, mas por Ti, em quem tudo espero, tudo creio, tudo vejo, tudo sinto. Em Ti que és meu repouso.
Recomeçarei, hoje e sempre. E em cada recomeço sinto que estás mais perto e que o tempo perdido pode ser recuperado. Afinal, Dimas não conseguiu recuperar todo o tempo perdido em um segundo e adentrar primeiro que todos os nascidos de mulher, depois de Cristo, no Reino Eterno?
Recomeçarei, hoje e sempre. Meu Pai, meu Deus, meu Senhor, meu Tudo. Hei de deixar rastro. Hei de não ser estéril. Hei de iluminar os caminhos da Terra. Hei de incendiá-la. Tu és a razão de ser. Não me abandones nunca, mesmo quando a tentação me leva a acalentar miseráveis aspirações de abandoná-Lo. Nem por um segundo, deixa de estar comigo. Só assim poderei continuar lutando. Agora, sempre, na esperança de que um dia, pelo menos um dia, eu viva, plenamente, o ritmo maravilhoso de incendiar caminhos, de gerar fogueiras, de queimar o mundo de amor.
Recomeçarei, hoje e sempre. Meu Pai, meu Deus, meu Senhor, meu Tudo. Hei de deixar rastro. Hei de não ser estéril. Hei de iluminar os caminhos da Terra. Hei de incendiá-la. Tu és a razão de ser. Não me abandones nunca, mesmo quando a tentação me leva a acalentar miseráveis aspirações de abandoná-Lo. Nem por um segundo, deixa de estar comigo. Só assim poderei continuar lutando. Agora, sempre, na esperança de que um dia, pelo menos um dia, eu viva, plenamente, o ritmo maravilhoso de incendiar caminhos, de gerar fogueiras, de queimar o mundo de amor.
Meditação II
A língua. Quantas conversas inúteis, repletas de vaidade, de assuntos mundanos, de murmuração! Um filho de Deus deveria falar pouco, mas falar de tal maneira que todos tivessem prazer em ouvi-lo. Saíssem edificados em ouvi-lo.
Todos os momentos da história humana são de crise. Quem ama o estudo dos acontecimentos passados nunca encontra nenhum momento em que para algum segmento da sociedade, se não para a grande maioria, os tempos não fossem difíceis. Para os conquistados, nas civilizações primitivas, os tempos sempre foram difíceis. Para os oprimidos, para os escravizados, para os de pouca renda. A evolução humana melhorou os meios de conhecimento, a educação temporal e a tecnologia pertinente a cada época. Não melhorou, todavia, os tempos difíceis. Qualquer que seja o estágio civilizacional, os tempos são sempre difíceis para a grande maioria do povo.
O cristão veio para viver nos tempos difíceis. O filho de Deus pelo batismo é aquele que transforma o tempo difícil material em um tempo de semeadura, de criação, de alegria, brincando com a própria dificuldade. O cristão é aquele para quem o tempo difícil é a sua melhor matéria prima. Pois, nele, tempera sua vontade, sua sede de justiça, seu amor ao próximo, seu desprendimento, sua humildade, sua generosidade.
Por isto, a conversação do verdadeiro cristão nunca é pessimista, mesmo que tudo leve ao pessimismo. Nunca é triste, mesmo que tudo leve à tristeza. Nunca é amarga, mesmo que tudo leve à amargura.
A conversação do cristão é simples, amena, alegre, descontraída, construtiva. Sua conversação é um bálsamo para os que o ouvem, fazendo esquecer os tempos difíceis.
A vaidade, o ódio, o orgulho, a murmuração, a infâmia, a calúnia nunca participam da conversação do verdadeiro filho de Deus.
Meu Deus! Quantas vezes, entretanto, esqueci-me destas lições tão simples, ao ponto de meu amor pelo Senhor ter soado como algo postiço, artificial, inexistente! Quantas vezes murmurei, fui vaidoso, falei demais, quis mostrar conhecimento, reduzindo a altura a que me levanto à baixeza de minhas misérias! Quantas vezes, devem ter perguntado: “Como é possível que este aí leia a vida de Jesus Cristo”? Quantas vezes, não tive o aprumo natural e simples dos filhos de Deus?
Extraído da obra: Minha luta à luz do “Caminho”, escrita por São Josemaría Escrivá (1902 – 1975).
O livro é henriquecido por meditações pessoais de Ives Gandra da Silva Martins.
Nota:
O título desta postagem (“Duas meditações”) não faz parte de nenhuma epígrafe do livro, foi atribuído por nossa editoria.
Em complemento, assista homilia da qual o Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior ministrou em memória de São Josemaría Escrivá: