“O homem medíocre não acredita no que vê, mas no que aprende a dizer”,
Olavo de Carvalho.
No município de São Paulo, Bruno Covas e Guilherme Boulos venceram no primeiro turno, respectivamente com 32,85% e 20,24% dos votos válidos [1]. No segundo turno, a megalópole reelegeu Bruno Covas, o socialista menos intenso. Muitos ficaram felizes e surpresos. Eu não!
Houve fraudes? Certamente! Contudo, mesmo que seja dificílimo corroborar que as urnas eletrônicas foram fraudadas, é facílimo comprovar que as fraudes intelectuais foram abundantes. Abundantes como sempre, e nem sempre tão claras quanto a mais clássica delas: a compra de votos.
Só para exemplificar, o maior e mais rico município da América Latina também “caiu na mão” de socialistas em 2001, 2005, 2006, 2013 e 2017. Falta de opção? Sem dúvida! Todavia tal fato expõe a fragilidade intelectual sem elucidá-la.
São Paulo é uma cidade cosmopolita, portanto, abriga todas as culturas e, infelizmente, talvez a única cultura germinada dentro da própria capital seja a do fanatismo pela profissão e pelo dinheiro.
Sem dúvida, a capital paulista detém os melhores médicos, os melhores engenheiros, os melhores arquitetos, enfim, abriga profissionais extraordinários das mais variadas áreas. Mas, talvez, o excesso de profissionalismo, como todo excesso, gere problemas. Neste contexto as fraudes e as fragilidades intelectuais. A água, que é essencial para a vida, também afoga!
Comumente, na megalópole, o engenheiro (profissão exemplificativa e escolhida aleatoriamente) sai de casa às seis horas da manhã ou antes, frequentemente, ainda a caminho do trabalho, marca reuniões e lê sobre as novidades da engenharia. Chegando à empresa, o dedicado profissional frequentemente diz primeiro algo como: “resolveu o problema?”, e depois (com sorte) irá desejar “bom dia”. No almoço, quando em conjunto com os colegas de trabalho, habitualmente utiliza o momento para negociar sobre aquilo que o tempo não permitiu quando dentro do escritório. O retorno para casa se dá frequentemente além, muito além, das oito horas normais de trabalho. No término do dia, como “ninguém é de ferro”, a TV será sintonizada em algum telejornal, o qual serve como opção cotidiana para “relaxar” e obter “informações”.
Não é coincidência que, muitas vezes, entre manobristas, barbeiros e taxistas encontramos pessoas que não sejam massa de manobra e, portanto, divirjam entre si e entre outros profissionais nas mais variadas pautas. Enquanto entre “doutores” haja alinhamentos perfeitos quando estes discutem entre si sobre política e religião, mas inevitáveis discordâncias quando o assunto for o da própria profissão. Entre doutrinados há muitos balançares de cabeças e piadas sugerindo concordâncias, e raríssimos conflitos de ideias.
Um engenheiro muito dedicado naturalmente terá enorme conhecimento sobre sua área. E todos nós devemos ser responsáveis ao máximo em nossos trabalhos. O problema é quando “nosso engenheiro” crê que a habilitação em “engenharia” lhe propicia grande consciência política, religiosa ou outras! Aquele que se vê como medida máxima não será capaz de ver nos outros nada além daquilo que ele mesmo não possa conter. Mas, talvez, o jornalismo da TV detenha aspectos dos quais ele se absteve durante o dia, a semana ou o ano!
“Retornando para São Paulo”. Se alguém nos perguntar: “Qual é a cidade mais capitalista do Brasil?”, e logo em seguida nos questionar: “No Brasil, qual município produz mais movimentos socialistas?”, é provável que nossa resposta seja São Paulo para ambas as dúvidas. Por causa do grande número de habitantes? Acredito que esta não seja a única causa.
Recapitulando. Cidades cosmopolitas abrigam muitas culturas. Isso significa que admitem mais facilmente “coisas novas”. Uma parada gay poderia ser escandalosa em uma pequena comunidade, mas onde todos estão habituados a “ver de tudo”, poderá ser divertida. Um pequeno município poderá ter orgulho em lhe apresentar sua intocável iguaria, já na “cidade grande” trocar o nome da única iguaria por uma denominação europeia e tornar o paladar gálico poderá demonstrar sofisticação! Nas megalópoles a ideologia de gênero poderá até parecer algo necessário nas escolas, pois aquele “assunto” é frequentemente visto nas ruas; nas cidades menores, muitos desejarão recolher quaisquer imoralidades das ruas antes que cheguem às escolas (contudo, é claro que em maior ou menor grau a destruição das nossas tradições encontra-se em voga).
Será errado afirmar que o Partido dos Trabalhadores arrebatou pessoas no Sudeste, sobretudo pelo marxismo cultural, e no Nordeste principalmente pelo bolso?
A cultura tem um poder enorme. Todos nós conhecemos pessoas que tratam cães como se fossem crianças, mas se essas mesmas pessoas estivessem nascido em Yulin (China) [3] provavelmente chamariam de “churrasco” aquilo que no momento chamam de filho. Socialistas infundem culturas em seus militantes, que irão defendê-las como se fossem filhos; socialistas querem destruir a atual cultura para reconstruir um “novo normal” [4], e nada mais adequado do que iniciar onde toda cultura é bem-vinda.
O tecnicismo e o cosmopolitismo contribuem com grandes cidades de forma democrática, alavancando tanto o bem quanto o mal, e São Paulo é só um exemplo disso.
Escrito por Eric M. Rabello.
Notas:
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/apuracao/resultados-eleicoes/71072/sao-paulo-sp
- https://exame.com/brasil/semaforos-para-pedestres-da-avenida-paulista-ganham-casais-homoafetivos/
- https://animalequality.org.br/noticia/2020/06/22/o-festival-de-carne-de-cachorro-esta-sendo-celebrado-novamente/
- Se existisse o “normal 1”, o “normal 2” e até outros “normais”, não haveria nenhum “normal”. Ou, o “normal” seria a variância, portanto, seria a anormalidade! O “novo normal” é uma autocontradição.