A corrupção dos olhares

Obra: "Young Man at His Window" (1876), por Gustave Caillebotte (1848 - 1894)

* Texto originalmente publicado no canal do Telegram do autor



Nas primeiríssimas linhas da Metafísica, Aristóteles diz que, “(…) de fato, [os homens] amam as sensações por si mesmas, independentemente de sua utilidade, e, mais do que a todas, amam a sensação da visão (…). E o motivo está no fato de que a visão nos proporciona mais conhecimentos do que todas as outras sensações (…)”.

Ora, e não foi justamente a corrupção dos olhares um dos principais golpes da crise espiritual e intelectual que enfrentamos? Já não vemos a beleza do mundo natural, não contemplamos uma arte que nos eleve — principalmente a arte sacra —, homens e mulheres andam sexualizados até à loucura e fantasiando-se uns dos outros, a pornografia tornou-se comum… tudo o que é apresentado aos nossos olhos é para nos prender a este mundo e esconder-nos a transcendência, empanturrar-nos os sentidos e entorpecer-nos a inteligência.

Se os olhos são as janelas da alma, é através deles que controlamos grande parte do que a alimenta. Sem acertar isso, de nada nos valerá ter lido a filosofia inteira.


Por Daniel Marcondes
O autor está no Pingback e no Telegram


Nota da editoria:

Imagem da capa: “Young Man at His Window” (1876), por Gustave Caillebotte (1848 – 1894).


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