Atente: este artigo foi originalmente publicado pelo website Mídia Sem Máscara, em 8 de outubro de 2011.
No entanto, é possível que nos dias atuais os próximos parágrafos sejam ainda mais úteis.
Recentemente tive a experiência de publicar vídeos no Youtube, a respeito de inúmeros assuntos e, em particular, sobre as falácias do ateísmo militante, em várias questões de ordem histórica, política, filosófica e sociológica. Muitos desses chamados militantes são jovens, pessoas sem muita instrução, mas abertamente aptas a um discurso pronto e preparado para cabeças vazias. De fato, a militância ateísta repete os mesmos preconceitos ideológicos comuns dos autores iluministas e materialistas, sem o brilhantismo destes, embora com algumas adaptações e acréscimos. Na verdade, eles papagueiam a literatura de folhetim de pseudo-intelectuais ateus, como Richard Dawkins, Sam Harris, Daniel Dennett e Christopher Hitchens, que repetem a mesma patacoada que poderíamos encontrar em Diderot, em Voltaire, em Nietszche, em Marx e demais secularistas famosos, com a diferença de que os primeiros são intelectualmente mais primitivos e simplórios do que os últimos.
Dominados por argumentos pseudo-cientificistas e mesmo por justificativas históricas fraudulentas, eles repetem à exaustão os males da religião no mundo: ignorância, intolerância, fanatismo, atraso, etc. E colecionam os espantalhos de sempre, quando a culpada é a Igreja Católica: cruzadas, inquisição, guerras religiosas, Galileu Galilei, pedofilia, etc. Certos militantes ateus, como um certo Daniel Fraga, fazem falsas correlações entre pobreza e religiosidade, além de divulgar teses mentirosas sobre a inferioridade intelectual dos religiosos. O mais grotesco é dar conjecturações “científicas” dessas referências.
Tal como os racistas do final do século XIX e começo do século XX, os ateus militantes estão espalhando as tolices mais odiosas contra os cristãos, embasadas em pressupostos “racionais”. Somando-se a estes chavões, há a tentativa deliberada de retirar a fé cristã da vida pública, por meio da intimidação, da coerção e mesmo da força do Estado. O maior arauto dessa política é um sujeito chamado Daniel Sottomayor, dirigente da ATEA, uma ONG disseminadora do ateísmo militante. Na prática, quando os ateus militantes bradam pela supremacia e radicalização do Estado laico, querem um Estado ateu, nivelando as religiões para baixo e transformando o secularismo numa espécie de fé pública. O raciocínio secularista aplicado é idêntico às políticas de ateísmo oficial. Nisto, eles não diferem dos jacobinos da Revolução Francesa ou dos bolchevistas da Revolução Russa.
Chega a ser patética a manifestação desses indivíduos: tal como os negros e os gays, os ateus militantes querem ganhar o status de “minorias” perseguidas pelos malvados religiosos, no intento de se criar os mais odiosos privilégios legais. Ainda que essa militância influencie universidades, escolas, mídia e reivindique o poder completo de monopólio de palavra contra os cristãos.
Se não bastasse essa fábrica de mentiras, repetida por um bando de criaturas ignorantes e presunçosas, eles se organizam em bandos, para boicotarem qualquer manifestação de dissidência. De fato, foi isso que presenciei quando expus minhas idéias no Youtube: legiões organizadas de embusteiros falantes mandavam ofensas e “negativizavam” os vídeos, além de enviarem ameaças de boicote e até de processo judicial. Houve um sujeito que disse que me denunciou ao Ministério Público Federal. Sabe-se lá qual crime cometi! O apresentador de um programa de televisão, Luís Datena, também sofreu um processo na justiça por conta do Ministério Público Federal, ao afirmar que os bandidos não têm Deus no coração e que um ateu não teria limites morais. A acusação: “preconceito contra ateus”.
O absurdo de tal tipificação é que ela simplesmente não existe na legislação brasileira.
Numa época de ditadura politicamente correta, há certas pessoas que querem elevar o Ministério Público a uma nova espécie de fiscal dos pensamentos alheios. Contudo, os ateus militantes chorosos, seja na internet ou em outros meios de comunicação, chamam os religiosos de “fanáticos”, “ignorantes” e falsificam deliberadamente a história, disseminando uma chuva inesgotável de calúnias. Naturalmente, tudo em nome da liberdade de expressão e sob o beneplácito, o nihil obstat, do Ministério Público.
Atualmente, procuradores e promotores públicos neste país bancam os burocratas estúpidos e retardados mentais que querem tutelar as antipatias alheias, principalmente para agradar gangues políticas esquerdistas neuróticas e cheias de sensibilidades doentias.
Apesar de tudo, o que me surpreendeu nessas manifestações raivosas foram os pedidos de censura contra as minhas declarações. Aí podemos compreender por que o governo federal, atualmente, possui tamanha força para querer invocar mecanismos de controle estatal sobre as opiniões da internet. O PNDH-3 (Plano Nacional de Direitos Humanos) do governo petista, que exige censura da liberdade de expressão na imprensa e na internet, tem sólido eco e apoio nessas turbas fanatizadas.
Os ateus militantes, que se julgam tão liberais, tão avançados, tão pluralistas, querem exigir formas de censura intelectual impensáveis até para o nível repressivo da Inquisição Espanhola. Muitos ficaram furiosos quando afirmei que o ateísmo militante, ao contrário do que se apregoa, não é mera descrença em Deus, mas uma doutrina ideológica que visa justamente fundar uma nova sociedade materialista e transformar os cristãos em cidadãos de segunda classe. Não me espanta que eles me ataquem virulentamente, ainda que façam pose de criaturas isentas. Tal como o secularismo militante e radical, que no século XX inspirou as piores tiranias, os ateus militantes atuais absorvem todo o seu radicalismo sectário. As investidas contra cristãos nos países comunistas, no México do PRI na época da Revolução Mexicana e nos desvarios sanguinários da guerra civil espanhola não são meras coincidências. São frutos reais de uma propaganda violenta de ódio ao cristianismo. Tal brincadeira custou a vida de milhões de pessoas e a destruição da liberdade religiosa.
E, surpreendentemente, meu blog, “Cavaleiro Conde” sofreu um bloqueio do Google, por supostamente “violar os termos de serviço”. A acusação era de que um vírus se infiltrou no meu site. Não tenho a menor ideia do que realmente ocorreu. É bastante provável que alguém tenha roubado a senha, inserido um vírus e depois me denunciado ao Google. Ou então algum pretexto para a censura mais explícita. Talvez ainda tenha chovido várias denúncias de ateus e demais recalcitrantes. Não boicotaram várias vezes o blog do meu amigo evangélico Julio Severo? Não cancelaram sua conta do Pay Pal, sob pressão dos fanáticos fascistas do movimento gay? Então…
Lamentável é perceber que os termos de uso do Google e do Blogger não garantem a liberdade de expressão. Pelo contrário, as cláusulas são visivelmente leoninas, e oneram absurdamente o usuário, uma vez que sem o consentimento deste, pode-se simplesmente apagar o blog. Isso porque a chamada “denúncia de abusos” dá força para grupos organizados, que podem pressionar a censura de um determinado blog por ser considerado “inconveniente”. Ao que parece, é preciso que os blogueiros criem mecanismos e precedentes jurídicos que protejam seus direitos constitucionais contra as pressões de grupos organizados e a covardia da Google.
Atualmente, esses grupelhos militantes querem mesmo calar a boca da dissidência, principalmente quando são cristãos e conservadores. Homossexuais, feministas, ateus, negros organizados ou de qualquer outra natureza idiossincrática, todos eles exigem a ditadura das idéias, a fiscalidade e controle estatais, ou melhor, uma nova inquisição ideológica, em favor do patrulhamento totalitário politicamente correto. Esse patrulhamento não poupa nada: obras, livros e até clássicos do passado, como foi o caso, aqui no Brasil, do Ministério da Educação rotular a literatura infantil de Monteiro Lobato de “racista”.
A bela obra de Miguel de Cervantes, quando publicada em 1605, em sua introdução, passou pelo crivo da Inquisição Espanhola. O livro é cheio de expressões satíricas, picarescas e palavrões. E, no entanto, o inquisidor que o leu não estava preocupado com isso. Pelo contrário, achou louvável a crítica contra a literatura cavalheiresca. Ao que parece, o nível dos inquisidores caiu muito de lá pra cá. Agora são os senhoritos arrogantes e andrajosos, perfeitamente satisfeitos de sua completa ignorância sobre tudo, que querem ditar a liberdade de expressão conforme a extensão de sua estupidez. A internet, que é o meio de liberdade de expressão por excelência, é vítima das investidas deles. E, naturalmente, eles combatem a liberdade de expressão, tudo em nome da “tolerância”, dos “direitos humanos”, do “progresso” e, pasmem, da liberdade humana!
Escrito por Leonardo Bruno.
Publicado originalmente pelo website Mídia Sem Máscara, em 8 de outubro de 2011.
Em adendo, assista excerto de entrevista concedida por Terry Eagleton, amigo de Christopher Hitchens (1949 -2011), e compreenda a infantilidade do ateísmo: