Postagens selecionadas do Telegram (março de 2023)

“Paper Airplanes” (2018), por Michael Creese.

* Títulos nossos



1. Ingrata felicidade


Há uns 10 anos eu li esta máxima do Nelson Rodrigues e não entendi muito bem, que é a seguinte:

Aos 18 anos o homem não sabe nem como se diz bom dia a uma mulher. Todo homem deveria nascer com 30 anos feitos.

Hoje consigo entender perfeitamente. Eu não sei como conseguem romantizar essa coisa de “juventude”. E aqui não me refiro a uma geração de jovens, mas a ser jovem mesmo. Juventude é uma bosta, uma desgraça, uma insensatez, uma loucura. Tudo é confuso e nebuloso, mas se se comporta com aqueles ares de certeza inquebrantável que só o tempo é capaz de dissuadir.

Nelson Rodrigues era exagerado em algumas coisas, mas acertou quanto a se ser jovem, sobretudo quando recomendou: jovens, envelheçam! Envelheçam depressa, deixem de ser jovens o mais depressa possível, isto é um azar, uma infelicidade.

Ingrata infelicidade.


Escrito por Cassiano Filarde.
Publicado no canal privado de Patrícia Castro, em 22 de Março de 2023.



2. Quando o ódio anticristão entra em cena


Eu estava em determinado lugar onde a Rede Globo estava ligada. Sim, o veículo de mídia que carrega a culpa pela maior destruição já feita à ética, aos bons costumes, aos valores familiares dentro desse país.

Cinicamente, estava dando lugar para cantores da “música Gospel” e, aparentemente, abrindo espaço para a mensagem do Evangelho de Jesus.

Como pode de uma mesma fonte jorrar água salgada e doce ao mesmo tempo?

Controle Remoto (Pequeno)Não se deixem enganar! Nada tem potencial tão destruidor do que a palavra de Deus deturpada.

O que faz do Evangelho algo odiado não são as suas palavras de amor, contidas, por exemplo, nos discursos de Jesus no chamado Sermão do Monte. O que o Sistema nunca tolerou e jamais estará disposto a aceitar é a reivindicação de divindade feita por Jesus e reproduzida pelos cristãos ao longo dos séculos.

Um Jesus que não passa de mais um mestre, ainda que o mais elevado dentre eles, e que se coloca numa galeria junto com Buda, Gandhi, Maomé, como sendo apenas um dos veículos da mensagem de Deus na Terra será, não somente tolerado, mas louvado e propagado.

A partir do momento, todavia, em que a pregação se encaminha para a exclusividade, o ódio anticristão entra em cena. Quando Jesus deixa de ser mais um para ser O ÚNICO caminho, Aquele que tem a palavra final e definitiva sobre a vontade de Deus para os homens, o inferno se enfurece.

Qualquer um, por mais doces e agradáveis que sejam suas palavras, que negue que Jesus é Deus está desencaminhando pessoas para a estrada da perdição.


Escrito por Rodrigo Campello.
Publicado no canal do autor em 9 de março de 2023.



3. Qual a ordem de leitura ideal para se ler os Diálogos de Platão?


Nos últimos dias, coincidentemente, tenho visto algumas pessoas iniciando seus estudos em Platão e perguntando-se acerca da fatídica ordem de leitura dos Diálogos. Sendo assim, resolvi oferecer algumas sugestões — completamente pessoais e longe de ser regras — a este respeito:

  1. Não há ordem definitiva para a leitura dos diálogos platônicos. Há, porém, certos diálogos que se lê sempre primeiro, outros sempre por último e outros sempre juntos. Fujam das listas prontas, quase sempre completamente invertidas.
  2. O corpus platonicum é convencionalmente dividido em três partes: os chamados escritos da juventude, intermediários e da velhice. A obra de Platão não segue um desenvolvimento linear e cronológico, mas manter ao menos esta sequência (ler primeiro os da juventude, depois os intermediários e, por fim, os da velhice) pode ser uma referência utilizável quando se vai lê-los pela primeira vez. Quanto a esta divisão, porém, também não há concordância geral entre os historiadores, não sendo portanto definitiva e não passando de uma aproximação (assim como a questão da autenticidade de diversos diálogos já deu muito pano para manga).
  3. Montar, aos poucos, sua própria lista, pesquisando um pouquinho sobre cada diálogo, lendo sinopses, sem preocupações com um rigor excessivo, será por si só parte do estudo e de sua relação com a obra platônica. No mais, um estudo sério nos obrigará a retornar muitas vezes aos diálogos, intercaladamente e em novas conexões entre eles, de modo que a ordem da nossa primeira leitura importará menos do que a perseverança em fazê-la de uma vez.
  4. Esta primeira leitura deve ser igualmente “despreocupada”, sem a pretensão de se compreender tudo logo de cara, o que é impossível, mas voltada principalmente ao estilo da escrita de Platão, às sutilezas do texto, às ironias, às nuances, à construção psicológica dos personagens, à diferença de “clima” entre os diálogos, e assim por diante. Deixe os livros dos comentadores para depois; as primeiras impressões “puras” que temos ao ler esse tipo de literatura, as imagens que mais nos tocam e nos falam, são muito importantes, e indicam geralmente os nossos pontos de maior interesse.
  5. Antes de partir para os diálogos em si, seria muito importante um primeiro contato com a história da filosofia dos pré-socráticos até o próprio Platão, de modo a compreender o contexto desde o qual ele realiza sua filosofia e do quê, exatamente, está falando (recomendo os primeiros volumes da História da Filosofia Grega e Romana, de Giovanni Reale, ele mesmo um dos maiores platonistas da nossa época). Quanto maior o contato com os clássicos da cultura grega (ao menos Homero e Hesíodo), melhor.
  6. A melhor tradução brasileira dos diálogos platônicos (e de qualquer coisa escrita em grego) é, ao meu ver, de longe, a de Carlos Alberto Nunes. Em geral, principalmente se for necessário ler outras traduções, cuidado com as notas de rodapé. No caso da tradução de Edson Bini (Edipro), RASGUEM as notas de rodapé, que vão de Platão machista a reformador comunista. Também sugiro pular os ensaios introdutórios e lê-los, no máximo, depois do diálogo, sempre com as devidas ressalvas (são geralmente produtos do academicismo moderno, cheios de anacronismos e outras incompreensões).

Por fim, segue a ordem na qual eu mesmo li os diálogos platônicos pela primeira vez, não como lista a ser seguida, mas apenas como exemplo. Muitos diálogos, ali, poderiam certamente ser lidos em outra ordem, de acordo com a referência preferencial do leitor. Quanto aos primeiros e aos últimos, e aos agrupamentos de alguns deles, acredito que estejam em uma boa disposição:

  • Apologia de Sócrates
  • Críton
  • Laques
  • Eutífron
  • Cármides
  • Lísis
  • Hípias Maior
  • Hípias Menor
  • Primeiro Alcibíades
  • Segundo Alcibíades
  • Íon
  • Protágoras
  • Mênon
  • Eutidemo
  • Menexeno
  • Crátilo
  • Teeteto
  • Górgias
  • Fédon
  • República
  • Banquete
  • Fedro
  • Sofista
  • Político
  • Parmênides
  • Filebo
  • Timeu
  • Crítias
  • Leis
  • Carta VII

Quaisquer dúvidas ou questões, estejam à vontade para entrar em contato. Bons estudos!


Escrito por Daniel Marcondes.
O autor também está no YouTube e no Telegram.



4. A essência imutável da moda


Quando uma mulher se veste de modo elegante, ela não está apenas demonstrando que tem classe, mas combatendo a cultura do cadelismo e negando a glamourização do grotesco. Quem veste a filha com roupas que erotizam o corpo da criança, não está apenas demonstrando que tem um gosto vulgar, mas incentivando a cultura pedófila e fragilizando a infância.

Moda RidículaA essência imutável da moda é esta: o que se quer vender, se mostra; e o que se quer manter, se oculta. Essa regra vale desde para uma peça clássica da Channel até para os desvairados parangolés que vemos nos atuais desfiles de moda.

É preciso saber o que se deseja mostrar. Elegância? Feiura? Protesto? Desejo de dar? Recato? Status social? Rebeldia? Poder? Riqueza? Para cada objetivo do usuário – objetivo consciente ou não – há uma roupa correspondente. E, quer o usuário goste ou não, o recado será dado pelo tipo de roupa, e não de acordo com o que o usuário acha particularmente daquela roupa.

Pode-se argumentar: “E como avaliar os que não estão nem aí para o tipo de roupa que usam? Conheço gente que é desleixada e veste qualquer coisa”. Na própria pergunta já está a decodificação: a pessoa passa, por meio de suas roupas, a impressão de que é descuidada e relaxada, e de que aceita qualquer coisa; e passa essa mensagem com tal eficiência que, até aqueles que tentam defendê-la, não deixam de citar seu relaxo e seu descuido.

E as prostitutas de altíssimo nível que só usam vestidos clássicos de grife? Ora, ao se camuflarem de mulheres respeitáveis da alta classe, demonstram que dominam os códigos de vestimenta, pois estão passando a clara mensagem de que são destinadas aos milionários, e que não são para o bico dos pobres. Roupa é, e continuará sendo, uma forma de linguagem.


Escrito por Marco Frenette.
Publicado no canal privado de Patrícia Castro, em 16 de Março de 2023.



5. Queima de arquivo?


Apenas documentos foram destruídos, em meio aos esforços para a instalação de uma CPI para investigar se houve participação do governo petista nos protestos de 8 de janeiro. Esse é um exemplo em que há a obrigação séria e grave do jornalismo realmente independente questionar e insinuar uma suspeita que está materialmente presente no fato.

Incêndio atinge prédio do Comando da Marinha em Brasília, sem deixar vítimas: https://www.campograndenoticias.com.br/incendio-atinge-predio-do-comando-da-marinha-em-brasilia-sem-deixar-vitimas/.

Extraído do canal de Cristian Derosa.
Publicado em 19 de março de 2023.



6. O ceticismo, o agnosticismo e seus frutos


O QI médio do brasileiro caiu e muito nos últimos anos com a infiltração dos marxistas nas escolas e universidades brasileiras, especialmente, a partir dos anos 60. Em 1967, o filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos foi ignorado pela “elite intelectual brasileira” que é mestra em querer ofuscar qualquer pessoa que se destaque pelo pensamento da alta cultura. Mário Ferreira dos Santos, assim como o professor Olavo de Carvalho, foram profetas antecipando em décadas a decadência social dos anos que viriam em razão da invasão vertical dos bárbaros modernos que, vestindo roupas de nobres, ignoraram propositalmente os princípios universais e absolutos do cristianismo para colocar no seu lugar um discurso politicamente correto fétido, pernicioso e decadente.

Leia abaixo um trechinho do seu livro onde ele desmascara os professores analfabetos funcionais que sorrateiramente corromperam os nossos jovens até chegar no ponto em que eles relativizam a beleza, a verdade e duvidam até mesmo da própria sexualidade:

O ceticismo e o agnosticismo produziram os seus frutos. Há legiões de professores céticos e agnósticos, que dizem que nada podemos saber dos primeiros princípios. Que eles não possam saber não duvidamos e aceitamos como verdade, mas que ninguém possa saber é mentira. Não tem esses senhores o direito de levar a sua petulância e temeridade a ponto de julgar que os outros todos são como eles. Não lhes cabe o direito de fazer informações tão categóricas em matéria que de antemão eles reconhecem que nada sabem.

Obra “Dom Quixote de La Mancha”, criada pelo pintor dinamarquês Nikolaj Wilhelm-Marstrand (1810 - 1873). Tamanho pequeno.Onde está a prova de que estudaram um assunto? Não conhecemos nenhuma nem ninguém conhece nenhum que tenha dedicado o seu tempo a estudar aqueles que realmente trataram dos primeiros princípios e também dos últimos. São eles ignorantes sobre as obras mestras que se dedicaram a essa matéria. Nem por ouvir dizer eles as conhecem. Ignoram até os nomes dos principais autores. Nunca se debruçaram a analisá-las, nem cremos que seriam capazes de fazê-lo devido a fraca mente filosófica de que dispõem, o que não nos favoreceria nenhum progresso. Seria mister que começassem desde o princípio ao bê-á-bá da filosofia, pois desconhecem a lógica formal, a material, a demonstrativa, a dialética no bom sentido, a matese, a ontologia, etc. Nada estudaram de crítica, porque se tivessem estudado não defenderiam ideias falsas já ultrapassadas por milênios, refutadas totalmente, que se reavivam em suas mãos.

Esses homens não aceitam o debate com os que lhes poderiam pôr a mostra a sua ignorância palmar. E, se o aceitam, fogem pelas portas falsas da piada ou das desculpas ridículas, deplorando a fraqueza da mente humana para entender o mais elevado, razão pela qual é melhor suspender os juízos porque nós nada podemos saber, por nos estar vedado para sempre o conhecimento dos primeiros princípios, cujas leis regem todas as esferas da realidade.

O que esses senhores fazem simplesmente isto: mentem com toda língua, com todas as cordas vocais, com todos os dentes naturais ou postiços, com a gengivas, com o sopro, com gestos, com tudo, mentem e provam que nada conhecem do assunto, mas como o ocupam postos que dão uma presunção de que realmente são sábios, podem, então, aproveitando-se da ignorância natural e desculpável da juventude, instilar o seu veneno cético o agnóstico. Pretendem assim fechar para sempre as portas por onde os jovens, que serão cientistas e técnicos de amanhã poderiam enveredar e encontrar apoio sólido para os seus estudos, e também encontrar linguagem universal que os uniria aos companheiros, evitando que, ao tornarem-se especialistas, não contenham o necessário grau de universalidade, que lhes permita ser um afim daqueles que seguem caminhos outros. Nesse caso, os sábios se entenderiam. Mas que sucederia se cientistas e técnicos se entendessem?

Aqui é o ponto crucial os cesariocratas de nossa época sabem muito bem que esse perigo é terrível e o que desenvolveremos nos tópicos a seguir.


Publicado no canal privado de Patrícia Castro, em 16 de Março de 2023.


Notas da editoria:

Imagem de capa: “Paper Airplanes” (2018), por Michael Creese.


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