“O homem comum contemporâneo tem contacto com a desgraça, a tragédia e o despudor a um nível que o enlouquece. (…) Ele é forçado a produzir uma dessensibilização que pode tocar a neurose, cuja consequência, não raro, vem a ser a total descrença no Bem, ou então, a crença de que o Bem será construído por meio de aparelhos burocráticos, ou até da força.”
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“Pouco (…) é o tempo que costumamos aplicar na reflexão sobre como experienciamos o ato mesmo de conhecer e tudo o que nos implica a consciência de saber que sabemos alguma coisa.”
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“O quão distantes não estaremos, hoje, do tempo em que um governante alcançava nada menos que a canonização, como um São Luís IX, rei da França, ou um Santo Estêvão, rei da Hungria?”
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“Tentar catalogar as pessoas em simples bandeiras e estereótipos, (…) e pior: esforçar-se por atuar um personagem que melhor externalize o estereótipo do grupo que se gostaria de representar (…), é colocar-se no caminho mais seguro para jamais compreender intimamente nada nem ninguém.”
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“Toda vez que troco palavras com pessoas ligadas à política me frustro. Não porque não gosto de falar sobre política – pelo contrário –, mas costumo fazer isso tentando levantar mais suspeitas do que certezas. Consciente da dificuldade que existe na colheita dos dados (…), prefiro tomar as informações como temporárias e suspendo os julgamentos o máximo que eu posso.”
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“Uma das experiências mais perturbadoras que tive na vida foi a de perceber, de novo e de novo ao longo dos anos, o quanto é impossível falar ao coração, à consciência profunda de indivíduos que trocaram sua personalidade genuína por um estereótipo grupal ou ideológico.”
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“O compromisso de investigar verdadeiramente as raízes de um problema pressupõe, necessariamente, uma disposição ao sofrimento (…). Conhecer, e principalmente conhecer aquilo que merece ser conhecido, dói.”
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“Partindo de um olhar cristão (…) imagino que você, católico ou protestante, esteja indignado, como todos aqueles com o mínimo de consciência, diante dos acontecimentos recentes no país (…). Dito isto, sugiro um simples exercício: tente trazer à memória (…) quando foi que o povo de Israel, a Israel profética, recebeu boas notícias.”
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“Em todos os tempos e civilizações a autoridade sempre se dotou de certos protocolos, distâncias e formalidades que lhe conferiam uma influência natural sobre o restante da sociedade. (…) O efeito-espelho entre a autoridade e os cidadãos se inverte, e o povo, ao contemplar a sua própria vulgaridade nas autoridades, acaba banalizando quem tenta ser igual a ele.”
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“Não é à toa que Deus ensinou que não se deve confiar na força do próprio braço, mas resumiu esse conselho à frase ‘maldito do homem que confia no homem‘. O problema é depositar uma confiança cega na própria humanidade, que é falha e volátil.”
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