O axioma do viés de confirmação

Obra de Ben Heine.

O desejo imoderado de subir socialmente muito acima das próprias capacidades intelectuais é uma doença mental
grave que só pode ser curada mediante a devolução do doente ao lugar modesto que lhe cabe naturalmente na
hierarquia dos méritos e poderes. No Brasil essa doença tornou-se endêmica e requer uma ação firme e
urgente antes que a presença dessas pessoas nos altos postos leve o país à catástrofe.
Não existe o direito à incompetência presunçosa, ao fracasso arrogante, ao desastre triunfal.
Olavo de Carvalho (1947 – 2022)



Reiteradas vezes, tenho dito e escrito que, nesse novo mundo de uma “nova consciência progressista”, da pós-verdade, os vícios do fracasso são enaltecidos ao limite e se sobrepõem em muito às virtudes do sucesso. Uma tendência “moderna” que tem saltado aos meus pequenos olhos se refere a uma glamourização desse mesmo fracasso.

O mundo parece ter se metamorfoseado em um palco sombrio, dantesco, para a encenação de insucessos, dores, angústias, injustiças e, claro, um Everest de lamentações e do lado negro do sentimentalismo. Nada mais natural. O “progressista” da hora é sempre algo que faça chocar e, portanto, aquilo que arrebata o interesse, a atenção e as emoções baratas de plebeus.

 O “progressista” da hora é sempre algo que faça chocar e, portanto, aquilo que arrebata o interesse, a atenção e as emoções baratas de plebeus.

Histórias de homens  e mulheres membros do grupo LGBTQIA+… — que fracassaram para, posteriormente, alcançarem a fama e o poder, “comuns” que comeram o pão que o diabo amassou e depois prosperaram, enfim, indivíduos que tentaram “milhões” de vezes até vencerem, a apoteose de “artistas” descendentes da cena popular, tudo isso e muito mais tornaram-se exímios ativadores de fortes emoções, choros, comoções e paixões.

Pergunto-me, primeiro, se tal processo sequencial é compulsório; segundo, se correlação é causalidade e, terceiro, se tem de ser assim. Pois é. O que vale hoje, e que deve ser publicizado efusivamente, são os sentimentos. Eu abomino sentimentalismo barato, mas estamos mergulhados nesta “nova era romântica”!

Com tal nova consciência, desimportante é a verdade – tem valor, trivialmente, aquele que diz. Primeiro vem a decisão; depois, em algumas situações, o veredicto.

A lista de situações recentes que recaem sobre essa regra é vasta. A verdade objetiva das coisas, assim como os incentivos, estão de cabeça para baixo. A pura emoção, trajada sob o véu da verdade, transformou-se na verdade — embusteira. A mentira passa a ser aceita sem nenhum rigor, acriticamente, pelo simples desejo e vontade da turma dos “modernos progressistas”. E o pior é que tem colado… Afinal de contas, a trupe progressista controla todas as instituições!

Ligue a TV, o rádio, e comprovarás com teus próprios olhos e/ou ouvidos o que a ex-mídia, torcida organizada progressista, decreta como verdade, mesmo tendo que exercitar orgias mentais, a fim de contornar as farsas e os deslizes de seus companheiros.

É importante frisar, como tenho feito, que a galera do “progresso” domina o nascedouro das falácias, das “embustices”, das falsidades e das frivolidades: a universidade. Justamente em função disso é que os momentosos temas de pesquisa atuais são grotescos e risíveis, inúteis para a realidade pragmática, e as falsas “teorias” tomaram o lugar das verdadeiras teorias, aquelas que factualmente, até o momento, são irrefutáveis.

As “teorias vermelhas” são irrefutáveis, uma vez que não se deseja e/ou não se deixa que estas sejam contestadas.

Na verdade, tais “teorias” são meras vontades, fruto de desejos e de interesses ideológicos. A ciência com “C” grande se escafedeu, tomando o seu lugar o sectarismo ideológico, em que as vontades e os sentimentos fazem o impossível para transmutar a razão e o conhecimento factual. Incontáveis são as bobagens disfarçadas de ciência que circulam por aí!

As teorias com “T” maiúsculo são aquelas que exigem e resistem à refutação, algo inexistente para as “teorias vermelhas”. Nenhuma novidade, tristemente. Nesta nova era de uma “nova consciência”, o que se vê e o que não se vê, é somente o famoso viés de confirmação. Em todas as instâncias, só se interpreta, se pesquisa e se afirma aquilo que vai ao encontro de crenças e/ou de hipóteses rigorosamente alinhadas à ideologia coletivista, aquela que se deseja confirmar, custe o que custar.


Por Alex Pipkin.

Publicado originalmente no website do Instituto Liberal,
em 22 de Fevereiro de 2024.


Nota da editoria:

Imagem da capa por Ben Heine.


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