A Escravidão do sentimentalismo

Imagem de capa criada digitalmente por Qingyang Liu.

O que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas
antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente.
O que ele necessita não é a descarga de tensão a qualquer custo, mas antes o desafio
de um sentido em potencial à espera de ser cumprido.

Viktor Emil Frankl (1905 – 1997)



“Para uma pessoa que vive como um sentimentalista, o sentimento deixa de ser uma reação inicial e passa a ser uma verdade, ou seja, se ela sente raiva, ódio por alguém, esse ódio torna-se verdade que não pode ser negada e que se torna o motor dos atos de maneira inquestionável”.

O sentimentalista no fundo é um escravo das próprias paixões ou dos próprios sentimentos. Ora, se é escravo, perde a responsabilidade sobre si. Porém, e aqui é importante frisar, a responsabilidade é a essência mesma da existência humana. Um escravo dos sentimentos, das paixões, desta maneira, nada mais é do que alguém que perdeu a sua essência. O que não a torna não-culpada. Isto porém, é sanável e absolutamente possível de ser revertido.

Por isso é necessário retomar a consciência de si mesmo(a) e sair desta escravidão buscando inicialmente a responsabilidade perdida para com a própria vida, de sua própria existência. Na Psicologia Tomista, esta responsabilidade essencial (logoterapia de Frankl) é chamada de autoresponsabilidade, isto é, uma pessoa que será capaz de dar o primeiro passo de maturidade assumindo a própria vida como uma missão a ser cumprida e de ser realizada, sem a atitude infantil de responsabilizar o entorno, o outro, etc… pelotas próprios fracassos e frustrações. Mas assumindo a responsabilidade sobre a própria existência, sobre a própria vida.

Como nos ensinará Frankl: “A consciência de qualquer pessoa está sujeita ao erro; mas isso não exime o homem de sua obrigação de obedecer a ela”. Obedecer a consciência é o oposto de escravizar-se nas paixões ou nos sentimentos. Antes, é obedecer ao que temos de mais sagrado: a responsabilidade de existir e tornar nossa existência algo bom, bela, saudável. Não significa transformar-se no centro das atenções e muito menos viver alguma espécie de egocentrismo. Mas fazer de sua vida, uma vida cheia de sentidos e ordenada pela beleza, pela verdade e pelo bem.

Rafael Abreu, psicólogo tomista, irá ensinar que: “o homem não é só sentimento […] quando o principal valor humano se torna o sentimento há o assassinato dos valores e dos critérios morais. , quando os verdadeiros valores estão mortos, a pessoa passa a valorizar o que não tem valor, ou seja, são anti-valores […] é importante observar que o problema não é termos as paixões, os sentimentos, mas é quando elas se tornam o motor do homem diante da realidade”.

Eis o mal que move muitas pessoas. É por sentimentalismos que as pessoas falam mal uma das outras, competem ridiculamente, provocam as outras, dramatizam o passado tornando-se vítima absoluta, agem para machucar a outra, matam e se matam, mentem e caluniam, se tornam sensíveis consigo mesmas mas insensíveis com aquelas que querem ofender, provocar ou oprimir. Enfim, os sentimentalistas apaixonados são as pessoas que hoje em dia mais influenciam pessoas e que mais sofrem sozinhas. Elas são machucadas que machucam.

Não façam isso! Busquem ajuda. Mas, lembrem-se, a melhor ajuda de todas, são três: A razão, a autoresponsabilidade e o amor a vida. E estas “ajudas” podemos encontrar em nós mesmos.


Por Padre Bruno Otenio.

Texto originalmente publicado como postagem do
canal do Telegram de Patrícia Castro, em 11 de janeiro de 2024.


Nota da editoria:

Imagem de capa criada digitalmente por Qingyang Liu.


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