Liberdade sexual ou escravidão pelo desejo?

Obra: "A Primavera" (1477 – 1482), de Sandro Botticelli (1445 - 1510).

Eu descobri em mim mesmo desejos dos quais nada nesta Terra pode satisfazer.
A única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo.

C. S. Lewis (1898 – 1963)


Não deixe de ouvir excerto de aula disponível no término desta postagem.


É ingenuidade imaginar que na maior liberação sexual está o segredo para mais felicidade.

Diversifique os parceiros, multiplique as possibilidades, sexualize as músicas, as conversas e todas as manifestações culturais, no final das contas é como tentar saciar a fome enchendo o estômago de água — a fome vai permanecer e, junto com ela, virá o enfastio pelo excesso de água…

É que a fome da alma é de infinito e, num certo sentido, sexo é só sexo. Por mais que envolva prazer e beleza, não pode ser mais do que o que foi feito para ser. Ainda que, como todas as belezas e todos os prazeres, seja um reflexo daquele que É, não pode substituí-lo. Tentar usar o sexo para satisfazer o anseio de infinito é um esforço infrutífero.

Os glutões não encontram no excesso de comida a satisfação que procuram, nem os beberrões o fazem na bebida. Apenas deformam seus corpos, almas e relacionamentos ao elevar comida ou bebida à uma posição acima do propósito original desses elementos. Assim também é com o sexo: tente tirar dele mais do que ele pode oferecer e o resultado é deformação e maior infelicidade.

Casamento (cantos esfumaçados).Não é à toa que especialistas em nutrição recomendam uma série de cuidados com a alimentação. Não é porque você sente vontade de comer todos os chocolates da caixa que deve fazê-lo. Também não seria saudável atacar a geladeira na madrugada só porque seu desejo por comida é intenso. E se os especialistas em sexualidade estão dizendo para quebrar todas as barreiras na área sexual, em nome da satisfação dos seus desejos, é porque não entendem nem um pouco sobre quem é o ser humano – lhes falta uma antropologia consistente ao pensar o ser humano em categorias animalescas.

Como papagaios treinados, tais “especialistas” repetem as palavras de ordem que agradam aos ouvidos de uma geração cada vez mais deformada pela exaltação de desejos escravizadores — a geração mais infeliz de todos os tempos: “faça o que lhe dá prazer! Siga seus desejos”. Mas depois não sabem ensinar a conviver com o vazio da alma.

Nem terapias, nem todas as drogas do mundo poderão amenizar a dor de existir tão deformado e distante do propósito para o qual você foi feito.


Por Noeme Rodrigues de Souza Campos.
Publicado originalmente no website da Editora Ultimato, em 10 de fevereiro de 2021.


Nota da editoria:

Imagem da capa: “A Primavera” (1477 – 1482), por Sandro Botticelli (1445 – 1510).




Subir Em complemento, ouça Olavo de Carvalho expondo realidades comumente ignoradas sobre relações sexuais:


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