Por que é vital manter os pronomes tradicionais

Obra "A tender moment in the garden", por Federico Andreotti (1847-1930).

Se o mundo for contra a Verdade, serei contra o mundo.
Santo Atanásio (296 – 373)



Homens e mulheres preenchem a vida um do outro.

Cada um é a fonte do maior e mais intenso prazer que pode ser experimentado pelo outro. E por causa disso, a raça humana se perpetua.

Mas não é só isso; há muito mais:

  • Todo homem tem mãe.
  • Toda mulher tem pai.
  • Muitos homens têm uma ou mais irmãs.
  • Muitas mulheres têm um ou mais irmãos.
  • A maioria dos homens tem uma esposa.
  • A maioria das mulheres têm marido.
  • Muitos homens têm uma ou mais filhas.
  • Muitas mulheres têm um ou mais filhos.

E então, claro, há também avôs e avós, netos e netas, tios, tias, sobrinhos e sobrinhas.

Essas relações somam uma enorme parte da vida da maioria das pessoas, exigindo uma quantidade de tempo e proporcionando um nível de satisfação comparável e muitas vezes superior ao proporcionado pelo trabalho.

Se alguém com uma intensa fantasia de pertencer ao sexo oposto deve ser considerado como um membro real do sexo oposto, então o próprio conceito de sexo oposto é destruído. Oposto a quê? Oposto a um sentimento que se pertence ao sexo oposto, sentimento que supostamente determina a realidade do sexo?

Baseando-se nisso, o sexo oposto a um homem que se “identifica” como mulher, ou seja, sente que ele é uma mulher, e por isso é considerado como uma mulher real, é, voilà, outro homem. Assim, um homem se torna o sexo oposto de um homem. Assim, o próprio conceito do sexo oposto é destruído.

Se sentimentos e as fantasias devem substituir a realidade biológica como padrão de determinação de pertencimento a um sexo, então todas as relações acima entre os sexos são consideradas nulas e inválidas. Não há então diferença entre homens e mulheres, entre mãe e pai, entre irmã e irmão, entre marido e esposa, entre filha e filho. Pois, com base em mera fantasia, qualquer uma das instâncias de qualquer um desses conceitos podem ser transformadas em seu oposto.

Se for o pai pode ser a mãe e a mãe pode ser o pai, então os conceitos “pai” e “mãe” não têm base para existir. E, da mesma forma, nenhum dos outros conceitos de relações familiares podem ter alguma base para existir.

Em que visa abolir o reconhecimento da base biológica da distinção entre os sexos, o movimento pronominal revela ódio ao sexo e o desejo de obliterá-lo. Procura retirar o sexo do nosso vocabulário não só com respeito aos pronomes, mas também a todas as outras distinções entre os sexos. Assim, por exemplo, não devemos mais falar de garçons e garçonetes e de bombeiros e bombeiras, mas de “servidores” e “pessoa bombeira” — qualquer coisa para tirar o sexo da imagem, qualquer coisa para encontrar um substituto para qualquer referência a distinção entre homens e mulheres.

Aceitação de fantasias relativas à pertença ao sexo oposto como padrão, e suas imposição aos que não as partilham, mas que, no entanto, devem ser compelidos a participar delas, ao ter que usar pronomes especiais para se referir a aqueles que são consumidos por essas fantasias, é certamente uma das principais insanidades de massa do nosso tempo, ou de qualquer outro tempo. É a prova da falência intelectual e moral da maior parte da academia e da mídia de hoje, da nossa chamada “Intelligentsia”. Como Ayn Rand viu décadas atrás, o mundo precisa de “Novos Intelectuais” — uma nova intelligentsia — para substituir a atual safra de ignorantes amorais que se apropriaram indevidamente de nomes outrora dignos como “professor”, “especialista” e “jornalista”.


Por George Reisman.
Publicado em 24 de março de 2024 no website do Instituto Rothbard Brasil.


Nota da editoria:

Imagem da capa: “A tender moment in the garden”, de Federico Andreotti (1847 – 1930).


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