“Os dois monstros gêmeos, o comunismo e o nazismo,
têm vocação genocida. Naquele, o genocídio de classe; neste, o genocídio de raça.”,
Roberto de Oliveira Campos (1917 – 2001): economista, diplomata e político brasileiro.
Quem sustenta que o nazismo é de direita costuma sacar da manga o argumento matador – “Todo mundo sabe disso, ora!”.
Só que isso não basta e não é verdadeiro. O fato de haverem ido à guerra em lados opostos não significa que os dois totalitarismos não se situem no mesmo quadrante do arco ideológico 1.
São as analogias que, como traços fisionômicos, assinalam seu parentesco. Ambos são totalitários, ambos afirmam a prevalência do Estado sobre a sociedade 2, ambos são anticapitalistas e contra o livre mercado 3, ambos se opõem ao conservadorismo e ao liberalismo. Diante disso, enquadrar o nazismo à direita deixa a direita sem enquadramento possível.
Foi a repetição à exaustão que, também nisso, fixou no senso comum a ideia de que o comunismo está à esquerda e o nazismo à direita. No entanto, geneticamente semelhantes, como irmãos gêmeos, um aprendeu com o outro, andaram juntos, firmaram acordos, até que, horas tantas, os interesses geopolíticos de Hitler e Stalin os levou a se desentenderem 4.
Sei o quanto fica difícil aos comunistas e à esquerda radical ter que carregar os crimes e fracassos de suas experiências históricas 5. Para que a situação não piore, empenham-se em estornar de sua conta corrente os fracassos e crimes do nazismo. Mas é o que vida mostra.
Escrito por Percival Puggina.
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Notas inclusas pela editoria da Cultura de Fato:
- O nazismo deteve similaridades com o socialismo (comunismo), inclusive perceptíveis no nome do partido político. O conhecido “Partido Nazista”, oficialmente chamava-se: “Partido Nazista Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães” (“Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei”).
- É válido considerar que, os campos soviéticos de concentração (GULAG) antecederam aos alemães. Para compreender mais sobre a prevalência do Estado é, de grande valia, a leitura da obra: Hitler e o desarmamento, escrita por Stephen P. Halbrook.
- “Do ponto de vista econômico, no nazismo o Estado interferia e controlava diretamente a economia por meio da associação com um punhado de grandes conglomerados. Em todo o tempo, os industriais conservadores alemães estiveram debaixo do controle político do nacional-socialismo. Se isso não for socialismo, não há forma lógica de defini-lo”. As aspas se fazem necessárias, pois esta nota foi extraída da página 99 da obra: Contra a Idolatria do Estado. O Papel do Cristão na Política, publicada pela Editora Vida Nova, sob ISBN: 978-85-275-0644-1.
- Basta parafrasear Olavo de Carvalho para expor uma analogia bastante pedagógica: “disputa de cargos existem até mesmo entre políticos de um mesmo partido”.
- Em 6 de novembro de 1860, os americanos elegeram o republicano Abraham Lincoln (1809 – 1865) como o 16º presidente dos Estados Unidos, assim optaram pela abolição da escravidão. Na época, a esquerda, representada pelo Partido Democrata, não só apoiava a permanência da escravidão como lutava para expandi-la. Portanto, historicamente torna-se impraticável associar o Partido Republicano, que ainda detém viés direitista, com o nazismo.
O comunismo e o nazismo são opositores ao cristianismo. Contudo, muitos acreditam que Hitler era cristão, um absurdo que é desmentido documentalmente. Veja: