“Só existiu uma pessoa boa e esta disse que não era boa… Jesus Cristo disse que bom só o Pai.”,
Marco Aurélio (121 – 180): Imperador romano.
A festa do Santo Natal tem o privilégio — ao menos é a impressão pessoal que tenho — de interromper o tempo. Pode uma pessoa estar na situação aflitiva que estiver, chegando o Natal, abre-se como que um paredão e as desgraças ficam do outro lado. Bimbalham os sinos, o Natal começou! Cristo nasceu: alegria para todos os homens!
Uma alegria que não é a alegria vulgar do homem que fez um bom negócio, que venceu uma jogada política ou ganhou na loteria. Não. É uma alegria muito mais interna, muito mais leve, toda feita de luz. Enquanto as outras alegrias são feitas de coisas palpáveis e de segunda ordem, a alegria própria ao Natal é toda feita de luz — é o Lumen Christi, a luz de Nosso Senhor Jesus Cristo que brilhou na Terra na noite de Natal. Luz que nunca mais, de ano em ano, deixou de brilhar, trazendo uma verdadeira alegria, uma verdadeira paz de alma até para as pessoas mais atormentadas.
No meu tempo de menino, a noite de Natal era um hiato luminoso, cheio de algo que não se consegue descrever, mas que todos sentiam: era aquela suavidade, aquela paz, aquela doçura que dava a impressão de que todo o céu estrelado da noite estava como que impregnando a Terra de perfumes. Os sinos tocavam, o som se espalhava e o júbilo impregnava até os jardins. Era uma alegria enorme que circundava todos os homens, porque Cristo nasceu, nasceu em Belém!
Escrito por Plinio Corrêa de Oliveira (1908 – 1995).
Publicado originalmente pela Revista Catolicismo, em dezembro de 2011.