“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja,
e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.”
Mateus 16:18
Qualquer que seja o nome daquele que se assentará na Cátedra de Pedro, podemos desde já fazer algumas sugestões para o seu pontificado.
A primeira delas seria canonizar o grande Papa Pio XII, o pontífice mais citado nos documentos do Concílio Vaticano II e o pai da Bioética. Praticamente todos os temas bioéticos atualmente estudados (esterilização, procriação artificial, transplantes…) foram primeiramente abordados por Pio XII.
A segunda delas seria definir como verdade de fé, a partir do Mistério da Encarnação, que todo indivíduo humano, à semelhança de Cristo no seio da Virgem Maria, recebe por criação direta de Deus uma alma racional no momento da concepção. Para nós, esse momento é aquele em que os dois gametas (materno e paterno) perdem sua individualidade para darem origem à célula ovo ou zigoto. Cristo, que “manifesta plenamente o homem ao próprio homem” 1, é a chave teológica para se resolver a questão da “animação” embrionária.
A terceira sugestão seria corrigir o Código de Direito Canônico, que, em seu cânon 96, apresenta o Batismo como o momento em que o homem é constituído “pessoa”. Uma boa correção seria afirmar que todo homem é pessoa desde que é concebido, e se torna cristão quando é batizado.
A quarta sugestão seria condenar a tese de Bouscaren (1928), segundo a qual, em uma gravidez tubária, a remoção da trompa antes da sua ruptura, contendo a criança ainda viva, não seria um aborto direto. Na verdade, tal remoção (salpingectomia) constitui aborto direto, pois não seria feita se a mulher não estivesse grávida. O objeto da ação é remover não a trompa, mas a criança do organismo materno, com sua morte consequente.
A condenação de tal tese estimularia a busca de procedimentos não abortivos para tratar uma gravidez ectópica, inclusive a pesquisa de uma cirurgia para transportar o embrião da trompa para o útero (conversão tubário-uterina ou operação Wallace).
Anapólis, 2 de maio de 2025.
O autor, Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, é vice-presidente da Associação Pró-Vida de Anápolis.
Nota:
Notas da editoria:
Imagem da capa: “Conclave in the Sistine Chapel for the election of the new Pope” (1903), por Achille Beltrame (1871 – 1945).