O que é uma suma?

Livro sobre a mesa

Pequeno excerto do livro “Um Mestre no Ofício. Tomás de Aquino,
publicado pela Paulus Editora, sob ISBN 978-85-349-3213-4.



Muita gente pensa que só há um livro chamado Suma de Teologia, e que foi escrito por São Tomás de Aquino. Não é verdade, pois o próprio Tomás escreveu outra suma, a Suma contra os gentios. Havia sumas, não só de teologia, mas de lógica, de direito, de medicina etc. A própria palavra “suma” pode se aplicar a tipos diferentes de obras com caráter de antologia, compilação, enciclopédia ou resumo. Mas o tipo mais acabado de suma, do qual a Suma de Teologia de Tomás de Aquino é um exemplo particularmente bem-sucedido, costuma ser caracterizado por três aspectos. Apresentar de maneira resumida o conjunto de um domínio de conhecimento é o sentido mais corrente da palavra “suma”, isto é resumo. Em seguida, organizar de maneira sistemática os temas desse campo de estudo. Finalmente, fazer uma exposição adaptada aos estudantes, os discentes, a quem se destina. Uma suma é, então, simultaneamente, uma obra enciclopédica, sistemática e pedagógica. Essas características são resumidas numa expressão que aparece no prólogo da Suma de Teologia de Tómas: “ordem da disciplina” (Ordo disciplinae), isto é, a ordem própria de um conhecimento que se deseja adquirir, quer dizer, aprender – “discere”, de onde vêm “disciplina” e “discente”. Os discentes aprendem auxiliados pelo docente (docens, doctor), [1] que ensina (docet) uma doutrina (doctrina), ou seja, aquilo mesmo que os discentes aprendem.

Parece complicado, mas não é; é apenas um joguinho de palavras para dizer alguma coisa bem simples: uma suma é um resumão bem organizado de uma matéria de estudo, para quem está começando. Só que isso é feito do jeito que era costumeiro no século XIII.


Escrito por Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento.
Excerto do tópico “Como se faz uma suma”, da obra: “Um mestre no ofício. Tomás de Aquino“.
Livro publicado pela Paulus Editora, sob ISBN: 978-85-349-3213-4.


Nota:

  1. Cf., acima, p. 36-37. Ver também Chenu, M.-D. Introduction à L’étude de Saint Thomas d’Aquin. Montreal; Paris: Institut d’Études Médiévales; J. Vrin, 1950, p. 76.

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