“Primeiro o aborto é autorizado, depois recomendado, por fim imposto. É sempre assim.
Cada novo ‘direito’ contém em si o germe de uma imposição totalitária. Quando vão entender isso?”
Olavo de Carvalho (1947 – 2022)
A defesa do aborto não tem lógica. Por que então algo ilógico encontra aceitadores? É que a nossa mente não se rege necessariamente pelas leis da lógica, mas sim pelas leis da psicologia. A oposição entre as primeiras e as segundas pode levar-nos a erros gigantescos.
Uma das leis da psicologia é esta: “Uma sentença torna-se aceitável como verdadeira se for repetida muitas vezes e se já tiver muitos seguidores”. É claro que isto não é admissível pela lógica. A verdade não se faz pela repetição nem pela vontade da maioria. No entanto estes dois fatores são muito influentes na mente humana. Os abortistas sabem o que fazem quando tentam espalhar números de “pesquisas” (?) segundo as quais a maioria da população já seria favorável ao aborto. E sabem o que fazem ao repetir inúmeras vezes argumentos ilógicos, como o direito da mulher ao seu corpo (como se o corpo da criança fosse um pedaço do corpo da mãe), o maior valor da vida da gestante em relação à da criança (como se ambas as vidas não fossem igualmente sagradas), a misericórdia de abortar uma criança portadora de deformidade física incurável (como se fosse misericordioso o assassinato de um doente)… tudo isso, por ilógico que seja, ganha aceitação pela repetição.
Mas além de repetir mentiras acerca do aborto, é preciso um cuidado especial: ocultar aquilo que se defende. Nunca algum de nós verá um abortista mostrando ao público as imagens de um aborto. A visão de crianças esquartejadas após uma curetagem ou cauterizadas após um envenenamento salino e atiradas a uma lata de lixo, é um argumento mudo que cala a mais eloqüente das retóricas abortistas. É psicologicamente impossível defender o aborto sem escondê-lo.
Escondê-lo significa não apenas afastar do público as imagens hediondas, mas usar eufemismos para encobrir a realidade. Em lugar de “criança” usa-se “feto”, “embrião”, “concepto” ou “produto conceptual”. Em lugar de “abortar”, usa-se “interromper a gravidez”. Tudo isso deve-se ao respeito a uma elementar lei da psicologia: “O que os olhos não veem o coração não sente”.
Que a mente humana pode errar em seus juízos, todos nós o sabemos por experiência. Mas o momento atual em que se ousa discutir algo indiscutível como o direito do nascituro à vida oferece-nos uma chance especial de vermos até que ponto o homem pode desviar-se da verdade e abraçar os maiores absurdos.
Por Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz.
O autor é presidente da Associação Pró-Vida de Anápolis.
Nota da editoria:
A imagem de capa: “Death” (1897), de Janis Rozentāls (1866 – 1916).
Confira, neste áudio, a resposta proferida pelo filósofo Olavo de Carvalho (1947 – 2022) ao questionamento: você é favorável ao aborto?