Jesus Cristo: o infinito no finito

Recorte da obra: "Última Ceia". Trata-se de um afresco da artista renascentista italiana Andrea del Castagno (1423 - 1457), localizada no refeitório do convento de Sant'Apollonia, agora o Museo di Cenacolo di Sant'Apollonia. A obra foi criada entre 1445 e 1450.

O cristianismo, se for falso, não tem valor; se for verdadeiro, tem valor infinito.
A única coisa que lhe é impossível é ser ‘mais ou menos’ importante.”,
 C. S. Lewis (1898 – 1963).



António Socci — Na sua opinião, um homem de 2003 precisa de Cristo?

É fácil perceber que as coisas proporcionadas por um mundo meramente material – ou mesmo intelectual – não atendem à necessidade mais profunda, mais radical, que existe em todo o homem: porque – como dizem os Padres da Igreja – o homem anseia pelo infinito. Parece-me que precisamente o nosso tempo, com as suas contradições, os seus desesperos, o seu massivo empenho em refugiar-se em becos sem saída como a droga, manifesta visivelmente essa sede do infinito, e apenas um amor infinito que, apesar de tudo, penetrasse na finitude, convertendo-se diretamente num homem como eu [ou seja, Cristo], poderia ser a resposta.

É certamente um paradoxo que Deus, o Imenso, tenha entrado no mundo finito como uma pessoa humana. Mas, é precisamente a resposta de que necessitamos: uma resposta infinita que, mesmo assim, se torna aceitável e acessível para mim, “acabando” numa pessoa humana que, no entanto, é o Infinito.

Diário ABC — Se contemplarmos à distância a vida do ser humano, que é? Será que o transcurso da vida de todos nós está traçado há muito tempo?

Em primeiro lugar, a vida é uma realidade biológica. No ser humano, é preciso acrescentar um novo nível: o do espírito que vive e vivifica. O espírito funde-se com a existência biológica, conferindo à vida outra dimensão. Além disso, a fé cristã está convencida da existência de outro nível ainda, concretamente o do encontro com Cristo. Podemos, pressenti-lo já no processo do amor humano: sempre que sou amado, penetro espiritualmente, através do outro, num novo nível. Algo semelhante acontece quando, através de Cristo, o próprio Deus se volta para mim, convertendo a minha vida numa convivência com a vida primigênia criadora.

Quer dizer que a vida tem múltiplas etapas…

E alcança-se a mais alta quando se converte em convivência com Deus. É precisamente aqui que radica a audácia da aventura humana. A pessoa pode e deve ser a síntese de todas essas etapas da criação. Pode e deve chegar até o Deus vivo e devolver-lhe o que recebeu dEle. […]

É importante que a vida percorra essas distintas etapas. Nas superiores, alcança-se inalmente a eternidade através da morte, pois a morte é o destino necessário de toda a vida meramente orgânica.


Trechos de entrevistas concedidas pelo Papa Emérito Bento XVI,
quando Joseph Aloisius Ratzinger era cardeal.


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Nota do editor:

A imagem associada a esta postagem ilustra um recorte da obra: Última Ceia. Trata-se de um afresco criado entre 1445 e 1450 pelo artista renascentista florentino Andrea del Castagno (1423 – 1457), pertence ao Museo di Cenacolo di Sant’Apollonia. Para obter ilustração completa e em alta definição da obra Última Ceia, clique aqui.


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