“Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não tenha se dado conta disso.”
Paulo Francis (1930 – 1997)
O esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social usava centrais de telemarketing para aplicar o golpe da mensalidade nos beneficiários e também para receber milhares de reclamações sobre cobranças feitas diretamente na folha de pagamento sem autorização.
Até a Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, deflagrada em 23 de abril, o esquema envolvia o uso das operadoras de telemarketing Callvox e Truetrust Call Center, que funcionavam no mesmo edifício em Brasília e tinham centenas de funcionários. Boa parte deles foi contratada no fim de 2023, período que coincide com o auge da farra dos descontos.
A Truetrust foi criada em junho de 2023 e tem entre seus donos o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Domingos Sávio de Castro. Eles são acusados de receber milhões de reais das entidades envolvidas nas fraudes dos descontos e realizar pagamentos de propina a dirigentes do INSS por meio de empresas e parentes deles.
A razão social da Truetrust é ACDS Call Center. A PF acredita que o nome seja derivado das iniciais de “Antonio Carlos” e “Domingos Sávio”.
Os atendentes dos call centers recebiam um roteiro de atendimento aos aposentados e pensionistas que ligavam para as associações para reclamar que não tinham autorizado os descontos. O procedimento do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) era repetido para atender a diversas entidades envolvidas no esquema.
A primeira orientação era dizer aos beneficiários do INSS que o dinheiro seria devolvido e solicitar o prazo de 10 dias para o reembolso. Nos primeiros meses, alguns valores foram devolvidos. Só que, desde novembro de 2024, os funcionários eram orientados a estender o prazo, primeiro para 20 dias e, depois, para 30 dias, e os ressarcimentos ficaram menos frequentes.
Acima, reproduzimos ipsis litteris tópico publicado ontem, 12 de maio de 2025, pela Revista Timeline,
em seu canal do WhatsApp. O mesmo se aplica ao tópico abaixo, publicado hoje, 13 de maio de 2025.
CPMI
A oposição protocolou o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Mais da metade das assinaturas que possibilitaram o registro foi dada por parlamentares da base do governo, apesar de Lula ser contra a proposta.
No caso da Câmara, 223 deputados assinaram o pedido da CPMI do INSS. Desse total, 113 parlamentares fazem parte de partidos da base (50,67% das assinaturas). A sigla mais “rebelde” entre as que controlam ministérios é o União Brasil, com 35 adesões. O ranking segue com: PP (23); Republicanos (20); PSD (17); MDB (14); e PSB (4).
No Senado, o índice de parlamentares de partidos com ministérios que contrariaram a orientação do Planalto e assinaram o pedido de CPMI é semelhante, 52%. Quem lidera o ranking de adesão governista é o PP, com 5 assinaturas. Em seguida, estão: Republicanos e União Brasil, com 4 cada; PSD (3); PSB (2); e MDB (1).
O requerimento da CPMI do INSS foi protocolado com articulação da deputada Coronel Fernanda (PL–MT) e da senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Nos bastidores, a oposição aguarda que o pedido seja lido no dia 27 de maio. É essa a data para a qual o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, convocou uma sessão do Congresso.
Só que o presidente do Senado, que acompanhou Lula em três viagens internacionais no último mês e meio, não se comprometeu a fazer a leitura do requerimento para instalação da CPMI do INSS. Pelo regimento, a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito é automática, desde que conte com o apoio de 1/3 dos deputados e senadores, mas a leitura em plenário é necessária.
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Notas da editoria:
Imagem da capa: Barris de prata (1897), do artista norte-americano Victor Dubreuil (1846 – 1946).