* Texto originalmente publicado como nota, no canal do Telegram de Patrícia Castro.
** Título e paragrafais nossos.
Eu desisti de ter expectativas no futuro. Já vivi o suficiente para saber que a maior parte das esperanças de um ano novo simplesmente morrem ainda na primeira semana.
A vida é loucamente aleatória. Você faz tantos planos, e se prepara, e se desgasta… mas o sorteado é justamente aquele que não fez nada! É tudo exatamente assim… Jesus já dissera que “Deus faz o sol brilhar sobre justos e injustos”. Tudo é realmente muito aleatório. É por isso que decidi não mais viver além do momento presente. Só existe o aqui e o agora. É aqui que eu tenho que me virar em mil para estar contente, é agora a minha chance de tirar uma lasquinha disso que a gente chama de vida.
E a virada? Ah, a virada é só uma passagem de hora que acontece todo dia, das 23h59min para uma hora que, não tendo nome melhor para ser chamada, é chamada de zero hora (exatamente zero, ainda que o zero não exista; e exatamente no singular, porque, além do não existir, chamar o zero no plural seria demais)… De resto, às vezes a gente quer dar o melhor de si, e, às vezes, nem o pior; às vezes quer tentar, outras vezes já desistiu até de querer e… se chegar, chegou, e, se não chegar… continua tudo no zero, que não existe e está no singular. A ilusão da mudança de calendário é somente uma dessas invenções que nos ludibriam da única coisa que realmente existe: o presente. Por isso, quis me dar o presente de presente, e livrar-me do peso da expectação para viver a leveza do nada esperar e, por isso, tudo ter.
Ano Novo? Não! Minuto novo, instante novo, átimo novo que chegou e já se esvaiu, dando lugar, nessa sucessão de escoamentos, à única consistência que existe: o Deus que é.
Por Padre José Eduardo.
Nota da editoria:
Imagem da capa: “A Firework”, por Tetiana Teresh.
