Jingles inesquecíveis, mas evitáveis

Radio

A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa.
George Orwell (1903 – 1950)

Notas da editoria



Recentemente recebi diversos jingles pelo WhatsApp com uma única mensagem finalizando a relação de tais anexos: “Publique-os na Cultura de Fato”! Imediatamente pensei: Não! Não estão relacionados aos objetivos do website. Contudo, agradeci e fui assisti-los e ouvi-los. Gosto muito deste tipo de marketing.

O primeiro deles pertencia a antiga e extinta companhia aérea VASP. Além de uma letra belamente poética, certamente expunha imagens das quais buscavam ancorar a segurança de uma viagem aérea ao “porto seguro” da família.

O segundo era um inesquecível jingle natalino, o qual surpreendentemente não expunha soldados de chumbo ou pilhas de presentes, ao contrário, um dos refrões remetia ao verdadeiro significado desta data, dizia: “Mensagem de amor e paz. Nasceu Jesus, chegou Natal”. Dependendo de sua idade, talvez mentalmente você já esteja “escutando” o resto da obra. Trata-se de um dos muitos memoráveis comerciais da também memorável “Estrela Brasileira”, ou seja, a Varig.

Na sequencia havia apenas áudios. Um deles foi o responsável por popularizar os Cobertores Parahyba, cantarolava: “Já é hora de dormir, não espere mamãe chamar”, o outro estava associado ao horário oposto, iniciava com o coro: “depois de um sono bom”, e poucos refrões à frente deixava célebre a marca com os dizeres: “é o Café Seleto, que a mamãe prepara com todo o carinho”.

Assim, antes de atingir a propaganda da Margarina Doriana (áudio que também recebi), eu já tinha contabilizado três jingles vinculados com a família tradicional e um associado ao cristianismo. Portanto, eu estava enganado.

Os jingles são úteis para muitos dos contextos da Cultura de Fato. Afinal, foram — e de certo modo ainda são — populares, agradáveis e remetentes carinhosamente aos respectivos produtos, por consequência provocam questionamentos como: criar algo agradável ao maior número de pessoas é o grande mal do capitalismo? Claro que não! Então, se tais propagandas ainda são pujantes, por quais motivos tais temáticas são evitadas? Será o marxismo cultural algo atuante no setor de marketing? A propaganda deixou de ser a alma do negócio e passou a ser a alma de uma nova ordem? Se suas respostas forem negativas, talvez você considere métodos atualmente em voga mais marcantes e prefira, por exemplo, as técnicas que serão utilizadas no próximo mês. Em junho, nas redes sociais, veremos empresas substituindo logotipos originais por variantes tão coloridas quanto os arco-íris. Aguarde!


Por Eric M. Rabello.




VASP (1976), criado por Théo de Barros:




Jingle natalino da Varig, criado em 1963 por Caetano Zamma (1935 -2010):




Subir Cobertores Parahyba (1961). Arranjo de Érlon Chaves (1933 – 1974) e voz de Lourdinha Pereira:




Subir Café Seleto (1974), por Archimedes Messina (1932 – 2017) com arranjo de Théo de Barros na voz de Clélia Simone:




Subir Margarina Doriana (1984), criação de Crispin Del Cistia e João Derado:


Recebidos pelo WhatsApp, não mencionados no artigo, mas inesquecíveis:




Bala de Leite Kids (1978), por Renato Teixeira, Sérgio Mineiro (1947 – 2015) e Sérgio Campanelli:




Banco Bamerindus (bolero), por Milce Junqueira, Fernando Rodrigues, Fernando Leite e Oscar Colucci:




Banco Bamerindus (tarantella), por Milce Junqueira, Fernando Rodrigues, Fernando Leite e Oscar Colucci:




Banco Nacional (Natal, criado em 1975), por Édison Borges Abrantes:




Big Mac (McDonald’s, 1987). Para mais detalhes, clique aqui.




Bubbaloo Banana. Paródia da música “The Banana Boat Song“, na famosa interpretação de Harry Belafonte:




Casas Pernambucanas (Inverno, criado em 1962), por Heitor Carillo:




Chevrolet (No silêncio de um Chevrollet, década de 1980), por Zé Rodrix (1947 – 2009):




Coca-Cola (Coca-Cola é isso aí, 1987), agência McCann Erickson:




Cornetto (criado em 1979, comercial veiculado incialmente em 1984), agência McCann Erickson:




Cremogema (1975), por Carlos Nilson Batista Chaves:




Danoninho (1988), por Luiz Orquestra:




DDDrin (1977), por Maugeri Neto:




Drops Kids Hortelã (1979), por Renato Teixeira:




Ducha Corona (1972), por Francis Monteiro:




Gelol (1984), por José Luiz Nammur:




Grapette (1959), por Heitor Carillo:




Groselha Vitaminada Milani (1975), por Edison Borges de Abrantes:




Guaraná Antártica (Pipoca na panela, criado em 1991), por César Brunetti (1948 – 2015):




Guaraná Antártica (Pizza com Guaraná, criado em 1991), por César Brunetti (1948 – 2015):




Kolynos (1979), por Diógenes Budney e Olavo Budney:




Lojas Arapuã (1993), por Luca Salvia:




Mappin (1982), por Tereza Souza e Nelson Ayres:




Pomarola (1988), por Crispin Del Cistia, César Brunetti (1948 – 2015) e Sérgio Mineiro (1947 – 2015):




Sanador (1979), por Francis Monteiro:




Shelton Lights (Aeroporto, criado em 1982), por Sérgio Toni (? – 2021) e Ana Carmem Longobardi:




Soda Limonada Antarctica (1986), por Crispin Del Cistia, Sérgio Campanelli, Márcio Werneck Muniz e Sérgio Mineiro (1947 – 2015):




Sonrisal (1982), por Renato Teixeira:




Suflair (1981), por Édison Borges Abrantes:




Varig (60 Anos, veiculado em 1987), por Archimedes Messina (1932 – 2017):




Varig (Itália, 1981), por Archimedes Messina (1932 – 2017):




Varig (Destinos nacionais), por Archimedes Messina (1932 – 2017):




Varig (Japão, criado em 1968), por Archimedes Messina (1932 – 2017) com bases em fábula japonesa:




Varig (Paris, 1981), por Archimedes Messina (1932 – 2017):




Varig (Rio Grande do Sul, 1972), por Archimedes Messina (1932 – 2017):




Varig (Santa Catarina, 1972), por Archimedes Messina (1932 – 2017):




Subir com fundo cinza Notas da editoria:

1. Este artigo foi originalmente publicado neste website em 4 de agosto de 2020. A data de 28 de maio de 2024 corresponde à última edição.

2. A imagem associada a esta publicação (topo Subir com fundo cinza) denomina-se Radio. Para mais informações, clique aqui.


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