Triunfo da cruz

Obra: "Cristo carregando a cruz" (aprox. 1565), de Ticiano Vecellio (1490–1576).

Trechos da matéria de capa da Revista Catolicismo de março de 2024



Apesar das proibições reiteradas do Sinédrio, continuaram os apóstolos a pregar a Ressurreição de Jesus, o que trouxe consigo uma perseguição sangrenta que durou três anos.

O diácono Estêvão, poderoso em obras e palavras, tendo confundido todos os doutores da Lei, foi acusado de blasfemo e apedrejado pelos malfeitores. Mas, em vez de deter os progressos da Igreja, o sangue daquele primeiro mártir foi uma semente fecunda de cristãos. Enquanto os apóstolos defendiam em Jerusalém o rebanho de Cristo, muitos discípulos, espraiando-se pelas províncias, formaram novas comunidades na Judéia, na Samaria, na Galileia e até em Cesareia e Damasco.


Jesus desconcertava os fariseus


À vista de tal resultado, já não conheceu limites a cólera dos perseguidores. Um fariseu, de nome Saulo, homem de grande inteligência e indomável energia, tomou a peito destruir a Igreja de Deus. Dirigia-se um dia para Damasco a fim de algemar e levar para Jerusalém os discípulos do Crucificado. Mas eis que, ao avizinhar-se da cidade, se vê de repente envolvido por uma luz celeste e cai fulminado no chão. E logo ouve uma voz que lhe diz:

— “Saulo, Saulo, por que Me persegues?”

— “Quem sois Vós, Senhor?”, perguntou ele.

— “Eu sou Jesus a Quem tu persegues”, continuou a voz.

— “Senhor, que quereis que eu faça?” (Act 9, 3-6).

E Saulo tornou-se o apóstolo Paulo, o convertedor das nações. Jesus desconcertava assim os fariseus, tomando-lhes os melhores recrutas para deles fazer os seus mais valentes soldados.


Expansão dos primeiros cristãos


Após três anos de perseguição, respirou a Igreja um momento, devido a terem desaparecido os deicidas mais célebres. O sumo-sacerdote Caifás, despojado do pontificado e, cheio de desespero, suicidou-se. Anás, seu sogro, desembaraçou-se também dos seus remorsos e da sua desonra por meio de um covarde suicídio. Pilatos, destituído pelo Imperador e exilado para Viena de França, suicidou-se também. Estes três principais atores no drama do Calvário, morreram como o traidor, de quem disse o Senhor:

“Mais lhe valera não ter nascido”.

Pedro aproveitou-se dos dias de paz para visitar o seu rebanho. No livro dos Atos dos Apóstolos vemo-lo pregando e fazendo prodígios em Lyda, Saron, Jope e Cesárea, onde batiza o centurião Cornélio com toda a sua família. Depois, resolvido a levar o Evangelho às nações, deixa Jerusalém e dirige-se para Antioquia, metrópole do Oriente, onde fixou a sua sede durante sete anos. Esta cidade de 500 mil almas, torna-se o centro de uma Igreja florescente e foi em Antioquia que os discípulos de Cristo tomaram o nome de Cristãos (Act 9, 31-35).

O Reino de Jesus tinha feito, em dois anos, imensos progressos. Da Palestina tinha passado à Síria e da Síria, devido às pregações de Pedro, atingira o Ponto, a Bitínia, a Capadócia, a Galácia e outras províncias da Ásia Menor. Quiseram os chefes dos judeus, a todo o custo, deter a expansão do cristianismo. No ano 42 estalou uma nova perseguição. O sobrinho de Herodes, Agripa, logo que se viu rei da Judéia, perseguiu os cristãos. Muitos foram encarcerados.


Perseguições estenderam ainda mais o Evangelho


A Tiago Maior, irmão de João, cortaram a cabeça. Pedro, que voltou de Antioquia para fazer frente à tempestade, foi preso. O rei, tendo-o mandado prender no primeiro dia dos ázimos, anunciou que ele seria degolado diante de todo o povo, logo depois da festa da Páscoa. Jesus, porém, enviou do Céu um anjo que despertou Pedro na prisão e lhe abriu as portas e o conduziu para fora de Jerusalém. No dia seguinte, Agripa só encontrou as cadeias do apóstolo. Fugiu para Cesárea para lá ocultar a sua vergonha. Porém, Jesus seguiu-o. O perseguidor, ferido por uma horrível doença, expirou após alguns dias.

Esta segunda perseguição teve por efeito estender o Reino de Deus pelo mundo inteiro. Naquele mesmo ano de 42, estando já a Igreja solidamente estabelecida em Jerusalém e na Palestina, em Antioquia e nas regiões adjacentes, resolveram os apóstolos dispersar-se e levar o Evangelho às diversas nações da Terra.

Pedro enviou Matias à Cólquida, Judas Tadeu à Mesopotâmia, Simão à Líbia, Mateus à Etiópia, Bartolomeu à Armênia, Tomé à Índia, Filipe à Frígia, João a Éfeso. Paulo, o apóstolo das nações, devia evangelizar a Ásia Menor, a Macedónia e a Grécia. Quanto a Pedro, tomou o caminho de Roma, a cidade dos Césares, da qual queria Jesus fazer a cidade dos Pontífices. Tiago Menor, chamado o Justo, por causa da sua grande santidade, governou, na qualidade de Bispo de Jerusalém, as cristandades da Palestina.


Por Revista Catolicismo.
Trechos da matéria de capa da Revista Catolicismo de março de 2024.


Nota da editoria:

Imagem da capa: “Cristo carregando a cruz” (aprox. 1565), de Ticiano Vecellio (1490 – 1576).


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