Mascarando as expressões faciais das crianças

Obra "Children with Mask" (2008), de Carlos Orduna Barrera.

Artigo original, em inglês, disponível em
https://www.americanthinker.com/articles/2022/02/masking_facial_expression_in_children.html



Nós, humanos, somos criaturas sociais e nos comunicamos através de complexas linguagens e gesticulações faciais. Nossa personalidade está entranhada nessas singulares expressões que transmitem mensagens visuais que as palavras, sozinhas, não conseguem veicular. As expressões faciais provocam uma série de processos cognitivos, incluindo gesticulações emocionais que suscitam respostas rápidas e ostensivas, sinalizando a intenção de se comunicar.

Um rosto escondido nos priva de um dos mais básicos aspectos da humanidade e também da habilidade de interagir construtivamente em ambientes sociais. Mascarar as crianças constitui um sacrifício de tal escala que só poderia ser realizado em resposta a um perigo de magnitudes proporcionais.

O sétimo nervo craniano, o nervo da expressão facial, fornece inervações a trinta músculos de cada lado da face. Tal como demonstrado na representação do homúnculo, o cérebro lhes confere um papel fundamental. Esses músculos miméticos são os únicos em nosso corpo conectados com a derme e estão intimamente envolvidos na comunicação não verbal.

No processo evolutivo, em que as adaptações bem sucedidas prevalecem, qual seria a vantagem seletiva de se devotar um número desproporcional de neurônios motores cerebrais à intricada musculatura facial, quando um número muito menor deles já seria suficiente?

As crianças não desenvolvem o SARS-CoV-2, não o disseminam para outras crianças ou adultos, não o transmitem ao ambiente doméstico, nem dele padecem gravemente ou morrem. A ocorrência estatística deste último caso é próxima de zero. Um relatório de 2021 com quase dois milhões de crianças da Suécia, onde não há lockdowns ou obrigatoriedade do uso de máscaras, não registrou nenhuma morte por COVID no grupo de 1 a 16 anos de idade. Um recente estudo alemão não registrou nenhuma morte no grupo de 5 a 18 anos, e mostrou que o desenvolvimento de quadros graves se deu de modo esmagadoramente predominante em crianças que já sofriam de algum tipo de comorbidade.

O Instituto Sueco de Saúde Pública não registrou qualquer diferença no número de infecções em professores e crianças na Suécia – livre das obrigatoriedades – em comparação com professores e crianças da Finlândia, onde as escolas estão fechadas e o uso de máscaras é obrigatório. Em janeiro, o Instituto Brownstone analisou dados de estados com e sem a obrigatoriedade das máscaras para as crianças nas escolas e não encontrou nenhuma diferença significativa nas taxas de infecção e hospitalização. Atualmente, treze estados [americanos] estão sendo negligentes quanto a esta evidência. Os prazos de obrigatoriedade das máscaras irão expirar em seis desses estados em 31 de março, restando apenas alguns poucos, incluindo a Califórnia, que não anunciaram uma data oficial para o encerramento das medidas.

Dada a multidão de estudos demonstrando o baixo risco das crianças em relação ao SARS-CoV-2 e a ineficácia das máscaras no ambiente escolar, qual é a justificativa das autoridades para obrigar as crianças a utilizá-las? Um artigo do Psychology Today, The Impact of Masks on Social and Emotional Development [“O impacto das máscaras no desenvolvimento social e emocional”], serve como um bom exemplo. A eficácia das máscaras e os supostos perigos da COVID são aceitos sem reservas, incluindo a recomendação da Academia Americana de Pediatria de se colocar máscaras em crianças a partir dos 2 anos de idade.

A autora argumenta que as crianças que podem ver as bocas possuem um vocabulário maior no início, mas que o uso de máscaras não prejudica o desenvolvimento da linguagem. O desenvolvimento emocional seria impactado negativamente quando apenas os olhos se encontram visíveis. As crianças interpretam expressões emocionais de modo menos preciso, falham no reconhecimento de emoções positivas e experienciam uma percepção diminuída das referências e mimetismos sociais, que são importantes no desenvolvimento do comportamento social e da empatia, respectivamente. Diversas soluções alternativas são oferecidas para se compensar esse defasado desenvolvimento linguístico e emocional, mas o leitor é avisado de que as crianças não deveriam renunciar ao uso de máscaras.

Um artigo gerado pela Canadian Broadcasting Corporation, How Masks Could Affect Speech and Language Development in Children [“Como as máscaras podem afetar o desenvolvimento da fala e da linguagem em crianças”], minimiza o papel das expressões faciais, apontando que as máscaras perturbam o processamento global e a percepção facial de crianças em idade escolar, mas que a habilidade de realizar essas competências fundamentais é reduzida em apenas 20%. Os pais são instruídos a vestir suas crianças com roupas personalizadas, de modo a compensar a falta de identidade. O autor admite que as máscaras constituam um desafio para o desenvolvimento de habilidades interpessoais, para a expressão e leitura de emoções e para o desenvolvimento da fala, mas enfatiza a resiliência das crianças. Mais uma vez, a óbvia solução de se revogar a obrigatoriedade do uso de máscaras não é considerada.

Um artigo recente da NIH, How Does Wearing a Mask Affect Children? [“Como o uso de máscaras afeta as crianças?”], afirma que “ainda que protejam contra a COVID-19, não está claro como os comportamentos sob o uso de máscaras e sua obrigatoriedade podem influenciar o desenvolvimento cognitivo e social das crianças”. A agência afirma categoricamente – e erroneamente – a eficácia do uso de máscaras pelas crianças, e logo informa que efeitos comportamentais nocivos são desconhecidos. Também esta declaração é suspeita, uma vez que, ainda este mês, o CDC baixou os padrões da fala na infância, trabalhando agora com trinta meses – e não mais vinte e quatro – como tempo adequado para que a criança conheça cinquenta palavras. O NIH promete que o assunto será estudado, mas enquanto a obrigatoriedade das máscaras continuar, o perigo persistirá.

A fortaleza das crianças tem limites. Aaron Hertzberg aponta que elas são resilientes ao internalizar aflições emocionais e suprimir instintos naturais, mas não o são quanto a se esconder de traumas e abusos emocionais significativos. Qual será a resposta das crianças quando o último mandato de obrigatoriedade das máscaras for rescindido? Na última semana, uma professora anunciou aos seus alunos que as máscaras não mais seriam exigidas na sala de aula. O momento foi capturado em vídeo, e as expressões faciais dessas crianças e sua espontânea explosão de alegria e alívio proporcionou um incrível e emocionante lembrete de que precisamos trabalhar melhor na proteção dos mais preciosos e vulneráveis entre nós.


Por Dr. Scott Sturman
Traduzido por Daniel Marcondes


Notas da editoria:

Imagem de capa: “Children with mask” (2008), por Carlos Orduna Barrera.


Artigos relacionados

5 1 vote
Classificação
Inscrever-se
Notifique-me sobre
guest
0 Comentários
 mais antigos
mais recentes  mais votado
Comentários
Visualizar todos os comentários
0
Adoraríamos receber sua crítica. Por favor, escreva-a!!x