A geoengenharia já não é uma conspiração secreta

Obra: "Before a storm", de Leonid Afremov.

Via mercola.com — website do dr. Joseph Mercola. Tradução: Daniel Marcondes.

Artigo original disponível em:
https://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2021/09/08/geoengineering.aspx.*



Um relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), da ONU, alertou, em agosto deste ano1,2, que as mudanças climáticas podem ter alcançado um ponto irremediável, com ondas de calor, furacões e outros eventos extremos estando propensos a piorar, conforme o aquecimento global vai se intensificando descontroladamente.

Em resposta a isso, a ONU está considerando uma controversa forma de geoengenharia que envolve a dispersão de aerossóis de sulfato na estratosfera terrestre, de modo a alterar o clima3 — com efeitos desconhecidos e potencialmente desastrosos.

Há muito tempo, a possibilidade de se modificar e controlar o clima tem sido rotulada como ficção científica ou teoria da conspiração, mas a manipulação em larga escala do clima terrestre, conhecida por geoengenharia,4 vem se tornando incrivelmente mainstream.

Se, por um lado, a geoengenharia poderia conseguir o desejado efeito da alteração climática, incluindo a diminuição das temperaturas globais, por outro, suas consequências indesejadas, que incluem a alteração da frequência das chuvas e a potencial incapacitação de algumas regiões do planeta para o plantio, poderiam ser permanentes e catastróficas.


ONU considera a dispersão de aerossóis de sulfato


Uma das controversas técnicas de geoengenharia que vêm sendo cogitadas pela ONU envolve a dispersão de aerossóis de sulfato cerca de 19 a 25 quilômetros acima da superfície terrestre. Essas pequenas partículas agiriam como refletores, rebatendo a luz solar de volta para o espaço em vez de para a superfície.5

O clima da Terra é em grande parte controlado pela quantidade de radiação solar que atinge o planeta e por quanto é absorvido pela superfície ou irradiado novamente para o espaço. A cobertura das nuvens e os gases do efeito estufa são exemplos de fatores que influenciam a reflexão da radiação solar.6

Segundo a Enciclopédia Britânica,7 “se a proposta da geoengenharia é influenciar o clima global de maneira significativa, ela precisará alterar intencionalmente a influência relativa de um desses mecanismos de controle”.

O relatório da ONU menciona o gerenciamento da radiação solar e a remoção dos gases de efeito estufa como formas de geoengenharia,8 tendo os aerossóis de sulfato sido incluídos na primeira categoria. Ao refletir mais radiação solar de volta para o espaço, os aerossóis diminuem as temperaturas globais, mas também proporcionam um sério “efeito colateral” — a diminuição da média de precipitação.

Como resultado, técnicas adicionais de geoengenharia — como a diminuição de nuvens cirros na atmosfera superior — seriam necessárias para contrabalancear o decréscimo da precipitação. O que poderia dar errado?

Supercomputadores têm rodado modelos para predizer como o gerenciamento da radiação solar poderá afetar diferentes regiões da Terra, não apenas em termos de temperatura, mas também em relação a chuvas e neve. O autor do relatório, Govindasamy Bala, do Instituto Indiano de Ciência, disse que “a ciência está lá”,9 mas está longe de ser uma ciência exata.

Reciclagem ou pensamentos de lixo“Acredito que a próxima grande pergunta”, disse Bala à Reuters, “seja: queremos fazer isso? (…) Tudo isso envolve incertezas, questões morais, questões éticas e de governança”. Como registrado pela Reuters, “isto porque cada região seria afetada diferentemente. Enquanto algumas poderiam se beneficiar em um mundo artificialmente mais frio, outras poderiam, por exemplo, sofrer por não mais ter condições para o plantio”.10 Paulo Artaxo, físico ambiental da Universidade de São Paulo e autor de outro relatório, complementou:11

“Basicamente, a mensagem é mais ou menos a mesma [que a do outro relatório]: ainda não é uma ciência suficientemente madura. Os efeitos colaterais de quaisquer das técnicas de geoengenharia conhecidas podem ser muito significativos (…). A sociedade precisa considerar se esses efeitos colaterais não são demasiado intensos para se tentar qualquer estratégia.”


Geoengenharia em desenvolvimento desde o século XX


Foi em meados do século XX que a geoengenharia foi inicialmente desenvolvida, utilizando tecnologias da Segunda Guerra Mundial. A semeação de nuvens, por exemplo, tem sido usada há décadas,12 consistindo em “semear” nuvens com iodeto de prata ou dióxido de carbono sólido para promover chuvas e neve, ou para enfraquecer tempestades tropicais. Pelo menos oito estados do Oeste dos EUA e dezenas de países utilizam a semeação de nuvens para elevar a precipitação.13

“Além disso, o Exército americano sugeriu que armas nucleares podem ser utilizadas como ferramentas para alterar climas regionais e tornar certas áreas do mundo mais favoráveis à habitação humana. Essa proposta, no entanto, não foi testada”, relata a Enciclopédia Britânica.14

Outras ideias para se alterar o clima terrestre foram também discutidas. Alguns métodos sugeridos para se refletir mais luz solar, de modo a reduzir o aquecimento global, incluem jogar bilhões de bolas de golfe nos oceanos, colocar um espelho gigante em órbita, remover as nuvens cirros, criar plantações e prédios mais reluzentes e liberar microbolhas para tornar a superfície dos oceanos mais reflexíveis.15

A possibilidade de voar com gigantescas naves espaciais sobre a Terra, de modo a refletir a luz solar, também foi considerada.16


Bill Gates financia esforços para o avanço do controle climático


Em 2010, Bill Gates financiou pesquisas para o desenvolvimento de máquinas que dispersariam água do mar nas nuvens, com o objetivo de aumentar sua capacidade de refletir a luz solar de volta para o espaço e, assim, reduzir o aquecimento global. Esse movimento despertou, por parte do ETC Group, um apelo ao banimento global de experimentos em geoengenharia, e um comentário do então diretor coexecutivo Jim Thomas:17

“Nós sabíamos que a Microsoft estava desenvolvendo aplicações para computadores relacionadas a nuvens, mas não esperávamos por isso. Bill Gates e seus cupinchas não têm qualquer direito de alterar unilateralmente os nossos mares e céus dessa maneira.”

Ademais, desde pelo menos 2012, Gates financia cientistas climáticos e faz lobby para os avanços da geoengenharia, de maneira a poder manipular o clima global.Cena do filme "O grande ditador". de Charles Chaplin.

Cientistas afirmaram que a dispersão de partículas reflexivas de dióxido de enxofre a 48 quilômetros sobre a Terra seria necessário para evitar uma catastrófica mudança climática, mas alguns críticos argumentaram que essas tecnologias poderiam ser utilizadas como armas ou para desenvolver sociedades abastadas às custas dos países mais pobres. Na ocasião, o The Guardian relatou:18

“Vem crescendo a preocupação de que um pequeno, porém influente grupo de cientistas — e seus apoiadores — possa ter um efeito desproporcional em decisões cruciais relacionadas às pesquisas e políticas envolvendo a geoengenharia.

‘Precisaremos nos proteger de interesses adquiridos [e] estar seguros de que as decisões não estejam sendo influenciadas por certas partes que poderão ganhar quantias significativas de dinheiro através da modificação climática, principalmente pelo uso da propriedade intelectual’, disse Jane Long, administradora do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos EUA, em um trabalho apresentado em uma conferência sobre… ética em geoengenharia.

‘Os riscos são muito altos e cientistas não são as melhores pessoas para lidar com as questões sociais, éticas e políticas que a geoengenharia levanta’, disse Doug Parr, cientista chefe do Greenpeace. ‘A ideia de que um grupo autosselecionado deva ter tanta influência é bizarra.’”

Em 2018, Gates novamente concordou em ajudar a financiar experimentos de cientistas de Harvard que sugeriram dispersar cloreto de cálcio na estratosfera, de modo a bloquear o sol e causar a diminuição do aquecimento terrestre.19


É a geoengenharia mais uma forma de controle social?


As preocupações levantadas em 2012 tornaram-se mais e mais significativas, na medida em que Gates segue investindo pesado em tecnologias de modificação climática que não apenas irão desestabilizar ainda mais os sistemas climáticos terrestres, como também poderão ser utilizadas como armas contra os povos, através do controle das chuvas e secas. Em uma entrevista anteriormente concedida pela dra. Vandana Shiva, ela me explicou que:

A empresa que coleciona patentes de organismos geneticamente alterados, tanto na saúde quanto na agricultura, é a Editas, fundada por um dos principais investidores da Fundação Gates. O próprio Bill Gates é também um grande investidor na Editas.

Eis aqui, então, uma companhia chamada Editas para editar o mundo como se fosse um programa do Word. Os dois cientistas que venceram o Prêmio Nobel deste ano tiveram ambos suas pesquisas financiadas por Gates. Minha mente voltou-se para como Rockefeller financiou pesquisas, ganhou o Prêmio Nobel e, então, se encheu de dinheiro.

Você financia a pesquisa. Depois, financia instituições públicas, nacionais e internacionais. Você investe e os submete a um cenário no qual só podem utilizar o que for de sua propriedade intelectual patenteada. E, como ele mesmo disse em uma entrevista, seu investimento mais inteligente foi nas vacinas, pois proporcionam um retorno de 20 para 1: investe-se $1, ganha-se $20. Quantos bilhões de dólares foram investidos? Você pode imaginar de quantos trilhões será o retorno.

No fim, de onde vem a nossa comida? Das sementes — ele quer controlar isso; a comida vem da terra — ele está controlando isso também e já se tornou o maior proprietário de terras agrícolas [dos EUA]. Mas é necessário o [controle sobre o] clima. É necessário um clima estável.

Sendo assim, o que poderia ser uma arma de controle sobre a agricultura? A modificação climática, a que ele chama de geoengenharia. Isso é engenharia climática. Novamente, ele está fazendo parecer que irá resolver o aquecimento global através da criação do esfriamento global.”


Crise climática como pretexto para o controle social


Um dos objetivos a longo prazo de Bill Gates parece ser o aprimoramento do controle sobre a agricultura global e toda a produção de comida. Essa estratégia começou com seu apoio aos alimentos GMO, em 1994, e continuou com “soluções” que atacam a fome via parceiros tecnológicos, químicos e industriais.

Grande ResetAgora, como o maior proprietário de terras agrícolas dos EUA, ele está na posição única de ser extremamente beneficiado pelo uso das práticas sugeridas em geoengenharia. Escrevendo para o The Defender, Robert F. Kennedy Jr. apontou que “a um homem obcecado por monopólio e controle, a oportunidade de dominar também a produção de comida deve parecer irresistível”. E continuou:20

“Seu histórico de investimentos sugere que a crise climática, para Gates e seus capachos, nada mais é do que um álibi para um intrusivo controle social, com vigilância de proporções típicas do ‘Great Reset’ e massivas geoengenhocas de ficção científica, incluindo seus dementes e assustadores projetos de espargir cloreto de cálcio ou água do mar na estratosfera para diminuir o aquecimento, soltar balões gigantes para saturar nossa atmosfera com partículas reflexivas, ofuscando o sol, ou sua perigosa jogada de liberar milhões de mosquitos geneticamente modificados em South Florida.

Quando contextualizamos esses pesadelos juntamente com a bateria de vacinas experimentais que ele força sobre 161 milhões de crianças africanas anualmente, fica muito claro que Gates nos toma a todos por meros ratos do seu laboratório.”


Ideologia socialista em vez de ciência climática


Zuzana Janosova-Den Boer experienciou a dominação comunista na Tchecoslováquia antes de se mudar para o Canadá. Em seu artigo I Survived Communism — Are You Ready for Your Turn? [“Sobrevivi ao comunismo — está pronto para a sua vez?”], ela detalha que “sinais muito familiares da mesma propaganda” estão começando a permear seu país de adoção.21

Em relação à geoengenharia, ela aponta que o comunismo tem subvertido o movimento ambientalista desde os anos 70, quando o então líder do partido comunista americano, Gus Hall, publicou um livro chamado Ecology [“Ecologia”], no qual afirma:22

“A sociedade humana basicamente não pode refrear a destruição do ambiente sob o capitalismo. O socialismo é a única estrutura que torna isso possível (…). Devemos ser os organizadores, os líderes desses movimentos.”

Den Boer escreve:23

“Essa ideia foi incorporada no programa do Partido Verde americano em 1989 (mesmo ano em que o comunismo soviético colapsou), no qual as ameaças fictícias do ‘aquecimento global’ e das ‘mudanças climáticas’ são utilizadas para assustar o público e fazê-lo acreditar que a humanidade precisa ‘salvar o planeta’:

‘Essa urgência, juntamente com outras questões verdes e temas relacionados, faz do combate ao efeito estufa uma poderosa ferramenta de organização (…). A sobrevivência é um grande motivador e pode nos ajudar a construir um movimento de massa que levará a mudanças políticas e sociais de larga escala em um curto espaço de tempo (…).

Antes de tudo, devemos informar ao público que a crise é mais imediata e severa do que está sendo dito, e que suas implicações são sérias demais para esperarmos pela confirmação científica universal que apenas uma ecocatástrofe viria a estabelecer.’”

Den Boer sugere que o IPCC esteja promovendo ideologia socialista em vez de ciência climática, citando como evidência os comentários de Ottmar Georg Edenhofer, ex-codiretor do Grupo de Trabalho III do IPCC, que, em uma entrevista de 2010, afirmou que as discussões de questões climáticas servem a interesses econômicos, e que:24

“Devemos nos libertar da ilusão de que a política climática internacional seja política ambiental (…). Devemos afirmar claramente que utilizamos a política climática para, de facto, redistribuir a riqueza mundial.”

Capa da obra: "COVID-19: The Great Reset", escrita por Klaus Schwab e Thierry Malleret.Mesmo sem levar em conta o controle social, é impossível ignorar os riscos práticos da geoengenharia, que nada faz, por exemplo, para impedir a acidificação dos oceanos e a elevação dos níveis de dióxido de carbono. E se os químicos utilizados para “ofuscar” a Terra forem interrompidos por qualquer razão, é provável que o “choque” daí decorrente faça com que o planeta esquente rapidamente, podendo resultar em “mortes em massa”.

Também é improvável que o efeito de esfriamento venha a ser distribuído com igualdade. Enquanto certas regiões do planeta seriam beneficiadas, outras poderiam ser afetadas negativamente por secas e inundações. Os riscos e fatores desconhecidos são imensos.

Até mesmo Christopher Field, presidente do comitê de geoengenharia solar da National Academy, apoiador de pesquisas futuras em gerenciamento de radiação solar, disse à Yale Climate Connections que “se você não sabe se uma bomba funciona ou não até que a tenha desarmado, essa é uma excelente razão para não construí-la”.25


Dr. Joseph Mercola
Publicado originalmente no website do dr. Joseph Mercola.
(mercola.com)

Traduzido por Daniel Marcondes.

* Os artigos do site do dr. Joseph Mercola estão sendo deletados
48 horas após sua publicação.


Notas:

  1. Reuters, 9 de agosto de 2021: https://www.reuters.com/business/environment/un-sounds-clarion-call-over-irreversible-climate-impacts-by-humans-2021-08-09/. Subir
  2. Sexto relatório de avaliação do IPCC: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/. Subir
  3. Summit News, 10 de agosto de 2021: https://summit.news/2021/08/10/un-to-consider-spraying-sulfate-aerosols-above-the-earths-surface-to-reduce-global-temperatures/. Subir
  4. Enciclopédia Britânica: https://www.britannica.com/science/geoengineering. Subir
  5. Consultar nota 3. Subir
  6. Consultar nota 4. Subir
  7. Consultar nota 4. Subir
  8. Reuters, 10 de agosto de 2021: https://www.reuters.com/business/environment/geoengineering-marks-scientific-gains-un-report-dire-climate-future-2021-08-10/. Subir
  9. Consultar nota anterior. Subir
  10. Consultar nota 8. Subir
  11. Consultar nota 8. Subir
  12. Scientific American, 16 de março de 2021: https://www.scientificamerican.com/article/eight-states-are-seeding-clouds-to-overcome-megadrought/. Subir
  13. Consultar nota 4. Subir
  14. Consultar nota 4. Subir
  15. Yale Environment 360, 29 de maio de 2019: https://e360.yale.edu/features/geoengineer-the-planet-more-scientists-now-say-it-must-be-an-option. Subir
  16. Consultar nota 3. Subir
  17. The Guardian, 14 de maio de 2010: https://www.theguardian.com/environment/2010/may/14/bill-gates-cloud-whitening-dangerous. Subir
  18. The Guardian, 6 de fevereiro de 2012: https://www.theguardian.com/environment/2012/feb/06/bill-gates-climate-scientists-geoengineering. Subir
  19. Forbes, 5 de dezembro de 2018: https://www.forbes.com/sites/trevornace/2018/12/05/harvard-scientists-begin-experiment-to-block-out-the-sun/?sh=3a4c751f40c2. Subir
  20. The Defender, 4 de fevereiro de 2021: https://childrenshealthdefense.org/defender/bill-gates-neo-feudalism-farmer-bill/. Subir
  21. Spencerfernando.com, 3 de janeiro de 2019: https://spencerfernando.com/2019/01/03/i-survived-communism-are-you-ready-for-your-turn/. Subir
  22. Consultar nota anterior. Subir
  23. Consultar nota 21. Subir
  24. Consultar nota 21. Subir
  25. Yale Climate Connections, 8 de junho de 2021: https://yaleclimateconnections.org/2021/06/geoengineering-a-worst-case-plan-b-or-a-fuse-not-to-be-lit/. Subir

Nota da editoria:

Imagem de capa: “Before a storm”, por Leonid Afremov.




Não se esqueçam de que Charlie Chester, diretor técnico da CNN, admitiu os planos da extrema-imprensa de lançar o aquecimento global e as mudanças climáticas como o novo COVID-19.


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