A insensatez abunda

Obra: "Turistas" (2017), por Juan Álvarez Cebrián.

O otimista é, antes de tudo, um mal informado.
Paulo Francis (1930 – 1997)



A exigência de visto para entrada no Brasil de turistas procedentes do Canadá, da Austrália e dos Estados Unidos começa a valer a partir do dia 10 de janeiro.

O governo brasileiro é pilotado por pessoas com cabeça de militante de centro acadêmico. O pessoal preserva suas saudosas memórias da UNE e mantém seus automáticos alinhamentos antiamericanistas, anticapitalistas e anti-imperialistas. Prefere o impávido e exitoso modelo cubano ao do inimigo ianque, tornando inevitável à preservação da honra nacional que a reciprocidade se impusesse: ou os brasileiros são dispensados do visto nesses três países ou vamos exigir visto dos turistas deles!

A moçada já grisalha, mas com o cérebro ainda deitado no colchão do centro acadêmico, ficou eufórica: “Agora eles vão ver o que é bom para a tosse!”. Só que o prejuízo será nosso. A medida vai afetar o setor turístico porque embora a entrada de canadenses e australianos seja inexpressiva, a de norte-americanos chegou próxima dos 500 mil no ano de 2023.

O topete e a presunção desaparecem quando nos propomos uma simples questão: quantos cidadãos desses três países tentam permanecer clandestinamente no Brasil? Ah, pois é. E quantos brasileiros, você conhece que já estão vivendo nos EUA, no Canadá e na Austrália? Ah, pois é.

Aliás é bom que o fã clube nessa turma também saiba: o Brasil está longe de ser considerado um país atrativo no grande negócio do turismo internacional. Vir ao Rio de Janeiro, por exemplo, é turismo de aventura, tipo Gaza em versão dietética, e os criminosos fazem questão de proporcionar seus espetáculos na “safra” de verão, reforçando a mensagem que diz – “Não venham!”. Então, quando tudo corre bem, o Brasil recebe 6% do número de turistas que visitam a França ou a Espanha e 10% dos turistas que vão à Nova Iorque. E olha que temos espaço para acomodar nossos visitantes!

A insegurança em que vivemos foi cuidadosamente cultivada por sucessivos governos de esquerda que viram a criminalidade como agente da revolução social, a ser paparicada como se parceira de causa fosse. Nossa atual condição de pária internacional em virtude das parcerias do petismo com governos criminosos só veio complicar mais a situação.

O turismo brasileiro fica, então, na grande dependência dos glúteos femininos rebolando nas praias e no carnaval. A insensatez abunda.


Por Percival Puggina.
Publicado no website do autor em 4 de janeiro de 2024.


Nota da editoria:

Imagem da capa: “Turistas” (2017), por Juan Álvarez Cebrián.


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