Sudário: autenticidade comprovada pela ciência

Santo Sudário

Ninguém duvida que Aristóteles tenha existido, mesmo que tenha nascido quase quatro séculos antes de Cristo, da mesma maneira, ou ainda com mais afinco, nenhum historiador de renome suspeita que o homem dos evangelhos seja o principal personagem de uma fábula.”, excerto do artigo: O que é cultura?



Por ocasião do Centenário da primeira fotografia que o advogado italiano Secondo Pia tirou do Santo Sudário, e coincidindo com a abertura do Congresso cientifico internacional que se realiza em Turim, a 4 deste mês, sobre a venerabilíssima Mortalha do Salvador, Catolicismo entrevistou um dos maiores especialistas a respeito do assunto. Trata-se do francês, renomado matemático, epistemólogo, filólogo e historiador das ciências, Arnaud-Aaron Upinski. Ele escreveu recentemente nova obra sobre o Santo Sudário, que já se transformou em best-seller na França, intitulada O Enigma do Sudário – profecia para o ano 2000.

As pesquisas do Dr. Upinsky têm como âmbito o poder da linguagem, as mutações sociais e os modos de pensar, tendo servido seus trabalhos de orientação para a reforma do ensino médio francês de 1985.

O entrevistado é mundialmente conhecido por seus estudos sudarísticos à luz da epistemologia, tendo ele concebido o método demonstrativo da autenticidade do Sagrado Lençol.

O resultado apresentado pelo teste do Carbono 14, em 1988, negando a autenticidade do Santo Sudário, abalava a comunidade científica internacional, já na época decididamente inclinada a aceitar tal autenticidade.

A magistral refutação feita pelo Dr. Upinski desse resultado causou sensação no Simpósio Científico Internacional realizado em Paris em setembro de 1989.

Em 1993 ele presidiu o Simpósio de Roma, cujos trabalhos encerram a questão da autenticidade do Santo Sudário.

Num salão do conhecido hotel parisiense Lutecia, Dr. Upinski concedeu, no início de abril último, a nosso enviado especial, Sr. Nelson Ribeiro Fragelli, a interessante e atualíssima entrevista que publicamos a seguir.




Catolicismo – Dr. Upinski, como nasceu seu interesse pelo Santo Sudário?


Arnaud-Aaron UpinskyMeu interesse pelo Santo Sudário originou-se por ocasião da publicação do resultado obtido pela análise do Carbono 14 (C14), em razão da contradição que esse resultado estabelecia com a ciência. Fui então chamado a fazer a síntese epistemológica dos resultados obtidos até aquela época pelos mais diversos ramos das ciências que vinham analisando o Sudário.

Naquele momento, a comunidade científica internacional era posta à prova pelo teste do C14. Tornava-se necessário eliminar a contradição, respondendo à questão fundamental: o material do Santo Sudário – refiro-me ao tecido onde foi impressa a imagem de homem morto – seria proveniente da Idade Média, segundo o resultado do C14, ou de há dois mil anos, dos tempos de Cristo, como afirmava inequivocamente o conjunto dos resultados anteriores apresentados por indagações cientificas do mais alto nível? Esse era o desafio que o C14 nos fazia em 1988.

Como eu tinha realizado investigações utilizando o método epistemológico, cientistas franceses desejaram conhecer minha opinião sobre o discutido assunto. A maioria de minhas investigações dizia respeito a questões de autenticidade e de contradições científicas. O que me fascina no método epistemológico é o modo inexorável com que permite trazer à luz o que está velado.


Catolicismo – Por que o Sr. inseriu no título de seu último livro a palavra enigma, referindo-se ao Sudário de Turim?


Depois que foi feita a primeira fotografia do Santo Sudário pelo fotógrafo italiano Secundo Pia, em 28 de maio de 1898, um enigma surgiu. A imagem que o mundo então contemplou, através dessa fotografia, era a de um homem que passara por um suplício atroz, mas, ao mesmo tempo, de uma majestade imponente.

As opiniões no mundo da ciência imediatamente se dividiram: uns diziam tratar-se de um milagre, pois viam nela a figura de Cristo, outros a consideravam uma contrafação, pois era muito bela para que fosse verdadeira.

O enigma, portanto, era este: de onde vem tal imagem? Quem poderia tê-la feito? O morto nela visto, seria de fato Jesus, o Crucificado, cujo cadáver desapareceu de seu sepulcro, mas que reaparece na foto de Secundo Pia, podendo ser então contemplado na realidade terrível de sua morte?

A questão não dizia respeito unicamente à ciência – ela tem implicações religiosas importantíssimas – mas o interesse por tal enigma apaixonou desde o início a ciência. Esta, fiel a seus fins, não pedia uma devoção para essa relíquia, mas sim uma elucidação da misteriosa formação daquela imagem. Viu-se logo que esse objeto é o mais carregado de significado científico de todos os tempos.


Catolicismo – Qual a razão do título: Uma profecia para o ano 2000?


Capa da livro: "El Enigma del Sudario", escrito por Arnaud-Aaron Upinsky. Publicado pela editora Elefante Blanco.Durante este último século, a comunidade científica internacional fez descobertas notáveis a respeito do Sudário. Até mesmo a contradição representada pelo teste do C14, em 1988, permitiu darmos grandes passos na elucidação do referido enigma. Para citar apenas uma ciência – a Química – os peritos dessa matéria já o estudaram por mais de 15O mil horas. Os americanos dedicaram-se com afinco à tal estudo.

Ora, meu recente trabalho e muitos outros mostram que, segundo os resultados das análises científicas, a maneira como aquele cadáver impregnou o tecido do Sudário – por suas feridas, seu sangue derramado, etc., – corresponde exatamente, em todas as minúcias, ao Homem descrito nos Evangelhos, sua Paixão e morte de cruz.

Trata-se, portanto, da confirmação pela ciência do fato fundamental do cristianismo: Paixão, Morte e Ressurreição (da qual falarei em seguida) de Cristo.

No momento em que a civilização cristã é ameaçada de desaparecimento, atacada pelo laicismo, ateísmo e formas de vida incompatíveis com o cristianismo, essa prova espetacular da fundação do cristianismo nos é fornecida pela análise do Santo Sudário. Ele é um verdadeiro filme do que se passou na Paixão de Cristo. Um filme que nós, cientistas, mostramos estar inteiramente de acordo com a narração dos Evangelhos. A isto chamo uma profecia, contida no Sudário, e que hoje, às vésperas do ano 2000, é revelada aos homens.

A mensagem científico-evangélica do Sudário não pode nos deixar indiferentes. Ela tem uma implicação em nossas vidas. Ela pede uma decisão: cedo às influências que destroem a civilização cristã, ou me aproximo ainda mais daquele que fundou o Cristianismo?


Catolicismo – Qual o método de estudo que o Sr. utilizou em suas pesquisas?


A grande novidade que introduzi, a pedido da comunidade científica, foi a utilização sistemática da epistemologia, que é a ciência da realidade, pois ela estabelece a harmonia entre os resultados de todas as ciências, sendo considerada como o tribunal das ciências. Esse método permite chegar a uma conclusão cuja certeza é absoluta. Hoje, a certeza que a comunidade científica tem a respeito da veracidade do Santo Sudário é total.

Em resumo, a finalidade de meu estudo era passar da probabilidade à certeza. Atualmente não se pode mais dizer ser muito provável que o Sudário de Turim realmente envolveu o corpo de Cristo. Cientificamente temos a certeza total de que o homem que ali esteve era o Homem dos Evangelhos. Sobre essa certeza todas as ciências estão de acordo.


Catolicismo – O Sr. pertence à corrente de opinião, segundo a qual o resultado do C14 é falso. Esse resultado dizia ser o tecido do Sudário de confecção medieval. Qual o principal argumento da comunidade científica internacional contra o C14?


O C14 estava em contradição com todos os outros métodos científicos de determinação da origem do Sudário. Os resultados obtidos com tais métodos convergiam harmonicamente, reconhecendo o Sudário como originário dos tempos de Cristo. E reconhecem também uma das maiores maravilhas do Sudário: o cadáver envolvido por aquele tecido, ao se retirar, descolando-se dele, deixou-o intacto, sem a mínima alteração de suas fibras, sem arrancá-las nem modificar os traços de sangue entre o corpo e o tecido. O que é impossível acontecer com um corpo comum, sujeito às leis comuns da natureza.

Um cadáver coberto de chagas não poderia jamais ser retirado do pano que o continha sem alterar o pano e os sinais nele deixados pelo sangue e pelas feridas. Como então foi ele descolado dali deixando intactas e nítidas até as mínimas fibras do tecido que estava colado nas feridas? Este fato decisivo não é contestado por nenhuma ciência.

E ele só se explica pela Ressurreição; isto é, pela “desmaterialização” do corpo chagado, que se retira daquele invólucro não mais sujeito às leis impostas pela natureza.

Somente este fato seria suficiente para refutar a opinião, segundo a qual aquela imagem impressa sobre o Sudário provém dos séculos XIII ou XIV, como se poderia crer, caso se aceitasse o resultado do C14.

Segundo este resultado, a imagem do Sudário teria sido falsificada por alguém. Mas como, pergunto eu, pois se com os elementos ultra desenvolvidos de todas as ciências modernas jamais foi possível fazer um outro igual? O Sudário é único no mundo; é impossível fazer dele uma réplica.

Quem seria esse falsário, que na Idade Média teria obtido, com sua falsificação, um resultado mais genial do que todas as ciências modernas?

Um outro ponto, freqüentemente esquecido pelos críticos do Sudário, é a afirmação dos próprios cientistas adeptos do C14, segundo a qual este método oferece um nível de certeza, a respeito do Sudário de Turim, de apenas 5%. Esta afirmação desacredita inteiramente tal método ao confrontá-lo com as outras ciências, cujos graus de certeza atingem hoje a certeza absoluta, como disse no início de minha entrevista.


Catolicismo – O Sr. teria algo mais a dizer aos leitores de Catolicismo a respeito dessa inestimável relíquia?


Lamento ter encontrado por parte de autoridades eclesiásticas – proprietárias do Sudário – pouco apreço pelos resultados dos estudos científicos. Não digo que todos os eclesiásticos tenham se comportado assim, mas os que ainda duvidam de sua autenticidade. Constato que certas declarações aberrantes sobre as pesquisas científicas a respeito do Sudário não são contrabalançadas por declarações de religiosos favoráveis às mesmas.

Apesar de ser conclusão das numerosas ciências que estudaram o Sudário, a de que ele verdadeiramente conteve o corpo de Jesus Nazareno crucificado, certas autoridades eclesiásticas o consideram ainda simplesmente como um ícone e não como relíquia.

Tendo a certeza total de que o Sudário é autêntico, cientistas internacionais continuam pedindo às autoridades eclesiásticas – proprietárias do mesmo –– que introduzam o processo oficial de sua autentificação. Para tal, os elementos são abundantes.

Essa relíquia pode desaparecer. Em 1532 um incêndio a danificou, em Chambéry, na França. Pensemos no incêndio do ano passado que, por pouco, não a consumiu. O escritor italiano Vittorio Messori, biógrafo do Papa, declarou ao jornal “Oggi”, naquela ocasião: “Creia-me, alguém desejava destruir o Sudário: :não excluo a possibilidade de um complô internacional.

Por que não ter um relato definitivo, com todas as provas científicas, de sua veracidade e de sua inteira congruência com os Evangelhos? Esse relato-autentificação seria um trunfo inestimável nas mãos da Igreja, resguardado de todos os acidentes, ou… atentados.


Entrevista realizada pela Revista Catolicismo, publicada em junho de 1998.


Sobre a foto exposta no início da entrevista:

  • Dr. Arnaud-Aaron Upinski: renomado matemático, epistemólogo, filólogo e historiador das ciências, nascido em 1944 na França. Subir

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