Qual é a natureza da liberdade humana?

Moça em demonstrando liberdade e crucifico ao fundo

Excerto do tópico “Natureza da liberdade”, do livro: “Quem é Deus?”;
escrito por Battista Mondin (1926 – 2015); e, publicado pela Paulus Editora, sob ISBN 9788534908252.

Vale salientar: este pequeno trecho não demonstra o objetivo da obra,
para tal finalidade consulte o sumário do livro (reescrito no término desta postagem).



A esta pergunta os filósofos deram respostas antitéticas. Para alguns, a liberdade é essencialmente uma função da razão: é livre o homem que age segunda a razão (Sócrates, Platão, Plotino, Spinoza e outros). Para outros, a liberdade é eminentemente função da vontade (Agostinho, Tomás de Aquino, Scoto, Occam, Kant, Schelling e outros).

Mas, se prestarmos bem atenção, veremos que a liberdade não é filha nem só da razão nem só da vontade, mas de ambas. Não há liberdade sem razão, como não há liberdade sem vontade. Ela precisa do concurso de ambas as faculdades. A liberdade (o ato livre) é gerada imediatamente pela vontade, mas isso ocorre somente depois que ela já foi fecundada pela inteligência. De fato, a liberdade, a escolha, é essencialmente atividade da vontade (por esse motivo Tomás de Aquino dizia que substancialmente pertence à vontade), mas é própria de uma vontade guiada, iluminada. A vontade age livremente quando não se precipita instintivamente sobre um objeto, como o faminto sobre um prato de comida, e sim depois que calculou seu peso axiológico e achou que aquele objeto é digno de ser perseguido.

A vontade é apetite racional, isto é, um apetite guiado pela razão. Se não houver orientação da razão, não há liberdade e nem vontade, mas simplesmente instinto. Se há vontade, ela é a dona dos seus atos: é livre; mas se não é senhora dos próprios atos, então não há nem liberdade nem vontade. A vontade não pode decidir ser ou não ser, como bem observou Sartre. Ela existe quando quer e querer significa sempre querer isto ou aquilo, como ver é sempre ver esta ou aquela coisa.

Ante à vontade estão objetos de eventual volição, entre os quais não se conta a própria vontade; em outras palavras, a vontade não escolhe ser ou não ser; ela apenas escolhe – se puder escolher – entre objetos diferentes da vontade. Nota 01.


Excerto da obra Quem é Deus?, escrita por Battista Mondin (1926 – 2015).
Livro publicado pela Paulus Editora, sob ISBN: 9788534908252.


Sumário da obra:

Introdução 

(Natureza, objeto e história da teologia filosófica)

1. Definição da teologia filosófica
2. Denominações do tratado sobre Deus
3. Anotações históricas sobre a teologia filosófica
4. O método da teologia filosófica
5. Condições preliminares ao estudo de Deus

Primeira Parte

(Fenomenologia do sagrado e da religião)

Capítulo I: O sagrado

Preâmbulo
1. Definição do sagrado
2. A transcendentalidade do sagrado
3. Percepção e representação do sagrado
4. Desenvolvimento da consciência do sagrado
5. Eclipse do sagrado: a secularização

Capítulo II: A religião

1. Importância e amplitude do fenômeno religioso
2. Definição e esséncia da religião
3. Aprofundamento do conceito de essência da religião
4. Os elementos constitutivos da religião

4.1. O mito
4.2. O rito
4.3.  As leis

5. O fundamento da religião

Capitulo III: A crítica à religião

I. A crítica iluminista
1. Baruch Spinoza
2. David Hume
3. Gotthold Ephraim Lessing
4. Immanuel Kant
5. Georg Wilhelm Friedrich Hegel
II. A análise fenomenológica
6. e Origem e natureza da religião, segundo os historiadores
7. A essência da religião, segundo os filósofos da religião
8. Origem e funções da religião, segundo os sociólogos
9. Origem e funções da religião, segundo os psicólogos
10. Essência e valor da religião, segundo os teólogos

Capítulo IV: O ateísmo. Conceito, história, causas, razões

I. Os conceitos de ateísmo, agnosticismo, indiferença religiosa, impiedade
II. As razões do ateísmo
III. A gênese do ateísmo moderno
IV. Desenvolvimentos e principais linhas do ateísmo
1. O ateísmo antropológico: Feuerbach e Nietzsche
2. O ateísmo cientifco: Auguste Comte
3. O ateísmo sociopolítico: Karl Marx
4. O ateísmo semântico: Carnap, Ayer, Flew
5. O ateísmo teológico: a “teologia da morte de Deus”
6. O ateísmo utópico: Ernst Bloch
7. O ateísmo niilista: Albert Carmus

Segunda Parte

(Teologia filosófica)

Capítulo V: As provas da existência de Deus: necessidade, estrutura, valor história

1. O objetivo das provas
2. A importância necessidade das provas
3. A estrutura das provas
4. Os pressupostos das provas
5. O alcance das provas
6. Mapa histórico das provas da existência de Deus
7. Classificação das provas
8. Origem da ideia de Deus

Capítulo VI: As provas ontológicas

I. A prova ontológica de santo Anselmo
II. A prova ontológica de santo Tomás de Aquino
1. O conceito tomista de ser
2. As formulações da prova ontológica

Capítulo VII: As provas cosmológicas: as Cinco Vias

1. A estrutura das cinco vias
2. Exame das Cinco Vias ou provas da existência de Deus
Conclusão

Capítulo VIII: As provas antropológicas

1. O argumento da “verdade”
2. O argumento da “dever”
3. O argumento da “autotranscedência”
4. O argumento da “cultura”
5. O argumento dos “valores”
6. O argumento da “linguagem”
7. O argumento da “dignidade da pessoa”
8. O homem, prova antropológica da existência de Deus
9. O valor das provas da existência de Deus
Conclusão

Capítulo IX: Inefabilidade de Deus: o problema da linguagem teológica

I. A inefabilidade de Deus, no pensamento dos Padres e dos escolásticos
1. A posição do Pseudo-Dionísio
2. A posição do santo Agostinho
3. A posição do santo Tomás
4. A posição de Occam
5. A posição de Eckhardt e de Cusano
II. A inefabilidade de Deus, no pensamento contemporâneo
6. A posição do primeiro Wittgenstein
7. A posição de Carnap
8. A posição de Ayer
9. A posição do segundo Wittgenstein
10. A posição dos analistas de Oxford
11. A disputa em torno do problema da “falsificabilidade”
12. O problema da linguagem religiosa e a teologia
III. Comprovação da linguagem teológica
13. Possibilidades e limites da linguagem religiosa
14. Conclusão

Capítulo X: A face de Deus: sua natureza e seus atributos

I. A face divina de Deus
1. Esseidade ou plenitude de Deus
2. Espírito
3. Pessoa
II. A face humana de Deus
4. As manifestações da face humana de Deus
Conclusão

Capítulo XI: As obras de Deus: a criação e a providência

I. A criação
1. A contribuição de Clemente de Alexandria ao conceito de criação
2. A contribuição de santo Agostinho
3. A contribuição de santo Tomás de Aquino
4. Entre criação e evolução não há oposição
5. Alguns aspectos da criação
II. A providência
6. A providência segundo a Bíblia e a tradição
7. Outros argumentos para reconhecer a providência
8. As objeções contra a providência
Conclusão

Capítulo XII: Liberdade divina e liberdade humana

1. O tema da liberdade em Marx, Nietzsche e Sartre
2. Natureza da liberdade
3. A liberdade divina, fundamento último da liberdade humana
Conclusão

Capítulo XIII: O homem, “ícone” de Deus

1. A pessoa e as suas propriedades
2. Sentido da autotranscendência e definição do projeto-homem
3. O homem, ícone de Deus
4. A ética da iconicidade

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