A “sala de meditação” pagã da ONU: runas, altares e mistério satânico

Obra: "Fallen Angel" (1847). por Alexandre Cabanel (1823 - 1889).

Então, se alguém vos disser: eis aqui está o Cristo, ou ei-lo acolá, não deis crédito, porque se levantarão falsos cristos,
e falsos profetas, e farão grandes milagres e prodígios, de tal modo que (se fosse possível)
até os escolhidos seriam enganados.” Mt 24,23-24.



Não há um jeito fácil de dizer isto, então irei simplesmente afirmá-lo claramente: há uma “sala de meditação” satânica localizada nas instalações da ONU em Nova York.

A sala, criada pelo artista Bo Beskow sob a direção do segundo secretário-geral da ONU, Dag Hammarskjöld (ambos de descendência nórdica), foi oficialmente revelada em 1952, inicialmente sob o propósito de servir como um local “dedicado ao silêncio, onde as pessoas pudessem retirar-se para dentro de si mesmas, independentemente de sua fé, credo ou religião”. Porém, o plano original da sala acabou sendo preterido pelo secretário-geral, que queria “algo mais solene”.

Passando por uma transformação, a sala foi reaberta cinco anos depois, em 1957 — agora contendo “um mural abstrato, uma composição de figuras geométricas interligadas” diante de um altar de ferro de 6,5 toneladas, localizado no centro da sala. De acordo com a ONU, o bizarro mural deveria “evocar um sentimento da essencial unidade de Deus”.

Durante a cerimônia de abertura, o secretário-geral Hammarskjöld afirmou que “temos entre nós um centro de quietude rodeado pelo silêncio. Esta casa, dedicada ao trabalho e ao debate a serviço da paz, deveria ter uma sala dedicada ao silêncio exterior e à quietude interior (…). Pessoas de fé diversa hão de encontrar-se aqui e, por esta razão, nenhum dos símbolos aos quais estamos acostumados em nossas meditações pôde ser utilizado”. Ele ainda acrescentaria, mais adiante, que o altar representa “um encontro entre a luz, o céu e a terra (…), é o altar para o Deus de todos”. A ONU afirmou que essa grotesca exibição foi dedicada “ao Deus que o homem adora sob muitos nomes e muitas formas”.

De modo a compreender verdadeiramente a natureza e o bizarro significado por trás da sala de meditação da ONU, é preciso ir até o fundo do buraco, ou seja:

The Lucis Trust, Alice e Foster Bailey, e a “Nova Era”


Logo LucisNos inícios de 1920, uma organização conhecida como The Lucis Trust foi estabelecida pelos ocultistas satanistas Alice e Foster Bailey (que era também um maçom de 32º grau) como “um veículo para promover o reconhecimento dos princípios espirituais universais como o coração de todo trabalho de construção de boas relações”. O logotipo da Lucis Trust [imagem ao lado] lembra algo como uma runa pagã nórdica.

Em 1922, a Lucis Trust lançou uma editora chamada Editora Lucifer, supostamente para publicar o livro “new age” de Alice Bailey intitulado Initiation, Human and Solar, que “trata da ordem da hierarquia planetária das entidades espirituais e os graus de seu aprendizado através da iniciação, na qual são delineadas as quatorze regras pelas quais o neófito iniciado pode se tornar um candidato no Portal da Iniciação”.

No website atual da organização, a Lucis Trust explica que os Bailey deram convenientemente o nome do Príncipe das Trevas à sua editora porque “queriam provocar uma compreensão mais profunda do sacrifício feito por Lúcifer”, que afirmam ter sido “o anjo que trouxe luz ao mundo”. A Lucis Trust diz que:

“Alice e Foster Bailey foram sérios estudiosos e professores de teosofia, uma tradição espiritual que vê a Lúcifer como um dos anjos solares, seres avançados que a teosofia diz terem descendido (daí o sentido de ‘queda’) de Vênus para o nosso planeta, eras atrás, para trazer o princípio da mente para o até então homem-animal. Na perspectiva teosófica, a descida desses anjos solares não foi uma queda no pecado ou na desgraça, mas, antes, um ato de grande sacrifício, tal como sugerido pelo nome ‘Lucifer’, que significa ‘o portador da luz’”.1

Em 1924, a Editora Lucifer viria a mudar seu nome para Editora Lucis por conta da repercussão entre os cristãos, que expressaram preocupação quanto a uma editora que se vangloriava abertamente do nome do diabo. A Editora Lucis seguiu publicando enormes quantidades de literatura ocultista “new age”.

Em 1932, a Lucis Trust estabeleceu a World Goodwill, que foi historicamente reconhecida pela ONU, prega a “definição de novas Metas de Desenvolvimento Sustentável para a humanidade” e encoraja as pessoas a prestar homenagem àquela sala de meditação.

Em uma página chamada Apoiando o trabalho das Nações Unidas, a Lucis Trust escreve que “a criação de uma opinião pública iluminada começa no indivíduo. Aprendam sobre as Nações Unidas e suas atividades, bem como sobre os requisitos para uma ordem mundial harmônica”.

“Grupos e indivíduos que valorizam o poder do pensamento são encorajados a apoiar as Nações Unidas através de meditações, invocações e orações. Conheçam a sala de meditação das Nações Unidas, que fica aberta ao público quando o prédio da ONU em Nova York está funcionando. De tempos em tempos, a Iniciativa do Ciclo de Conferências da World Goodwill foca-se em importantes reuniões e encontros nas Nações Unidas. Vejam também o Grupo de Meditação Criativa, ‘Torne-se um Representante da ONU Através do Pensamento’; a Convenção Espiritual na ONU, em Nova York; a Aliança das ONGs na ONU, em Genebra; e os materiais da Comunidade da Era de Aquário na ONU”, diz a Lucis Trust.

“Evidências do crescimento do intelecto humano em termos das linhas receptivas necessárias [para a preparação da Nova Era] podem ser vistas no ‘planejamento’ de várias nações e nos esforços das Nações Unidas para formular um plano mundial (…). Desde o início desses desdobramentos, três fatores ocultos têm governado o desenvolvimento de todos esses planos (…).”

Alice Bailey em Discipleship in the New Age [“Discipulado na Nova Era”] , 1995.

“Uma figura central da ONU intimamente relacionada a Alice Bailey é Robert Muller, que trabalhou na ONU por quarenta anos e foi assistente de três Secretários Gerais. Muller idealizou o World Core Curriculum2, pelo qual recebeu o Prêmio UNESCO de Educação para a Paz de 1989, um programa inspirado no livro Education in the New Age [“Educação na Nova Era”], de Alice Bailey. Ele contribuiu com a revista The Beacon, de Alice Bailey, e participou de conferências da Escola Arcana”, escreveu Blackthorn em Alice A. Bailey: Mother of the New Age or the New World Order? [“Alice A. Bailey: mãe da Nova Era ou da Nova Ordem Mundial?”], de 2019.

“Dag Hammarskjöld, o racional economista nórdico, acabou tornando-se um místico”, escreveu Muller, certa vez, a respeito do ex-secretário-geral da ONU e inaugurador da sala de meditação, em The Desire to be Human: A Global Reconnaissance of Human Perspectives in an Age of Transformation [“O desejo de ser humano: um reconhecimento global das perspectivas humanas em uma era de transformações”], de 1983. “Ele também sustentou, no fim de sua vida, que a espiritualidade era a chave crucial do nosso destino terreno em tempo e espaço (…).”

O que tudo isso significa?


Sala de meditação pagã na ONUEu estaria mentindo se dissesse que tenho todas as respostas, mas estou certo de que este incômodo mistério é ainda mais complexo, confuso e preocupante.

É evidente, porém, que existe uma estranha religião profundamente enraizada na ONU, religião esta que tem servido historicamente como sua fundamentação espiritual, algo como todas as religiões do mundo unindo-se em vista da chegada de um Cristo cósmico – uma religião mundial única esperando sua hora nas sombras (ou mesmo em campo aberto, à vista de todos).

“As crises, como sabemos por nossa própria experiência direta, servem como grandes oportunidades espirituais, desafiando-nos a aproximarmo-nos cada vez mais de nossa própria divindade interior. Assim, a crescente intensificação das crises planetárias servirá para testar e preparar a humanidade para a oportunidade inédita e iminente na qual milhões poderão trilhar o caminho da iniciação. Nos é dito, de fato, que esta é uma das razões pelas quais o Cristo deve reaparecer neste tempo. Pois é Ele o responsável por oficiar nas duas primeiras iniciações, que uma vez mais — como na Velha Atlantis — serão abertamente celebradas no plano físico.”

Ida Urso, Ph. D., na 15a Conferência Internacional Anual do Instituto Seven Ray, em 24 de março de 2001.

William Jasper, autor de A New World Religion [“Uma nova religião mundial”], de 2002, descreveu tudo isso como “(…) uma estranha e diabólica convergência de misticismo new age, panteísmo, animismo aborígene, ateísmo, comunismo, socialismo, ocultismo luciferino, apostasia cristã, islamismo, taoismo, budismo e hinduísmo”.

Quanto mais procuramos, mais acabamos encontrando…


Por Andrew White.
Tradução: Daniel Marcondes.

Artigo original disponível em:
https://libertyonenews.com/the-uns-pagan-meditation-room-runes-altars-and-luciferian-mystery-analysis/.


Notas:

  1. https://www.lucistrust.org/arcane_school/talks_and_articles/the_esoteric_meaning_lucifer Subir
  2. Algo como Currículo Central Mundial, em tradução livre. Trata-se de um programa global de educação única, com certas disciplinas-chave que deveriam ser ensinadas universalmente. — NT Subir

Notas da editoria:

Imagem da capa: “Fallen Angel” (1847), por Alexandre Cabanel (1823 – 1889).




Confira os comentários do tradutor deste artigo a respeito do tema:

https://youtu.be/H3nQJH1eUJY

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