Como o Estado monopoliza a violência?

Recorte da obra: "Os fuzilamentos de 3 maio", criada em 1814 pelo pintor espanhol Francisco de Goya (1746 - 1828).

A liberdade, caro Sancho, é um dos bens mais preciosos que os céus doaram aos homens;
a ela não se pode igualar nem todos os tesouros que cobrem a terra, nem aqueles que existem no mar:
pela liberdade, assim como pela honra, qualquer um pode e deve dar a própria vida…”,
extraído da obra: Don Quixote de la Mancha, escrita por Miguel de Cervantes (1547 – 1616).



A história do Estado é uma história de violência, e, não é por acaso que uma das definições que usamos para definir o Estado é a de monopolista da violência. Na verdade, com o pretexto de limitar os pequenos conflitos, criou o maior dos conflitos que a humanidade já conheceu. Não por acaso o século XX é conhecido como o século das duas grandes guerras e também como o século dos grandes estados nacionais. De fato apenas o Estado, com a imposição dos impostos, é capaz de desenvolver grandes “armas”, apenas o Estado com o alistamento obrigatório é capaz de ter grandes exércitos. Apenas o Estado pode fazer as grandes guerras. Os conflitos entre Estados geraram dezenas de milhões de mortos no último século, muito mais do que os “pequenos” conflitos entre indivíduos poderiam ter criado na ausência dele.

Capa da obra: "Estado? Não, obrigado!", escrita por Marcello Mazzilli.Mas a violência do Estado não é apenas voltada contra o exterior, os outros Estados, mas também contra o interior. O Estado tem o monopólio da segurança interna. A posse de armas é fortemente regulamentada e apenas a polícia tem a permissão de perseguir criminosos. O paradoxo é que o Estado nos impõe a sua violência com a desculpa de prevenir a violência dos outros. E, é claro que nós pagamos por isso, com os nossos impostos. É como se antes de sair de casa, diariamente, a polícia nos roubasse um pouco se justificando com a desculpa de estar nos protegendo dos bandidos. Este não parece um raciocínio muito coerente. O princípio é o mesmo que o do capanga da máfia que cobra sua taxa de proteção ameaçando os comerciantes locais, com a diferença que, pelo menos, este último não tem a pretensão de dizer que esta agindo honestamente. A máfia sabe que esta cometendo uma violência, e, ao menos do ponto de vista da honestidade intelectual, podemos considerá-la melhor que o Estado. Este último não apenas inicia a violência, rouba os nossos bens, mas também tem a petulância de citar como justificação a nossa defesa.

Uma doutrina filosófica que implique já na sua definição, que um terceiro possa, indiscriminadamente, usar a violência contra os indivíduos, através da coerção, do roubo e até da agressão física, não é uma doutrina política que podemos aceitar.


Extraído da obra: “Estado? Não, Obrigado!”, escrita por Marcello Mazzilli.

Atente: A obra “Estado? Não, Obrigado!” é ofertada gratuitamente pelo Instituto Rothbard Brasil e,
todos os links que mencionam tal livro irão direcioná-lo ao respectivo download.


Notas da editoria:

A imagem associada a esta postagem ilustra recorte da obra: “Os fuzilamentos de três de maio”, criada em 1814 pelo pintor espanhol Francisco de Goya (1746 – 1828). A tela exibe a cena de uma execução coletiva realizada pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte em Madri, durante a chamada Guerra Peninsular (1807 – 1814).


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