“Tudo em volta induz à loucura, ao infantilismo, à exasperação imaginativa. Contra isso o estudo não basta. Tomem consciência da infecção moral e lutem, lutem, lutem pelo seu equilíbrio, pela sua maturidade, pela sua lucidez. Tenham a normalidade, a sanidade, a centralidade da psique como um ideal. Prometam a vocês mesmos ser personalidades fortes, bem estruturadas, serenas no meio da tempestade, prontas a vencer todos os obstáculos com a ajuda de Deus e de mais ninguém. Prometam ser e não apenas pedir, obter, sentir e desfrutar.”, Olavo de Carvalho.
Olá, Puggina!
Olha só o que acabo de experimentar.
Domingo é aniversário do nosso vizinho. Estará comemorando 40 anos, o Drew. É um vizinho muito bom. Mônica perguntou à esposa dele com o que poderíamos presenteá-lo e ela disse que o bolo de milho que Mônica faz seria muito apreciado.
Então, o bolo será feito. Mônica quer colocar sobre ele duas velas, uma com número 4 e a outra com número zero. Nós não temos em casa o tal numero 0 e lá fui, ainda há pouco, para o supermercado comprar uma lista de coisas. Entre elas o tal zero.
Estamos sob lockdown, desde anteontem, aqui na nossa província e só é permitido, nas próximas quatro semanas, o comércio de itens essenciais e, portanto, supermercados estão abertos.
Peguei os artigos da lista e tal vela com o 0. Fui ao caixa eletrônico onde o cliente, ele próprio, passa no scanner os artigos e o cartão de crédito sem nenhum funcionário do estabelecimento. Quando estou colocando o último artigo já escaneado na sacola, vem correndo um garoto e se sai com a seguinte pérola:
— Você comprou uma vela?
— Sim, já passei no scanner.
— Mas não pode!
— Como assim não pode?
— Desculpe, mas meu gerente me mandou aqui porque a vela não é artigo essencial e portanto nos não podemos vender.
— Whaaaaat?
— Desculpe, mas eu preciso recolher a vela e lhe dar o devido desconto na sua compra.
E eu assisti o inacreditável: o garoto revirou minha sacola, tirou a vela, foi à máquina e suprimiu a vela da minha conta.
Se você não acredita que os tempos loucos estão chegando, é melhor repensar o assunto.
Abraço!
Escrito pelo engenheiro e empresário Jorge Abeid para Percival Puggina que é membro
da Academia Rio-Grandense de Letras, arquiteto, empresário e escritor .
Publicado originalmente no website de Percival Puggina em 11 de abril de 2021.
Nota do editor:
A imagem associada a esta postagem ilustra recorte da obra: “We are the robots”, criada pelo ilustrador russo Waldemar von Kazak.